16 de novembro de 2024

Justiça acolhe pedido da PF para ter acesso a investigações do Cenipa sobre queda de avião em Vinhedo

Instituto Nacional de Criminalística, em integração com o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), produz dois laudos. Acidente deixou 62 mortos. Foto divulgada pela Polícia Federal mostra o trabalho da perícia na manhã de sábado (9) em Vinhedo
Polícia Federal
A Primeira Vara Federal de Campinas (SP) acolheu o pedido da Polícia Federal para ter acesso e compartilhar as apurações do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) sobre a queda do avião da Voepass, que deixou 62 mortos em Vinhedo (SP).
A decisão divulgada nesta sexta-feira (23) acolhe manifestações do Ministério Público Federal e da Advocacia Geral da União (AGU) e abrange informações que vão integrar o laudo de sinistro aeronáutico – documento que apontará as causas do acidente (entenda abaixo).
Para a próxima segunda-feira (26) está agendada uma reunião entre a PF e o Cenipa para alinhamento dos próximos passos da investigação.
Os laudos são importantes porque trazem aspectos técnicos e científicos acerca do acidente aéreo que, confrontados com testemunhas, podem indicar se atuações pessoais contribuíram com o acidente e, a partir disso, ocorrem as eventuais responsabilizações criminais.
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Laudo descritivo do local da queda
Segundo a Polícia Federal, o primeiro laudo, o descritivo do local da queda, deve ser entregue em cerca de 90 dias. No documento, constará um conjunto de fotografias para compreensão do contexto do acidente. Ele não trará análise das causas do acidente, mas terá os seguintes dados:
Informações sobre o posicionamento e estado da aeronave no terreno;
Quantidade de vítimas;
Danos externos causados pelo acidente;
Procedimentos realizados em campo pelos peritos;
Foto divulgada pela Polícia Federal mostra continuidade do trabalho de resgate na manhã deste sábado (9), após o desastre aéreo em Vinhedo
Polícia Federal
Laudo de sinistro aeronáutico
Esse segundo laudo é similar ao relatório do Cenipa, mas terá fins de responsabilização penal. Para a produção dele, Peritos Criminais Federais (PCFs) vão acompanhar todos os exames, ensaios e testes realizados no Cenipa, incluindo análise dos destroços, do motor, das caixas pretas e outros.
Esse laudo de sinistro aeronáutico deve apontar as possíveis causas do acidente a partir da análise de alguns pontos:
Uma visão geral concisa do acidente, incluindo principais conclusões e recomendações.
Descrição detalhada do acidente;
Cronologia: uma linha do tempo com a sequência de eventos que levaram ao acidente;
Dados Meteorológicos: condições climáticas no momento do evento, apresentadas em forma de gráficos ou tabelas se necessário;
Análise dos fatores humanos: com informações sobre os envolvidos, incluindo suas qualificações, experiência, estado de saúde, avaliação dos procedimentos seguidos e do treinamento recebido.
Análise de fatores materiais: resultados das inspeções e manutenção da aeronave com gráficos e fotos. Revisão das certificações e registros de manutenção relevantes.
Análise dos procedimentos operacionais: discussão sobre a aderência aos procedimentos operacionais e qualquer desvio.
Comunicações: análise das comunicações registradas durante o evento.
Aspectos organizacionais como políticas da companhia (procedimentos), avaliação do ambiente organizacional e práticas de segurança.
Fatores ambientais: descrição das condições do local de operação e sua relevância para o evento.
Interferências externas: identificação e análise de fatores externos que possam ter influenciado o acidente.
Investigação criminal
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Diferentemente do Cenipa, que apura as causas para apontar melhorias e evitar futuras tragédias, a investigação da polícia busca verificar se existem pessoas que devam ser responsabilizadas criminalmente pela tragédia.
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A Polícia Civil também instaurou um inquérito para investigar o acidente na Delegacia de Vinhedo. O g1 perguntou os próximos passos do inquérito à Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), que se limitou a dizer que “as diligências estão em andamento com o objetivo de esclarecer os fatos”.
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Cronologia da tragédia
Ainda não se sabe o que causou o acidente, mas a queda em espiral sugere a ocorrência de um estol — que acontece quando a aeronave perde a sustentação que lhe permite voar —, segundo especialistas.
Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass, o maior do país em número de vítimas desde 2007, quando um avião atingiu um edifício em São Paulo ao tentar pousar.
Inicialmente, a Voepass noticiou que 61 pessoas tinham morrido após a queda do avião. Na manhã de sábado (10), o número de mortes subiu para 62.
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.
Como era o avião que caiu em Vinhedo
Arte g1
VÍDEOS: veja tudo sobre o acidente aéreo em Vinhedo
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