16 de novembro de 2024

Sobrevivente de ataque a tiros em Vila Isabel foi preso após fugir de hospital e narrou chacina em depoimento

Baleado na praça em Vila Isabel fugiu porque tinha contra ele um mandado de busca e apreensão por crime análogo a lesão corporal, de quando era adolescente. Em depoimento, ele contou como ataque a tiros que terminou com cinco mortos começou. Vista do Morro dos Macacos, em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio
Reprodução/TV Globo
Um dos feridos que sobreviveu ao ataque a tiros que terminou com cinco mortes em Vila Isabel, na Zona Norte, no último domingo (18), foi preso pela Polícia Militar do Rio na última quarta-feira. Em depoimento, ele citou e reconheceu suspeitos de terem cometido a chacina.
No dia do crime, Iran Martins de Brito Júnior, de 19 anos, foi levado para o hospital Salgado Filho, no Centro do Rio. No entanto, fugiu do ataque porque havia um mandado de busca e apreensão contra ele, de um caso em que ele é suspeito de agredir sua namorada quando tinha 17 anos.
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Na quarta-feira (21), ele foi preso por agentes da UPP do Morro dos Macacos, justamente a comunidade em que Iran reside. Iran também tem passagens por ameaça e pelo menos dois homicídios investigados pela Delegacia de Homicídios da Capital.
Na 20ª DP (Vila Isabel), Iran disse que foi para um pagode na praça Barão de Drummond, também conhecida como Praça Sete. Ele disse que estava rodeado com vários amigos, entre eles quatro dos mortos e pelo menos um dos feridos no ataque no final da noite de domingo:
Gabriel Pereira Cândido, de 24 anos
Pedro Henrique Pereira dos Santos, de 18 anos (primo)
Pedro Henrique Barbosa da Conceição, de 18 anos
Thailon Martins Lucas, de 17 anos
Juan Victor Pereira (ferido)
Iran disse ainda que só conhecia de vista Walace de Oliveira Cláudio, de 35 anos, que morreu no dia seguinte ao crime.
Iran disse que, por volta das 0h15, ele e os amigos foram surpreendidos pela chegada de dois homens de casaco preto, um deles de boné. Os dois, segundo ele, são Carlos da Costa Neves, o Gardenal, e Daniel Silva Porto, conhecido como “Jiló”.
Segundo Iran, este último atirou primeiro em Pedro Henrique Barbosa da Conceição, conhecido como Marreco; depois em Gabriel, conhecido como GB; em Thailon, conhecido como Da Itália, e por último em Pedro Henrique Pereira, conhecido como P10.
Traficante Pedro Henrique Barbosa, o Marreco, foi morto em ataque em Vila Isabel
Reprodução
A investigação aponta que Marreco era o principal alvo do crime.
Gardenal, segundo investigações da Polícia Civil, é um dos seguranças do tráfico no Complexo da Penha, dominado pelo Comando Vermelho, e um dos principais homens de guerra da facção. Ele teria sido deslocado para a frente de combate entre o Morro São João, no Engenho de Dentro, e o Morro dos Macacos, dominado pelo Terceiro Comando.
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Já Jiló, de acordo com o depoimento do próprio Iran, é um traficante que saiu da Rocinha e depois ficou no Morro dos Macacos até um grupo de sete criminosos deixar a região e “pular” para o Comando Vermelho no morro rival.
Até agora, a polícia identificou a participação de três criminosos na chacina. A Delegacia de Homicídios da Capital segue em diligências para encontrar outros participantes do crime.
Outros identificados
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Na fuga do local após os tiros começarem, Iran afirma que conseguiu identificar o traficante Pedro Paulo Lucas Adriano do Nascimento, conhecido como Titauro, entre os homens da facção rival presentes na praça no momento do ataque.
Iran ainda disse que havia sido chamada para curtir o pagode por uma mulher que, naquela mesma noite, ele descobriu que não poderia frequentar o Morro dos Macacos.
Ele disse ainda que, pouco antes dos tiros, essa mesma mulher passou com o celular na frente do grupo de amigos, e que desconfia que ela pudesse estar filmando alguns dos que seriam alvos da chacina.
Facção autorizou ataque, diz secretário
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Na segunda-feira, o secretário de Segurança do Rio, Victor Santos, afirmou que a cúpula do Comando Vermelho autorizou o ataque:
“Houve a autorização da cúpula do Comando Vermelho para este ataque. A fatalidade não foi só a morte do traficante, mas também de outros inocentes que estavam nessa praça. O Comando Vermelho resolveu enfrentar a segurança pública do Rio de Janeiro com esse tipo de ataque, com vista à retomada de territórios”, disse Victor Santos.
Por esse e outros fatos, o secretário se reuniu com representantes dos setores de inteligência de diversos órgãos, como a Polícia Militar, a Polícia Civil e a Secretaria de Administração Penitenciária, para avaliar a transferência de mais de 10 chefes da facção para presídios federais.
“O Comando Vermelho resolveu enfrentar a Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro. A nossa intenção é individualizar a conduta de cada um deles e pedir a transferência desses presos que estão em presídios do Rio de Janeiro para presídios federais pelo Brasil”, explicou o secretário.

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