Os ambientes domésticos são responsáveis por 77% dos acidentes. Os pacientes são atendimento via SUS, por meio do Hospital Padre Albino em Catanduva (SP). Pacientes recebem atendimento na Unidade de Tratamento de Queimados em Catanduva (SP)
Divulgação / Fundação Padre Albino
O número de internações de janeiro a junho deste ano cresceu 65,48% na Unidade para Tratamento de Queimados (UTQ) do Hospital Padre Albino (HPA) de Catanduva (SP), se comparado aos 12 meses de 2023.
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Somente no primeiro semestre de 2024, foram 129 atendimentos, enquanto que, em 2023, ocorreram 197 internações. Os dados fazem parte do Relatório de Atividades da Fundação Padre Albino.
Em 2023, do total de internações, a unidade recebeu 49 pacientes dos 19 municípios da microrregião e 148 de outras localidades.
As maiores causas de internações são por chama direta, que é quando o fogo atinge diretamente o corpo.
Hospital Padre Albino em Catanduva (SP)
Divulgação / Fundação Padre Albino
Somente no primeiro semestre deste ano, foram 57 casos registrados, aumento de 64% se comparado com o total de acidentes registrados de janeiro a dezembro do ano passado. Outros casos de maior incidência aconteceram por agente químico, fontes de calor, eletricidade, por algum tipo de contato, por asfalto e por agentes líquidos.
Em entrevista ao g1, Luis Fernando Colla, diretor médico da instituição, explica que a UTQ tem dois setores: O de terapia intensiva para atendimento dos casos graves e um setor de enfermaria que atende os pacientes menos graves.
“A partir da chegada do paciente na unidade são feitos os tratamentos de fase aguda. A primeira questão é avaliação da queimadura, da profundidade, das características. O paciente recebe um banho e os primeiros curativos.. Em seguida, são oferecidos todos os cuidados necessários e iniciam-se as medidas de reabilitação desse paciente, que pode ser o enxerto ou utilização de curativos sintéticos”, conta.
Os acidentes domésticos estão em maior quantidade de registros. Os tratamentos, que incluem procedimentos avançados, uso de medicamentos de alto custo e suporte de equipe multiprofissional têm sido fundamental para que pacientes possam se recuperar.
A cirurgiã-dentista Juliana de Moura teve queimaduras em 67% do corpo
Arquivo Pessoal
A cirurgiã-dentista Juliana de Moura, de 26 anos, sentiu na pele essa situação. Ela foi vítima de queimaduras de 2º e 3º graus, em 67% do corpo. À época, precisou de um enxerto e desbridamento cirúrgico (procedimento para remover o tecido morto da pele).
“Antes do meu acidente eu não sabia a proporção que acidentes domésticos envolvendo queimaduras leves ou graves aconteciam. O meu acidente foi causado com vazamento de gás, então, aconselho a todos a deixarem o registro do gás sempre desligado, principalmente à noite. Na UTQ vi muitos acidentes envolvendo churrasqueira ligadas com álcool, crianças queimadas com água quente, dentre outros, ou seja, não é porque julgamos nossa casa como segura que não devemos tomar todos os cuidados com acidentes envolvendo queimaduras.”, conta.
O acidente de Juliana ocorreu em setembro de 2023, e ela ficou quatro meses internada. Após o susto, atualmente a jovem consegue ter uma vida normal. Moradora de Birigui (SP), Moura reconhece que se não fosse esse tipo de atendimento especializado, provavelmente, não sobreviveria. Constantemente ela vai a Catanduva para realização dos retornos médicos e também para fazer fisioterapia e acompanhamento psicológico.
“Tive o acompanhamento de psicóloga em todos os dias de internação. A fisioterapia era realizada três vezes por dia para que o paciente não ficasse com movimentos limitados”, lembra.
Recuperada, Juliana de Moura vive em Birigui (SP)
Arquivo Pessoal
Referência
A UTQ do HPA é referência nacional no cuidado de pacientes vítimas de acidentes com queimaduras. A entrada de pacientes é realizada por meio da CROSS (Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) da Secretaria Estadual da Saúde.
Unidade de Tratamento de Queimados do Hospital Padre Albino de Catanduva (SP)
Divulgação / Fundação Padre Albino
Queimaduras
De acordo com dados do Ministério da Saúde, 77% dos casos de queimaduras ocorrem em ambientes domésticos, sendo crianças (92%) e idosos (84,4%), os mais vulneráveis. As hospitalizações também são frequentes, com registro de 150 mil internações anuais causadas por lesões capazes de afetar a pele, os músculos, os tendões e os ossos. A estimativa é que no Brasil, cerca de um milhão de pessoas são vítimas de queimaduras todos os anos.
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