16 de novembro de 2024

‘Gerações’: famílias têm dificuldade para conseguir vagas para crianças em creches, e mulheres se dividem no cuidado dos filhos e netos

Na mesma família, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, três gerações tiveram problemas para matricular as crianças em creches da rede pública. Famílias têm dificuldade para conseguir vagas para crianças em creches, e mulheres se dividem no cuidado dos filhos e netos
Três gerações de uma mesma família que sofrem com um mesmo problema na hora de acessar um serviço básico: a falta de vagas em creche. No último episódio da Série Gerações, o RJ2 conta a história de mulheres de São Gonçalo que tiveram que se dividir para cuidar dos filhos e netos enquanto eles eram pequenos, sem conseguir colocá-los em uma escola.
Segundo a Constituição Brasileira, é dever dos municípios oferecer Educação Infantil em creche e pré-escola para as crianças. São Gonçalo é a 2ª cidade mais populosa do estado, menos de 10% das crianças de até 3 anos estão matriculadas em creches.
A dona Ana Cristina é a matriarca da família. Ela não conseguiu vagas para as filhas, quando as meninas eram pequenas, e depois de crescidas elas não tiveram acesso para seus filhos.
“Tem que pagar um vizinho, um amigo, alguma coisa para ficar com os filhos e trabalhar. Não consegue creche, nem escola”, afirma a auxiliar de serviços gerais Maclane de Oliveira.
Ana Clara, que faz parte da terceira geração da família, viu boa parte da infância entre quatro paredes, dentro de casa.
Cada creche é capaz de ajudar a construir o futuro de milhares de crianças. Em primeiro lugar, por oferecer segurança para quem mora em área de risco e alimentação para quem mal tem o que comer em casa.
“A mãe é uma figura muito injustiçada na nossa sociedade. Ela acumula jornadas múltiplas de trabalho, cuida de filho, de casa, de comida, muitas vezes cuida de marido, que não ajuda, cuida de idoso que tá em casa. Eu diria que isso beira o criminoso”, afirma o especialista Daniel Becker.
“A obrigação é de cobertura de 50%, a maior parte do Brasil não chegou a esse nível. Mas 10% chegam a ser irrisório. A creche acaba sendo mais importante para a família do que para a criança”, conclui ele.
A terceira filha da terceira geração da família da dona Ana foi a primeira a ir para a creche.
Em 2008, 707 crianças de até 3 anos estavam matriculadas em creches na cidade. Treze anos depois, as vagas quase dobraram, mas o percentual ainda é baixo: 7,6% das crianças de até 3 anos – longe do estabelecido pelo Plano Nacional de Educação, que foi criado em 2014 e previa 50% das crianças dessa faixa etária matriculadas em 10 anos.
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