17 de novembro de 2024

Caso Kerollyn: Justiça decreta sigilo de caso de menina encontrada morta dentro de lixeira em Guaíba

Corpo de Kerollyn Souza Ferreira, de 9 anos, foi encontrado por reciclador dentro de contêiner de lixo no dia 9 de agosto. Mãe da criança está presa temporariamente, por suspeita de responsabilidade no caso. Kerollyn Souza Ferreira, de nove anos, encontrada morta em um contêiner de lixo em Guaíba
Reprodução
A Justiça de Guaíba decretou o sigilo do caso da menina Kerollyn Souza Ferreira, de nove anos, encontrada morta dentro de uma lixeira. O caso ocorreu no dia 9 de agosto, no município da Região Metropolitana de Porto Alegre.
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O Tribunal de Justiça (TJ) afirmou que “foi elevado o grau de sigilo, por medida de segurança” após a detecção de acessos indevidos aos autos do processo por usuários do sistema que não atuam no caso.
“O expediente se encontra em fase de investigação, e o acesso indevido pode não só prejudicar as diligências que estão em andamento, mas também comprometer procedimentos futuros, além de gerar constrangimento aos familiares da vítima”, diz o TJ.
A decisão judicial alterou os planos da Polícia Civil e do Instituto-Geral de Perícias (IGP), que iriam divulgar detalhes do laudo sobre a morte da criança. Uma entrevista coletiva havia sido marcada para as 10h desta quarta-feira (21), mas acabou cancelada.
De acordo com a perícia, o laudo já foi concluído. O documento já foi enviado para a polícia, que trabalha para concluir as investigações.
Entenda o caso
O corpo de Kerollyn foi encontrado por um reciclador dentro de um contêiner de lixo no dia 9 de agosto, de acordo com a Brigada Militar (BM). Na época, não foram encontrados sinais de violência aparentes no corpo da vítima, conforme a perícia.
A mãe da menina, Carla Carolina Abreu Souza, foi presa temporariamente no dia 10 de agosto. Segundo a Polícia Civil, ela é suspeita de responsabilidade sobre as circunstâncias que levaram à morte da filha. Defensoria Pública, que participou da audiência de custódia de Carla, informou ao g1 que irá se manifestar somente nos autos do processo.
Em depoimento à polícia, Carla teria dito que deu um sedativo sem prescrição médica à menina horas antes dela ser encontrada morta dentro do contêiner de lixo. De acordo com a investigação, a criança teria ingerido um grama de clonazepam, além de ter recebido a medicação risperidona (com prescrição).
A investigada afirmou em depoimento que também teria ingerido clonazepam e que tanto ela quanto a filha foram dormir momentos depois, segundo a Polícia Civil. A suspeita ainda teria dito que acordou por volta de 7h, viu que a menina não estava em casa, tomou mais medicamento e voltou a dormir.
A mulher também teria afirmado à polícia, de acordo com a investigação, que já agrediu a filha com uma escumadeira – espécie de colher de metal. Nesse episódio, Kerollyn chegou a ser levada para o hospital por uma lesão na cabeça, supostamente por consequência de um tombo de bicicleta, que, depois a investigação, foi apurado ter sido causada pela mãe, com o objeto.
Corpo de menina é encontrado dentro de contêiner de lixo no RS
Marcio Santos/Jornal O Guaíba
Uma vizinha e mãe de um colega de escola de Kerollyn afirmou, em entrevista à RBS TV, ter acionado o Conselho Tutelar “mais de 20 vezes” para falar sobre a situação da criança. Segundo a dona de casa Fernanda Cardoso, a menina pedia carinho e comida aos vizinhos.
“Eu liguei mais de 20 vezes, eu pedi por favor pra eles resolverem. Eu mandava foto da criança, mandava tudo. A criança na chuva pedindo. Ela vivia na minha porta pedindo. Pedia água, pedia abraço, pedia beijo”, relatou.
Em nota, o Conselho Tutelar de Guaíba alegou que estava “acompanhando e colaborando com as autoridades competentes”, mas que não poderia fornecer detalhes adicionais sobre o andamento das investigações.
Ao menos outros três vizinhos denunciaram o caso ao Conselho Tutelar do município. Segundo eles, a mãe gritava e ofendia Kerollyn frequentemente. Uma das mulheres afirma ter ouvido um pedido de socorro, que seria da menina, ao passar pela frente da residência da família. Os relatos dão conta de que a criança ainda cuidava de irmãos menores.
O pai de Kerollyn, Matheus Ferreira, disse ter ficado sabendo através de vizinhos que a filha supostamente dormia na rua.
“A guria dormia na rua, a guria comia comida do lixo, os vizinhos me falaram. Era uma situação que eu não estava sabendo, não estava por dentro do que estava acontecendo”, afirma Matheus Ferreira, pai de Kerollyn.
Kerollyn morava com a mãe e os irmãos em Guaíba. Já o pai vive em Santa Catarina. A filha chegou a morar com ele nos primeiros meses de vida e aos sete anos. Contudo, a criança voltou para a casa da mãe.
Jornal do Almoço tem acesso a depoimentos do caso da menina Kerollyn
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