17 de novembro de 2024

Fóssil de 270 milhões de anos é encontrado durante caminhada religiosa em SC

Objeto foi achado no interior do Norte do estado. Fóssil é de parente das araucárias, segundo Centro de Pesquisa Paleontológica. Fóssil de planta encontrado no interior de cidade de SC
Arquivo pessoal
Um grupo que fazia uma caminhada religiosa no interior de Major Vieira, no Norte de Santa Catarina, encontrou um fóssil de 270 milhões de anos. O reconhecimento foi feito pelo Centro de Pesquisa Paleontológica da Universidade do Contestado, em Mafra, na mesma região.
O fóssil é da espécie de planta Krauselcladus canoinhensis, que tem parentesco com as atuais araucárias. Luiz Carlos Weinschütz, do Centro de Pesquisa Paleontológica, diz que o achado é importante para entender o passado da região (leia mais abaixo).
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A caminhada foi feita por um grupo de 12 pessoas entre 28 de abril e 3 de maio. Em 1º de maio, dois dos integrantes encontraram o fóssil, como relatou o padre Marlon Malacoski, coordenador da caminhada.
“Eles então verificaram no caminho uma pedra que chamou a atenção, e ali quando eles foram ver era este fóssil que foi guardado, foi levado junto”, disse o padre.
Grupo encontra fóssil durante caminhada religiosa em SC
Parente das araucárias
Luiz Carlos Weinschütz, do Centro de Pesquisa Paleontológica da Universidade do Contestado, disse que não é raro achar vestígios semelhantes no Norte de Santa Catarina.
“Fósseis como esse que eles encontraram são conhecidos já de uma região ali da cidade de Canoinhas e até de Três Barras. Então ele é um fóssil já muito conhecido da paleontologia brasileira e foi descrito pela primeira vez em 1970”.
Ele não chegou a ter a descoberta em mãos, mas diz que a ocorrência em outros locais do Norte de Santa Catarina facilitou a identificação.
“A informação desse fóssil chegou até nós na forma de fotografia e vídeo. Nós não chegamos a ter ele em mãos aqui para analisar no laboratório nosso. Mas, por ser um fóssil muito bem conhecido, a gente sabe sim que se trata realmente dessa espécie”, resumiu.
Fósseis semelhantes ao encontrado em Major Vieira estão expostos no Museu da Terra e da Vida, em Mafra
Luiz Carlos Weinschütz/Arquivo pessoal
Ele destacou que o fóssil não é de uma araucária, mas de outra planta que pertence ao mesmo grupo, das coníferas.
“Não que ele seja um ancestral direto das nossas araucárias, não, a gente não tem essa relação. Simplesmente são coníferas, porque nessa época, 270 milhões de anos, que foi a época que esses fósseis ali eram vivos, nós não tínhamos as árvores com flores e frutos, como pé de maçã, uma laranjeira, etc. Tínhamos apenas, além das samambaias, pteridófitas, tínhamos as coníferas, que são plantas mais antigas na ocorrência da história das plantas no planeta”, explicou.
Ele também falou um pouco sobre como era a espécie em vida.
“Embora ele não seja uma araucária propriamente dita, ele tinha os seus ramos, os seus galhos muito parecidos com o tal do sapê do pinheiro, que a gente usa até no inverno aqui para queimar, etc. Ele realmente era muito parecido, não com aquele copo em forma de taça, como as araucárias mais velhas, mas lembraria sim uma conífera, um pé de cedro, alguma coisa assim, com folhas que lembraria uma folha da araucária atual”.
Importância
O achado, porém, traz mais pistas sobre o passado da região.
“O interessante dessa descoberta deles é que eles acharam um outro ponto de ocorrência aqui no estado, que é relativamente próximo de Canoinhas, onde esse fóssil foi descrito pela primeira vez”.
“A gente sempre fala que quanto mais pontos de ocorrência a gente tem de determinado fóssil, é interessante porque a gente tem a possibilidade de entender um pouquinho a abrangência da onde ele ocorria. E, às vezes, esses novos pontos podem trazer novas informações sobre esses fósseis, quais os outros organismos que coexistiam, tanto de fauna e de flora”, explicou.
A descoberta é importante para que os pesquisadores possam entender melhor como era o Norte de Santa Catarina no passado.
“A gente vai cada vez mais interpretando melhor a paleogeografia, como era o nosso estado, essa nossa região aqui, por exemplo, há 270 milhões de anos. Já temos muita informação, mas cada vez que você acha um novo ponto, são mais informações que a gente tem para ir montando essa fotografia do passado”.
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