Acidente que provocou a morte de sete torcedores do Corinthians aconteceu no dia 20 de agosto de 2023. Ônibus transportava 43 pessoas e capotou na rodovia Fernão Dias, em Minas Gerais. Imagem de arquivo – Ônibus com torcedores do Corinthians tombou e deixou sete mortos.
Vagner Tolendato/TV Globo
O acidente de trânsito que provocou a morte de sete torcedores do Corinthians em Minas Gerais completou um ano nesta terça-feira (20). O caso aconteceu no dia 20 de agosto de 2023, após a partida do clube contra o Cruzeiro, em Belo Horizonte.
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O ônibus transportava 43 torcedores, quando capotou na rodovia Fernão Dias, no trecho de Igarapé, na Região Metropolitana de BH. O acidente ocorreu no trajeto de volta para o Vale do Paraíba, no interior de São Paulo, onde o grupo de corintianos morava.
O destino final do ônibus era Taubaté, de onde o veículo havia saído para levar os torcedores ao jogo, em Minas Gerais, e para onde ele voltaria após a partida. No veículo havia também passageiros de São José dos Campos (SP), Pindamonhangaba (SP), Caçapava (SP) e Jacareí (SP).
Um dos torcedores do Corinthians que estava no ônibus é o comerciante Cláudio Barros, de 57 anos. Morador de Taubaté, ele sobreviveu à tragédia, mas perdeu o filho Rodrigo Lacerda de Barros, que tinha 32 anos e estava realizando o sonho de conhecer o estádio Mineirão, onde aconteceu a partida.
Cláudio e Rodrigo, torcedores do Corinthians no jogo contra o Cruzeiro, antes do acidente de ônibus
Arquivo pessoal
Eles foram juntos e voltavam sentados juntos no ônibus, quando o veículo capotou. Cláudio quebrou oito costelas e teve o pulmão perfurado, mas conseguiu ser resgatado e sobreviveu. O filho não resistiu aos ferimentos e morreu.
“Sinto falta de ver jogos do Corinthians com meu filho, mas levo ele sempre no coração. Não lembro de quase nada do acidente, mas me machuquei bastante. Fiquei dois meses debilitado. Hoje estou 100%, mas ainda fico triste pelo meu filho”, diz Cláudio.
O corintiano tem uma distribuidora de carvão em Taubaté e, após o acidente, assumiu também duas adegas, que pertenciam a Rodrigo Barros.
“Eu tinha duas opções: reclamar da vida ou trabalhar em dobro. Preferi trabalhar em dobro. Graças a Deus tenho pessoas que estão me ajudando muito nisso”, disse.
Uma das adegas tem estampada uma faixa que o próprio Corinthians fez em homenagem aos torcedores que morreram na tragédia. Ela foi exibida no estádio nos primeiros jogos do clube após o caso e, em seguida, dada de presente aos parentes das vítimas.
Faixa em homenagem a Rodrigo Lacerda de Barros, torcedor do Corinthians que morreu no capotamento de ônibus em MG em 2023
Arquivo pessoal
Apesar do trauma, o comerciante segue acompanhando o Corinthians e afirma que o amor pelo clube só aumenta. Ele já foi em diversos jogos desde então e já comprou ingresso para o jogo desta terça-feira (20), contra o Bragantino, na Neo Química Arena, em São Paulo.
“Eu continuo indo porque gosto muito. Vou agora contra o Bragantino na Sul-Americana de caravana mesmo. Só não vou em muitos jogos como visitante por conta do risco da viagem ser maior”, afirma o torcedor.
Denilton teve traumatismo craniano após capotamento em MG.
Arquivo pessoal
O mecânico Denilton Ferreira Guedes, de 48 anos, também é um dos torcedores do Corinthians que sobreviveu ao trágico acidente em MG. Com o impacto do capotamento, ele teve traumatismo craniano e fraturas no tórax, e precisou ser internado no hospital.
Um ano após a tragédia, Nil, como é chamado pelos amigos, conta que se sente recuperado, sem sequelas do acidente, mas não consegue esquecer os amigos que perdeu.
“Nós fomos em caravana, todos se conheciam. Aqui de Caçapava foram cinco torcedores. Do acidente, não tenho nenhuma sequela, nós de Caçapava já estamos trabalhando normalmente”, conta.
“Minha relação com o Corinthians continua a mesma coisa, aliás até fortaleceu mais ainda o amor pelo Clube e a torcida. Infelizmente foi uma fatalidade. Ficam as lembranças de nossos amigos que se foram”, lamentou.
Polícia termina investigação do acidente com ônibus de torcedores do Corinthians
O funileiro Marcos Vinícius Bottan, também de Caçapava, conta que tem poucas memórias do acidente e também perdeu amigos na tragédia. Para superar a dor, ele tenta esquecer o ocorrido.
“Lembro poucas coisas, mais da hora que alguém falou que perdeu o freio, alguns gritos, subimos o barranco, e depois os gemidos de dor. Me feri, mas foram mais arranhões mesmo e graças a Deus não tive sequelas”, conta.
“Muitos amigos se feriram e alguns morreram. Quando chega perto da data do acidente é ruim, às vezes batem umas lembranças, mas tento esquecer”, afirmou.
A viagem foi considerada irregular, pois não tinha registro nem autorização para realizar o transporte interestadual de passageiros. O motorista do ônibus se tornou réu na Justiça por homicídio culposo – leia mais abaixo.
Acidente com ônibus de torcedores do Corinthians em MG: saiba quem são as vítimas
Reprodução
As vítimas
Dos 43 torcedores que estavam no ônibus, sete morreram. São eles:
Allan Luiz Sampaio Aguiar: tinha 31 anos, morava em Pindamonhangaba, era soldador e deixou duas filhas
Andrew Nicolas Francisco: tinha 26 anos, morava em São José dos Campos e era engenheiro eletricista
Hamilton Rogério dos Santos: tinha 36 anos, morava em Pindamonhangaba, era pintor e deixou dois filhos
José Antônio da Silva: tinha 54 anos, morava em Taubaté e deixou uma filha
Renan Wellington Barbosa: tinha 32 anos, morava em Taubaté e deixou dois filhos
Rodrigo Lacerda de Barros: tinha 32 anos, morava em Taubaté, era comerciante e deixou e deixou uma filha
Vanderlei Rosielton Simão: tinha 41 anos, morava em Pindamonhangaba e era padeiro
Motorista é réu
O motorista do ônibus que transportava os torcedores do Corinthians virou réu por homicídio culposo. Em junho deste ano, a Justiça recebeu a denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra Cleber Felipe Vicente Martins pela prática de homicídio culposo – quando não há intenção de matar – na direção de veículo, por sete vezes.
Na decisão, o juiz David Miranda Barroso, da 1ª Vara Cível, Criminal e da Infância e da Juventude da Comarca de Brumadinho, considerou “suficientes os indícios de autoria” e “a existência, em tese, de crime capitulado na denúncia”.
VÍDEO: Circuito mostra momento que ônibus com torcedores tomba em MG
De acordo com as investigações da Polícia Civil de MG, uma falha no sistema de freios causou o tombamento, e o motorista agiu com negligência e imprudência.
Segundo a corporação, o ônibus ainda apresentava pneus carecas, peças adaptadas ao sistema de freios e falta de tacógrafo, fatores que contribuíram para o acidente.
O veículo não tinha registro e nem autorização para realizar o transporte interestadual de passageiros e, portanto, a viagem foi considerada irregular.
Ônibus que transportava torcedores do Corinthians e capotou na Fernão Dias estava irregular, segundo a ANTT
Rodney Costa/Zimel Press/Estadão Conteúdo
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