16 de novembro de 2024

Internado desde que nasceu, bebê de um ano e sete meses recebe alta e ganha festa: ‘muita emoção’

Cleverton Vieira Santos nasceu prematuro e teve sequelas neurológicas. Cleverton Vieira Santos recebeu alta com um ano e sete meses em Santos.
Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal
O pequeno Cleverton Vieira Santos trocou as paredes do hospital pelo ar fresco da rua e o conforto do lar. Ele recebeu alta médica do Hospital Guilherme Álvaro, em Santos, no litoral de São Paulo, após um 1 ano e 7 meses vivendo dentro da unidade.
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A chegada em uma casa adaptada em Praia Grande (SP) dá início a uma nova fase na vida de Cleverton e da mãe Josefina Vieira Santos, que moraram os últimos 570 dias na unidade pediátrica da unidade de saúde.
“É muita emoção. Não consegui dormir essa semana de tão ansiosa que estava”, contou Josefina ao g1.
A mulher passou a viver dentro do hospital após dar à luz ao menino em 10 de janeiro de 2023, quando estava com 31 semanas de gravidez e teve um descolamento de placenta prematuro. Cleverton nasceu fraco e teve uma anoxia [falta de oxigênio no cérebro] grave.
De acordo com a coordenadora médica da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) pediátrica do Hospital Guilherme Álvaro, Marcella Galafassi, o bebê passou por reanimação neonatal por 25 minutos e, por isso, ficou dependente de ventilação mecânica por um longo período.
“Como consequência dessa falta de oxigenação, o pulmão não fica muito bom e o cérebro também tem as consequências. E ele apresentou crises convulsivas, diversas infecções, ficou muito grave”, relembrou a especialista.
Josefina recebeu apoio do namorado na alta de Cleverton
Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal
Tratamento
Durante o tratamento do menino, Josefina passou a viver no hospital e precisou deixar as filhas, de 12 e 19 anos, com a família em Sergipe, no Nordeste. “A batalha foi grande. Não tive como manter elas, porque minha vida parou e eu [estava] no hospital. Me dediquei a ele”, enfatizou.
Segundo a mãe, ela morava em São Vicente, mas só passava no imóvel para lavar roupa. Logo voltava à unidade pediátrica. “Era muito doído”.
Apesar das complicações no quadro de Cleverton, ele conseguiu ganhar peso com ajustes na nutrição e, em seguida, foi retirado da ventilação. Atualmente, respira sem a ajuda de ventilação mecânica e se alimenta por gastrostomia, que é a alimentação direta no estômago através de um tubo.
Com a melhora, a equipe médica iniciou os procedimentos para preparar a alta médica do bebê.
“O que a gente fica feliz é que ele vai poder ter a chance de conhecer o mundo, conhecer a praia, poder ir em um parquinho e ter uma vida mais próxima de uma criança neurotípica”, ressaltou a coordenadora da UTI pediátrica.
Alta
Para poder ver o filho fora do hospital, Josefina precisou mudar-se para uma casa adaptada em Praia Grande. O imóvel foi visitado pela equipe do Programa Melhor em Casa, que aprovou as condições para a liberação do bebê.
Como a mãe não tinha berço e outros itens básicos para cuidar do bebê em casa, os funcionários do hospital, incluindo médicos, enfermeiros e fisioterapeutas, organizaram uma arrecadação para fornecer móveis e tudo o que era necessário para os cuidados de Cleverton.
“Tudo dentro de casa, eles me doaram. Arrumaram tudo, até o quarto do meu filho. Deus é maravilhoso e o pessoal do hospital é um amor”, disse Josefina, que foi abandonada pelo pai do bebê, mas contou com o apoio do namorado e da equipe da unidade de saúde.
Cleverton Vieira Santos recebeu alta na sexta-feira (23), em Santos.
Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal
“Tem famílias de sangue que não chegam a esse ponto. Me ajudaram na hora que eu mais precisava”, ressaltou Josefina, que passou por um treinamento no hospital para saber cuidar do bebê.
Na última sexta-feira (23), a família ganhou uma festa de despedida do hospital. Para a coordenadora da UTI pediátrica, Marcella Galafassi, o dia foi repleto de sentimentos bons.
“Felicidade que não tem nem como descrever e orgulho de toda equipe, de cada um que ajudou e proporcionou essa alta. E o orgulho também da Jô, a mãe dele, que foi nossa parceira, cuida muito bem dele e também possibilitou a alta dele”.
Recuperação
Marcella explicou que o bebê precisará continuar com acompanhamento de um pneumologista pediátrico e neuropediatra, além de reabilitação com fisioterapia respiratória e motora. Isso porque as lesões neurológicas são definitivas, mas a criança pode se readaptar.
“Com muita fisioterapia, terapia ocupacional, toda essa nutrição, [o bebê] tem chance sim de voltar a comer, de talvez falar e melhorar a qualidade de vida”, afirmou a médica, dizendo que isso dependerá da evolução de Cleverton com as terapias.
Segundo a especialista, o bebê sempre terá o diagnóstico de falta de oxigenação, problemas pulmonares e crises convulsivas, mas a tendência é que melhore conforme ele for crescendo.
Cleverton Vieira Santos ficou internado desde que nasceu no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos.
Vanessa Rodrigues/A Tribuna Jornal
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