16 de novembro de 2024

Pesquisa em floresta do Amapá fornecerá dados sobre mudanças no clima da Amazônia para a Nasa

Estudo do Inpa e da Ueap usa sensores no solo e em árvores para medir o fluxo de água para a atmosfera. Equipamentos começaram a ser instalados na Floresta Nacional do Amapá, no município de Ferreira Gomes. Pesquisa do Inpa e da Ueap na Floresta Nacional do Amapá
Rafael Aleixo/g1
Uma pesquisa inédita no Amapá vai usar sensores instalados no solo e em árvores da Floresta Nacional do Amapá (Fona) para medir o fluxo de água que chega até a atmosfera através da Amazônia. O objetivo é analisar, ao longo de um ano, como a floresta se comporta durante o período chuvoso e de estiagem em relação à mudança climática.
O estudo é realizado pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) em parceria com a Universidade do Estado do Amapá (Ueap) através do projeto INCT Madeiras da Amazônia, coordenado pelo pesquisador Niro Higuchi – Nobel da Paz em 2007 como membro do Painel Intergovernamental para Mudanças Climáticas (IPCC).
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Parte dos equipamentos usados pelo projeto foram financiados pela agência espacial norte-americana, a Nasa, que usará os dados via satélite para a missão Soil Moisture Active Passive Mission (SMAP), que monitora as alterações no clima do planeta (Veja mais detalhes sobre a missão no fim desta matéria).
Estudo inédito no Amapá em floresta fornecerá dados para a Nasa
Segundo o pesquisador da Ueap e líder do projeto no Amapá, Perseu Aparício, os sensores irão monitorar simultaneamente o comportamento da fisiologia das árvores e serão alimentados por placas solares e datalog para armazenamento das informações por 24h durante 1 ano.
“Estamos dando mais um passo no monitoramento da floresta e trazendo tecnologia e inovação pro manejo florestal. Essas informações mais apuradas ainda não existem no Amapá e através dessas instalações, o Amapá vai poder receber outros parceiros para outras pesquisas”, informou o coordenador.
Floresta Nacional do Amapá
INCT/Divulgação
O doutorando em ciências de florestas tropicais do Inpa, Regison Oliveira, é o responsável pelas instalações dos sensores no solo. Para fixar os medidores de temperatura e umidade, são cavados buracos de cerca de 2 metros de profundidade onde os equipamentos são colocados em várias camadas.
“Compreender a dinâmica da água no solo é importante para entendermos a transpiração da floresta. Esse teor de água no solo é o que mantêm a floresta durante os períodos de seca, principalmente no El-Niño. E monitorar a umidade da floresta e do solo em uma escala de Amazônia é importante para que possamos avaliar a saúde da floresta”, explicou o pesquisador.
Pesquisa do Inpa e da Ueap na Floresta Nacional do Amapá
Rafael Aleixo/g1
Ainda de acordo com o cientista, a missão “Smap” – lançada em 2015 pela Nasa, precisa de calibrações por conta da falta de dados em campo. E os novos sensores na Amazônia vêm contribuir com esse monitoramento. Segundo o Inpa, o satélite americano lança “visados” na superfície da Terra e avalia a umidade, porém existem dificuldades por conta do alto teor de biomassa das folhas das árvores.
‘Caminhos’ da água por dentro das árvores
Pesquisa do Inpa e da Ueap na Floresta Nacional do Amapá – árvore Angelim vermelho
Rafael Aleixo/g1
Cristina Santos, pesquisadora do laboratório de Manejo Florestal do Inpa, já realiza um estudo semelhante no Amazonas que estima a transpiração das árvores. Essa é a segunda vez que sensores desse tipo são instalados na Amazônia, segundo a cientista.
“Estimamos a velocidade da água que sai do solo e vai até a atmosfera através das folhas. Colocamos duas agulhas e por diferença de temperatura a gente consegue estimar essa velocidade da água. Também identificamos por onde a água passa por dentro da árvore, que é chamado de ‘Caminho da água’”, descreveu a cientista.
Pesquisa do Inpa e da Ueap na Floresta Nacional do Amapá
Rafael Aleixo/g1
A cientista explicou que ter esses dados é importante para saber o quanto a árvore está “trocando” água com a atmosfera. Na Floresta Nacional do Amapá foram instalados 18 sensores, que passam a ser monitorados a partir de um computador de campo.
O equipamento registra dados a cada 30 segundos e faz uma média a cada 5 minutos. Segundo a pesquisadora, a periodicidade de coleta dos dados será a cada 15 dias.
Pesquisa do Inpa e da Ueap na Floresta Nacional do Amapá
Rafael Aleixo/g1
Tanto os sensores de solo, quantos os de árvores estão sendo instalados em área que receberam manejo florestal em áreas não manejadas. Essa escolha é para outra frente do projeto, que vai analisar o comportamento das florestas.
Observatório orbital da Nasa
Soil Moisture Active Passive (SMAP) – observatório orbital da Nasa
Nasa/Divulgação
A missão Soil Moisture Active Passive (SMAP) é um observatório orbital que mede a quantidade de água na superfície do solo em todos os lugares da Terra. De acordo com a Nasa, a quantidade de água que evapora da superfície terrestre para a atmosfera depende da umidade do solo.
O satélite foi lançado em janeiro de 2015 e começou a operar em abril do mesmo ano. Na Amazônica, apenas sensores no Amazonas forneciam informações no Brasil. A partir do funcionamento dos equipamentos no Amapá, mais dados serão fornecidos para o observatório.
O SMAP foi projetado para medir a umidade do solo a cada 2-3 dias, o que permite que mudanças ao redor do mundo sejam observadas em escalas de tempo que variam de grandes tempestades a medições repetidas de mudanças ao longo das estações.
A partir dos dados, o observatório orbital produz mapas globais de umidade do solo, que cientistas usam para ajudar a melhorar a compreensão de como os fluxos de água, energia e carbono mantêm o clima e meio ambiente.
Floresta Nacional do Amapá
Rafael Aleixo/g1
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