Léo Barbosa é deputado estadual e Rérison Castro é diretor superintendente do Sebrae Tocantins. Eles estão entre os alvos da operação da Polícia Federal realizada nesta quarta-feira. Deputado estadual Léo Barbosa e o irmão Rérison Castro, diretor superintendente do Sebrae TO
Clayton Cristus/Aleto e Sebrae/Divulgação
A operação da Polícia Federal (PF) que investiga suposto desvio de verba pública na distribuição de cestas básicas durante a pandemia tem como alvo dois nomes ligados ao governador Wanderlei Barbosa (Republicanos): os filhos dele, Léo Barbosa e Rérison Castro.
Léo atualmente ocupa o cargo de deputado estadual, filiado ao mesmo partido do pai. Já Rérison foi eleito em 2023 como diretor superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae Tocantins.
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Durante a operação Fames-19, autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e deflagrada na manhã desta quarta-feira (21), a PF tinha o objetivo de cumprir 42 mandados de busca e apreensão e outras medidas cautelares patrimoniais. O principal alvo é o Wanderlei, que na época da distribuição das cestas básicas ocupava o cargo de vice-governador.
A esposa do governador, a secretária extraordinária de Participações Sociais Karynne Sotero, também é um dos alvos de cumprimento de mandados. Em nota, a primeira-dama afirmou que não é sequer é citada e por isso está tranquila em relação à operação.
Conheça a trajetória dos filhos do governador ocupando cargos públicos no Tocantins:
Léo Barbosa
Yhgor Leonardo Castro Leite, ou Léo Barbosa, tem 35 anos e nasceu em Porto Nacional. Entrou na política em 2016, quando disputou as eleições municipais e conseguiu ser eleito para o cargo de vereador em Palmas.
Em 2019, concorreu à vaga na Assembleia Legislativa do Tocantins e venceu o pleito para o primeiro mandato como deputado estadual. Em 2022, conseguiu se reeleger e se manteve na Casa de Leis para mais um mandato.
Rérison Castro
Rérison Antônio Castro Leite é formado em direito e possui especialização em direto civil e direito processual civil. Além de atuar como advogado, ocupou o cardo de presidente da Agência de Metrologia do Estado do Tocantins entre os anos de 2019 e 2022.
Ele foi nomeado para ocupar a pasta, responsável pela fiscalização da qualidade de produtos, em janeiro de 2019. Rérison ocupou o cargo durante o governo de Mauro Carlesse (Agir).
No ano passado, foi eleito como diretor superintendente do Sebrae para o quadriênio 2023/2026.
A operação deflagrada pela Polícia Federal foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A suposta participação de cada um no esquema investigado não foi informada pela autoridade.
O que dizem os filhos do governador
Assim como esclareceu Wanderlei, os irmãos informaram que participaram de um consórcio informal no qual outros investigados participaram, inclusive o pai, e que receberam R$ 5 mil. Segundo as notas, essa seria a única ligação com os citados.
Tanto Léo quanto Rérison afirmaram que forneceram as informações solicitadas e estão colaborando com a investigação.
Veja notas de Léo e Rérison na íntegra:
Deputado estadual Léo Barbosa
Sobre a operação da Polícia Federal desta quarta-feira, 21, informo que prestei todos os esclarecimentos necessários e sigo colaborando com as investigações.
Nunca imaginei que uma modalidade de consórcio informal de R$ 5.000,00, do qual eu fazia parte com outras 11 pessoas poderia gerar tamanho transtorno e embaraço jurídico. Já forneci a Justiça todos os elementos que demonstram a minha inocência. Tenho certeza que no transcorrer do processo isso ficará provado.
Sigo confiante na Justiça e nas instituições democráticas e desempenhando normalmente o meu trabalho como deputado estadual mais votado do Tocantins.
Rérison Castro
Recebi com absoluto espanto a notícia que esta manhã fui alvo de um mandado de busca e apreensão em relação ao suposto desvio de cestas básicas.
Na época eu era presidente da Agência Estadual de Metrologia e nunca tive qualquer relação com aquisição, licitação ou distribuição de cestas básicas.
Assim como meu pai, o governador Wanderlei Barbosa, a minha única relação como qualquer pessoa citada neste processo é um consórcio informal de R$ 5.000,00 e que absolutamente nada tem a ver com o caso investigado.
Sigo à disposição da Justiça e das autoridades para prestar quaisquer esclarecimentos sobre o assunto e permaneço confiante que a verdade virá a tona.
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Investigação
Wanderlei Barbosa, Karinna, Léo Barbosa e Rérison Castro
Arte g1
A Polícia Federal informou que a investigação apura desvio de recursos públicos por meio da distribuição de cestas básicas, durante a pandemia de COVID-19. Além dos 42 mandados de busca e apreensão, também estavam previstas aplicação de outras medidas cautelares patrimoniais.
Entre os outros alvos estão políticos e empresários. O objetivo é aprofundar investigações relacionadas ao pagamento a empresas contratadas para o fornecimento de cestas básicas.
Segundo a PF, há fortes indícios da existência de um esquema montado entre os anos de 2020 e 2021, utilizando-se do estado de emergência em saúde pública e assistência social, para contratação de grupos de empresas previamente selecionadas para o fornecimento de cestas básicas.
Na época, conforme a polícia, houve a compra de pelo menos 1,6 milhão de cestas. A suspeita é que os contratos, que chegavam a quase R$ 5 milhões, foram pagos, mas nem todas as cestas foram entregues à população.
Caminhões com cestas básicas entregues durante a pandemia
Setas/Governo do Tocantins
Conforme apurou uma investigação da Polícia Civil em 2020, foram dois projetos para distribuição de cestas básicas desenvolvidos pelo governo com recursos próprios, além de aquisições feitas por meio de emendas parlamentares.
Entenda como funcionou o suposto esquema de desvio de dinheiro de cestas básicas no Tocantins
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou durante as investigações que as empresas foram contratadas pela Secretaria do Trabalho e Ação Social (Setas), mediante dispensa de licitação, para fornecer as cestas básicas. Só que não tinham, em tese, capacidade operacional para a execução do contrato e não entregaram todos os produtos. Mesmo assim, receberam os pagamentos.
Dinheiro apreendido
Durante o cumprimento das buscas na casa e no gabinete de Wanderlei, os policiais federais encontraram R$ 67,7 mil em espécie, além quantias em dólares e euros.
Na casa do governador havia R$ 35,5 mil, 80 euros e US$ 1,1 mil. Já no gabinete de foram encontrados R$ 32,2 mil e centenas de boletos de contas pagos em lotéricas, tanto do governador, quanto de terceiros. A assessoria do governador informou por telefone à TV Anhanguera que não vai se posicionar sobre o dinheiro apreendido.
A operação foi chamada de Fames-19 em referência à insegurança alimentar ocasionada pela pandemia. Fames, significa fome em latim e 19 faz alusão ao ano em que a doença foi descoberta.
Veja íntegra da nota de Wanderlei Barbosa
O Governador Wanderlei Barbosa informa que recebeu com surpresa, porém com tranquilidade, a operação ocorrida nesta manhã, sobretudo porque na época dos fatos era vice-Governador e não era ordenador de nenhuma despesa relacionada ao programa de cestas básicas no período da pandemia.
“Como todos já sabem, a única alusão ao meu nome em toda essa investigação foi a participação num grupo de consórcio informal de R$ 5.000,00 com outras 11 pessoas, no qual uma delas era investigada.”
Ressalta ainda que deseja a apuração célere e imparcial dos fatos, pois está confiante na sua inocência e na Justiça, estando sempre a disposição para colaborar com as investigações.
Veja íntegra da nota do governo do Tocantins
O Governo do Estado Tocantins informa que colabora com a Polícia Federal no cumprimento dos mandados de busca e apreensão realizados na manhã desta quarta-feira, 21, referente a Operação Fames-19, que investiga supostos desvios na compra de cestas básicas nos anos de 2020 a 2021. É do interesse do Governo do Estado que tais fatos sejam devidamente esclarecidos.
Veja a íntegra da nota da primeira-dama Karynne Sotero
A Primeira-Dama e secretária extraordinária de Participações Sociais Karynne Sotero recebeu com espanto e perplexidade a notícia de que é alvo de busca e apreensão uma vez que não faz parte do processo investigatório e sequer é citada.
Esclarece ainda que não era sequer primeira-dama do estado a época dos fatos investigados. Ressalta que está tranquila em relação ao desenrolar da investigação e confiante na Justiça.
Veja a íntegra da nota do Sebrae
O Sebrae Tocantins esclarece que não está medindo esforços com intuito de apresentar todas as informações de forma transparente a respeito da Operação Fames-19. Importante destacar que no período investigado o atual superintendente, Rérison Antônio Castro, não fazia parte do corpo técnico do Sebrae.
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