Tiago Gomes de Souza, de 40 anos, foi preso após dar um chute no peito do idoso, de 77, na frente do neto dele, de 11, em Santos (SP). Preso por matar idoso com ‘voadora’ chorou em reconstituição do crime em Santos (SP)
Silvio Luiz/A Tribuna Jornal e Arquivo Pessoal
A Justiça de Santos, no litoral de São Paulo, marcou a primeira audiência de instrução e julgamento de Tiago Gomes de Souza, acusado de matar um idoso de 77 anos com uma ‘voadora’ no peito. Segundo o documento da decisão, obtido pelo g1, a sessão virtual foi agendada para 23 de setembro, às 14h.
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Tiago, de 40, foi preso por matar Cesar Fine Torresi enquanto o idoso atravessava a Rua Pirajá da Silva de mãos dadas com o neto, de 11, em 8 de junho. De acordo com boletim de ocorrência, o acusado dirigia um carro e freou bruscamente. A vítima apoiou as mãos sobre o capô do veículo, momento em que o motorista saiu do automóvel e a chutou no peito.
O juiz da Vara do Júri de Santos, Alexandre Betini, marcou a audiência e manteve a prisão preventiva de Tiago. Sendo assim, o acusado participará da sessão virtual diretamente da Penitenciária 2 de Tremembé (SP), conhecida por receber presos de crimes de grande repercussão.
Câmera de monitoramento registra homem dando a ‘voadora’ que matou idoso
À equipe de reportagem, o advogado Eugênio Malavasi, que representa Tiago, explicou que a audiência de instrução e julgamento consiste em ouvir as testemunhas da defesa e acusação. “Se todas estiverem presentes, ele [acusado] será interrogado ao final”, explicou.
Ao todo, de acordo com o processo judicial, foram intimadas 12 testemunhas. Destas, seis foram apresentadas pela acusação e outras seis pela defesa. Confira abaixo quem são:
Acusação
O filho do idoso e pai do menino, de 11 anos, que acompanhava o avô
Uma testemunha que relatou ter visto o momento em que o acusado saiu do veículo, correu até Cesar e o agrediu com uma ‘voadora’ na altura do peito
Uma pessoa que tentou evitar que um morador em situação de rua agredisse Tiago, mas acabou não conseguindo intervir porque outros populares apareceram para atacá-lo. Ela disse, ainda, que viu a vítima caída no chão e o acusado sendo preso
O homem que acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) após ver Tiago dando a ‘voadora’ no peito de Cesar, que caiu e bateu a cabeça no chão. Ele alegou que o acusado tentou prestar socorro, mas foi impedido ao ser agredido por testemunhas e correr para se proteger dentro de um mercado
Dois policiais militares que foram acionados para atender a ocorrência
Defesa
A mãe de Tiago
A esposa do acusado
Outras quatro pessoas foram intimadas, mas não tiveram as qualificações citadas no processo judicial
O g1 tentou contato, mas não localizou os advogados de acusação.
Tiago Gomes Souza, de 40 anos, que deu a ‘voadora’ em idoso, chorou na reconstituição do crime em Santos (SP)
Matheus Croce/TV Tribuna
O caso
De acordo com o boletim de ocorrência, a criança relatou ao pai — filho da vítima — que ela e o avô atravessavam a Rua Pirajá da Silva entre os carros, na tarde de 8 de junho, porque o trânsito estava parado.
De repente, segundo o menino, um carro avançou na direção deles, freou bruscamente e o idoso se apoiou no capô, sem causar danos. No momento em que a vítima e o neto terminaram de atravessar, o motorista foi até eles a pé e deu a ‘voadora’, um chute no peito do homem.
A Polícia Militar (PM) foi acionada e, ao chegar no local, viu que o idoso era atendido pelo Samu. A vítima estava desacordada e foi encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Zona Leste, onde foi intubada, teve três paradas cardíacas e não resistiu.
Reconstituição
Motorista que deu ‘voadora’ em idoso que morreu após a agressão chorou durante reconstituição do crime
Brenda Bento/g1
Uma reconstituição do crime foi feita em 13 de junho para auxiliar a investigação. Na ocasião, Tiago chorou, se ajoelhou no chão e pediu desculpas. Ele ainda alegou ter sofrido um ‘ataque de fúria’ diante da atitude da vítima em adverti-lo por ter avançado com o carro contra ela e o neto.
Ele relatou à polícia que não teve a percepção se havia machucado ou não o idoso quando ‘avançou’ com o veículo. Ainda de acordo com o suspeito, a vítima e o neto continuaram a caminhar após a ‘discussão’.
Flagrante da agressão
Uma câmera de monitoramento registrou Tiago Gomes de Souza no momento em que agrediu o idoso. O vídeo obtido pelo g1 é a primeira imagem que a Polícia Civil recebeu do caso (assista no vídeo acima).
Nas imagens é possível ver o momento em que o idoso foi agredido pelo empresário. No entanto, por causa da distância da localização da câmera e do local da agressão, não há detalhes suficientes de como o crime foi praticado.
Imagem mostra momento em que homem desfere ‘voadora’ que matou idoso, em Santos (SP)
Reprodução
De acordo com o vídeo, Tiago corre em direção ao idoso, passa por cima do canteiro e golpeia a vítima. Ele afirmou à polícia, durante a reconstituição do crime, que acertou o idoso abaixo do quadril. A versão, segundo a delegada Liliane Doretto, não é compatível com o laudo preliminar da causa da morte.
Na ocasião da reconstituição, o advogado de Tiago, Eugênio Malavasi, afirmou que se o laudo necroscópico apontar a morte da vítima por TCE, a versão do cliente ganha força. “Afirmou em solo policial que o chute foi no quadril […]. Assim, a prova técnica corrobora com a versão dada”, explicou.
Pedidos negados
Após a audiência de custódia em que a prisão em flagrante foi convertida para preventiva, Malavasi, solicitou habeas corpus para “concessão da liberdade do acusado pela ausência de fundamentos da prisão, que pode ser substituída por medidas cautelares diversas”. A liminar foi negada pela Justiça.
Dias depois, a defesa entrou com um novo pedido de habeas corpus para converter a prisão preventiva em domiciliar, que também foi negado. No documento, obtido pelo g1, os advogados alegam que o cliente tem transtornos bipolar, depressão e usa medicações para o tratamento.
Quem era a vítima?
Cesar Torresi morreu após levar ‘voadora’ na altura do peito em Santos (SP)
Arquivo Pessoal e Reprodução/Redes Sociais
O filho do idoso, Bruno Cesar Fine Torresi, contou à equipe de reportagem que o pai era divorciado e morava em Santo André, tendo como costume visitar os três filhos e seis netos, que moram em Santos, Sorocaba e Jundiaí.
“Nesse final de semana meu pai veio nos visitar e estava indo ao shopping passear com meu filho de mãos dadas. […] A rotina dele era visitar os três [filhos] em cada cidade, pegando os netos e passeando com todos eles”, afirmou Bruno.
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