16 de novembro de 2024

Ministério Público da Venezuela convocará candidato da oposição para depor em investigação criminal

O procurador-geral Tarek Saab esclareceu que ele será convidado a testemunhar sobre o site que compartilhou dados de contagem de votos e foi usado pela oposição para contestar o resultado oficial das urnas, divulgado pelo CNE. Edmundo Gonzalez
Reprodução
O Ministério Público da Venezuela convocará o candidato oposicionista Edmundo González para depor em uma investigação criminal, segundo comunicado divulgado pela agência de notícias AFP nesta sexta-feira (23).
O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, aliado de Maduro, afirmou que González será questionado sobre o site que a oposição criou com dados de contagem de votos e foi usado pela oposição para contestar o resultado oficial das urnas, divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE, a Justiça Eleitoral do país).
A oposição afirma ter incluído no site 80% das atas eleitorais — os documentos que registram os votos e resultados de cada colégio eleitoral e que o CNE ainda não divulgou. Os oposicionistas afirmaram ter tido acesso às atas através de representantes que foram enviados aos locais de votação no dia do pleito, em julho.
Países contestam vitória de Maduro
Estados Unidos, União Europeia e mais dez países da América Latina, além da OEA (Organização dos Estados Americanos), rejeitaram nesta sexta-feira (23) a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela de respaldar a vitória do presidente do país, Nicolás Maduro, nas eleições venezuelanas realizadas em junho.
Tribunal Supremo da Venezuela declara Nicolás Maduro vencedor das eleições após auditoria das atas eleitorais.
REUTERS/Leonardo Fernandez Viloria
Na quinta-feira (22), o TSJ, a mais alta corte da Venezuela e aliada de Maduro, disse em uma sentença reconhecer a vitória do presidente venezuelano no pleito de julho, respaldando o Conselho Nacional Eleitoral (CNE, a Justiça eleitoral do país), também comandanda por um partidário de Maduro.
No entanto, o TSJ também não apresentou a contagem de votos, o que vem sendo pedido pela oposição e pela comunidade internacional.
Em um comunicado conjunto divulgado nesta sexta, EUA, Argentina, Costa Rica, Chile, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai disseram que não reconhecem a decisão do Supremo venezuelano. Os signatários também pedem uma “auditoria imparcial” dos votos.
“Nossos países já haviam manifestado o desconhecimento da validez da declaração do CNE (de que Maduro venceu as eleições), logo depois de que o aesso dos representantes da oposição à contagem de votos foi impedida, da não publicação das atas (eleitorais, que contabilizam os votos) e da recusa posterior em que se fizesse uma auditoria imparcial e independente”, disse o comunicado.
O Brasil ainda não se manifestou após a a sentença do TSJ, e deve fazer um comunicado conjunto com a Colômbia sobre a decisão.
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O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel, também afirmou que o respaldo de Supremo à vitória de Maduro ‘não tem nenhuma credibilidade’.
“As planilhas de contagem de votos disponíveis publicamente e verificadas de forma independente mostram que os eleitores venezuelanos escolheram Edmundo Gonzalez como seu futuro líder”, disse Patel.
A OEA, em nota, afirma que “rechaça completamente” a decisão do TSJ: “Esta Secretaria Geral reitera que o CNE proclamou Maduro [reeleito] de maneira apressada, com base em um boletim parcial emitido de forma oral, com números que evidenciavam impossibilidades matemáticas”.
O chanceler da UE, Josep Borrell, durante uma entrevista à imprensa, em julho de 2024.
Francesco Guarascio/ Reuters
Já a União Europeia indicou que não reconhecerá um novo governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, antes de ver provas de que ele venceu as eleições, segundo disse o alto representante da União Europeia para Assuntos Exteriores, Josep Borrell.
“É preciso provar esse resultado eleitoral. Até agora não vimos nenhuma prova e, enquanto não virmos um resultado que seja verificável, não vamos reconhecer (a vitória)”, disse Borrell.
A fala do chanceler do bloco europeu acontece um dia depois de o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela referendar a vitória de Maduro nas eleições do país realizadas em julho. Na ocasião, a Justiça eleitoral disse que o presidente venceu, mas nunca apresentou a contavem de votos.
O TSJ, a mais alta corte da Venezuela, disse ter feito uma auditoria das elieções a pedido do próprio Nicolás Maduro. O TSJ é considerado um braço do chavismo no Poder Judiciário. A maioria dos juízes da corte é aliada de Maduro.
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Sentença
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Em sentença lida na quinta-feira (22), os juízes do TSJ referendaram a vitória de Maduro com base no argumento de que revisaram todas as atas eleitorais — os documentos que registram os votos e os resultados de cada zona eleitoral do país.
No entanto, na mesma decisão, o tribunal proibiu a divulgação das atas, que vem sendo cobrada pela oposição e pela comunidade internacional, inclusive o Brasil.
A presidente do tribunal, Caryslia Rodriguez, afirmou que a decisão é irreversível. Ou seja, não cabem recursos à sentença desta quinta. Quem contestá-la, disseram os juízes, não poderão concorrer nas próximas eleições.
“O material eleitoral avaliado está certificado de forma inquestionável, e os resultados da eleição presidencial de 28 de julho divulgados pelo Conselho Eleitoral Nacional, nos quais Nicolás Maduro foi eleito presidente da república, estão validados”, diz a sentença.

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