16 de novembro de 2024

‘Não consigo ficar na cidade mais de uma semana’: as histórias de brasileiros que decidiram viver em meio à natureza

O Globo Repórter percorreu o caminho da Mata Atlântica, que vai do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro, onde conheceu essas pessoas. Edição de 23/08/2024
Ouvir o verde, respirar todas as cores, sentir o pulsar da natureza. O Globo Repórter desta sexta-feira (23) revelou as histórias de brasileiros que vivem em profunda conexão com a terra no caminho da Mata Atlântica, que vai do Rio Grande do Sul ao Rio de Janeiro. São pessoas que decidiram ter por perto o encanto das matas, cachoeiras e animais. Leia abaixo.
‘Não tem buzina. Só barulho da cachoeira, passarinho e vento’
‘Só barulho da cachoeira, passarinho e vento’, diz agrônomo que encontrou refúgio aos pés de um jequitibá
Aos pés de um jequitibá, o agrônomo Guilherme Stutz encontrou o seu refúgio. Há onze anos, ele mora com os filhos e a esposa, a bióloga Nina Celli, em meio à Mata Atlântica. O casal conta com muito orgulho como transformaram dez hectares de pasto em uma grande agrofloresta.
“Isso aqui há poucos anos era um pasto seco, degradado, cansado. Hoje já é outra coisa.”
Para eles, o resultado se reflete em qualidade de vida.
“Aqui, ó: sombra, água, tranquilidade, né? Não tem buzina. Só o barulho da água, cachoeira, passarinho, vento”, diz Guilherme.
Agrônomo Guilherme, a esposa e os filhos plantando árvore
Reprodução/TV Globo
‘Não consigo ficar na cidade mais de uma semana’
‘Não consigo ficar na cidade mais de uma semana’: as histórias de brasileiros que decidiram viver em meio à natureza
Na vida de Odionio Johny Leandro, a natureza está por todos os lados.
“Eu não consigo ficar na cidade mais de uma semana se eu não respirar esse ar puro, se eu não entrar na floresta, se eu não der um mergulho no rio”, afirma Johny.
Johnny é descendente de suíços que, no século 19, vieram para o distrito de Lumiar, em Nova Friburgo, na Região Serrana do Rio. Mas, Johnny decidiu seguir um caminho diferente de seus antepassados, dedicando-se a explorar e preservar as belezas naturais da região. Hoje, como guia, ele orienta quem quer conhecer os segredos de Lumiar, como as cachoeiras, que já são quase uma extensão da casa dele.
“Às vezes eu venho sozinho para cá, deito na pedra pertinho do rio e eu me desligo. Muitas vezes eu durmo aqui. Eu sinto que os rios são como as veias da terra, sabe? É tudo um organismo só funcionando ali.”
Johy em cachoeira em Lumiar, em Nova Friburgo
Reprodução/TV Globo
Além de explorar as cachoeiras, tem outra coisa que o Johnny ama fazer: subir montanhas. E a equipe do Globo Repórter acompanhou em uma aventura com destino ao Pico do Peito do Pombo – a 1,4 mil metros de altitude. Veja no vídeo acima.
“Quando eu estou no topo da montanha, eu consigo ver tudo. A gente fica quase com um superpoder, né?!.
Casal e 10 filhos em meio à natureza
Casal decidiu abandonar a rotina de shows para viver cercados pela Mata Atlântica
Dom Luiz é um dos pioneiros do reggae brasileiro. Em um festival de reggae nos anos 80, ele conheceu a Patrícia Figueira da Veiga. Os dois se apaixonaram e decidiram abandonar a rotina de shows para viver cercados pela Mata Atlântica.
“A gente se apaixonou por isso. A gente se conectou de uma forma com a natureza”, conta Patrícia.
O casal teve dez filhos, todos nascidos em casa, de parto natural e criados em meio à natureza exuberante.
“Na realidade, todas essas árvores fui eu com as crianças que plantamos”, diz Dom Luiz.
Casal e 10 filhos em meio à natureza
Reprodução/TV Globo
Uhuru Figueira, uma das filhas do casal, fala sobre suas experiências ao crescer em contato com a natureza.
“Quando tinha alguém… ‘Ah, tá com dor de cabeça.’ ‘Vai lá pegar arnica.’ Para ficar mais calmo, era camomila, erva-cidreira. Então, a gente sempre teve esse contato e conhecimento das ervas, né?”, destaca.
Casal e 10 filhos em meio à natureza
Reprodução/TV Globo
‘Guardiã das águas do Sana’
‘Guardiã das águas do Sana’: após se aposentar, professora foi viver na Reserva Shangri-La
Lúcia do Carmo Jatobá é professora aposentada de técnicas agrícolas, uma apaixonada pelo tema da preservação ambiental. Ela recebeu o Globo Repórter em seu paraíso: a Reserva Shangri-La – uma RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural, localizada no Sana.
Não é nada fácil chegar ao endereço da dona Lúcia. À reportagem, ela contou a história de como descobriu esse lugar.
“Chegou a época de eu me aposentar e os meus alunos falavam assim: ‘Dona Lúcia, por que a senhora não compra uma terra longe daqui e funda uma reserva?'”
Nas férias seguintes, ela colocou filhos e alunos em um carro e saiu de Niterói, na região metropolitana, para encontrar a tal terra. Até que encontrou o terreno que cabia no bolso. Ela transformou um terreno degradado no Sana, Macaé, em uma reserva natural repleta de árvores plantadas por ela mesma.
“Era muito pasto. Não tinha uma flor, não tinha nada”.
O que ela plantou ao longo dos anos ajuda a proteger as nascentes de água que brotam na Reserva Shangri-La.
“Do rio, ela vai para o Sana. Então, eu até rio muito porque eles escrevem para mim dizendo que eu sou a guardiã das águas do Sana”, relata.
‘Guardiã das águas do Sana’
Reprodução/TV Globo
De emprego em multinacional a circo no quintal da casa no Sana
Após perder emprego em multinacional, homem se torna palhaço e monta circo no quintal de casa
Antes de ser palhaço, Fabiano Freitas trabalhava em uma multinacional. Após ser demitido, ele descobriu a arte e a vontade de viver em meio à natureza. Ele construiu um circo em no próprio quintal da sua casa, no Sana, distrito de Macaé, norte fluminense.
“O Sana é muito conhecido pelo meio ambiente, pelas nossas cachoeiras, pelas nossas paisagens. Mas tem uma outra parte no Sana que é muito legal, que é a quantidade de artistas que existe aqui. Então, o Sana, eu costumo dizer que se sacudir uma árvore, caem uns dez artistas: poeta, pintor, arte-educador, músico, compositor. Palhaço que tem pouco. Que sabem que são palhaços, né?! (risos)”.
É nesse espaço que ele e a esposa, Patrícia, criam os dois filhos atualmente.
“Olha, que privilégio atrás da minha casa ter um jequitibá, uma árvore que transmite muita força […] a pessoa que não pisa no chão, já está se afastando da vida, não anda descalço, não coloca a mão na terra, não vê estrela cadente. O que é mais importante que a natureza na vida?”, destaca.
Fabiano e os filhos em terreno da casa no Sana
Reprodução/TV Globo
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