No ‘top 10’ das companhias com os maiores lucros, sete delas são do setor financeiro, com seis bancos e uma seguradora. Sede da Vale, no Rio de Janeiro
Reuters
No segundo trimestre de 2024, 22 empresas listadas na B3, a bolsa de valores brasileira, registraram um lucro líquido superior a R$ 1 bilhão, segundo levantamento de Einar Riveiro, da Elos Ayta Consultoria.
A empresa que aparece em primeiro lugar é a Oi, com um lucro de R$ 15 bilhões. Esse número, no entanto, é um efeito contábil, decorrente da aprovação do plano de recuperação judicial da companhia, não tem efeito no caixa e não significa que a empresa está restabelecida. (entenda mais abaixo)
Na segunda colocação está a Vale, que tem sua receita e lucro totalmente relacionados à produção e exportação de minério de ferro. O lucro líquido da companhia entre abril e junho foi de R$ 14,6 bilhões.
Ainda, olhando para o “top 10” das companhias com os maiores lucros, sete delas são do setor financeiro, com seis bancos e uma seguradora.
Veja, abaixo, a lista das 22 empresas com os maiores registros de lucro.
Oi, do setor de telecomunicações, com lucro de R$ 15,06 bilhões
Vale, do setor de mineração e siderurgia, com lucro de R$ 14,592 bilhões
Itaú Unibanco, do setor de bancos, com lucro de R$ 9,895 bilhões
Banco do Brasil, do setor de bancos, com lucro de R$ 8,965 bilhões
Bradesco, do setor de bancos, com lucro de R$ 4,716 bilhões
Itaúsa, do setor de bancos, com lucro de R$ 3,3762 bilhões
Santander, do setor de bancos, com lucro de R$ 3,247 bilhões
BTG Pactual, do setor de bancos, com lucro de R$ 2,823 bilhões
Ambev, do setor de cervejas e refrigerantes, com lucro de R$ 2,396 bilhões
BB Seguridade, do setor de seguros, com lucro de R$ 2,143 bilhões
Eletrobras, do setor de energia elétrica, com lucro de R$ 1,74 bilhão
JBS, do setor de carnes e derivados, com lucro de R$ 1,715 bilhão
Cemig, do setor de energia elétrica, com lucro de R$ 1,688 bilhão
CSN Mineração, do setor de mineração e siderurgia, com lucro de R$ 1,507 bilhão
WEG, do setor de motores e compressores, com lucro de R$ 1,442 bilhão
PetroRio, do setor de petróleo, com lucro de R$ 1,420 bilhão
B3, do setor de serviços financeiros, com lucro de R$ 1,244 bilhão
Telefônica Brasil, do setor de telecomunicações, com lucro de R$ 1,222 bilhão
Sabesp, do setor de saneamento básico, com lucro de R$ 1,209 bilhão
Eneva, do setor de energia elétrica, com lucro de R$ 1,067 bilhão
CPFL Energia, do setor de energia elétrica, com lucro de R$ 1,051 bilhão
Raízen, do setor de agricultura, com lucro de R$ 1,050 bilhão
Efeito contábil no balanço da Oi
Sede administrativa da Oi funciona no Leblon, Zona Sul do Rio
Marcos Serra Lima/G1
O lucro no balanço da Oi, que a coloca com a empresa que mais lucrou no trimestre, na verdade, é consequência direta da aprovação do plano de recuperação judicial da companhia pelos seus credores.
Esse plano, referente à segunda recuperação judicial consecutiva da operadora, forneceu à Oi um desconto de cerca de 70% em todas as suas dívidas com credores, por meio de medidas como redução nos valores devidos, conversão das dívidas ema ações da empresa e parcelamentos.
Todas essas medidas resultaram num “desconto” de quase R$ 15 bilhões para a Oi em sua dívida no último trimestre, o que apareceu no resultado da companhia como lucro.
O valor, porém, é apenas contábil. Ou seja, não significa que, naquele período, a operadora conseguiu lucrar e manter no caixa da empresa os bilhões registrados.
Por que os bancos têm os maiores lucros?
Fachada de agência do Itaú Unibanco
Divulgação
O setor financeiro sempre está na lista dos maiores lucros das empresas brasileiras, um reflexo da “robustez e resiliência do setor no Brasil”, comenta o especialista em mercado financeiro Daniel Moura.
“Os bancos geralmente possuem diversas fontes de receita como, juros sobre empréstimos, taxa de Serviço, operações de câmbio, corretagem, gestão de ativos. Essa diversificação permite que os bancos, mesmo em cenários diferentes, mantenham uma boa lucratividade e tenha uma boa performance”, explica Moura.
O analista de investimentos Vitor Miziara compartilha da mesma visão e destaca que, no país, as instituições financeiras estão entre as maiores companhias em valor de mercado. Dessa forma, “se o valor da empresa é muito alto, as receitas e, consequentemente, lucros, também serão”.
Miziara ainda destaca que, no atual cenário econômico — com a Selic, taxa básica de juros, ainda muito elevada, em 10,50% ao ano — os bancos conseguem lucrar mais com o spread bancário, uma taxa que representa a diferença de valor entre o custo do dinheiro para a instituição e as taxas dos empréstimos fornecidos pelo banco.
“A alta de juros aumenta a procura por produtos de renda fixa, pois de fato ficam mais atraentes, com isso os bancos captam mais recursos com custos mais baixos e repassam a taxas maiores para os clientes”, pontua Moura.
Por fim, o especialista afirma que os esforços feitos pelo setor bancário, com destaque para os investimentos em tecnologia, com o objetivo de redução de custos e maior eficiência operacional, têm surtido efeito.
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