16 de novembro de 2024

Novas pegadas de dinossauros são descobertas por cientistas no Sertão da Paraíba

As pegadas foram deixadas por dinossauros de até 15 metros de comprimento, conhecidos popularmente como “pescoçudos”, e que viveram na região há mais de 125 milhões de anos. Zarah Gomes, uma das autoras da pesquisa, junto às pegadas
Aline Ghilardi
Um novo conjunto de pegadas de dinossauros foi descoberto às margens da BR-405, no município de São João do Rio do Peixe, no Sertão da Paraíba. As pegadas foram deixadas por dinossauros de pescoço e cauda longa, conhecidos popularmente como “pescoçudos”, e que viveram na região há mais de 125 milhões de anos. A descoberta foi publicada no dia 11 de agosto na revista científica internacional Historical Biology.
As novas pistas de pegadas foram encontradas em 2022, durante uma atividade de mapeamento geológico de alunos da graduação em Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Os alunos enviaram fotos para a professora Aline Ghilardi, que estuda há mais de uma década a região, e ela notou que era um sítio ainda não descoberto.
O conjunto de pegadas foi nomeado em homenagem a Robson Araújo Marques, falecido em 2021, e conhecido na região de Sousa como “o velho do rio” e “Guardião do Vale dos Dinossauros”. Ele foi um dos primeiros a encontrar pegadas no Vale dos Dinossauros, em Sousa, e ajudou diversos paleontólogos nos estudos dos animais pré-históricos.
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São sete pegadas, com cerca de 70 cm de diâmetro, incluindo impressões das “mãos” e “pés” de um dinossauro pescoçudo do grupo dos Titanosauriformes, caracterizado por ter um corpo gigantesco. O tamanho estimado para o animal é de aproximadamente 3,3 metros na altura do quadril e entre 12 e 15 metros de comprimento.
Pegadas do dinossauro “pescoçudo” registrada pelos pesquisadores na Paraíba
Aline Ghilardi
O conjunto de pegadas dos pescoçudos foi digitalizado em 2023, e estudado ao longo de um ano. O grupo de pesquisadores, formado pela mestranda Zarah Gomes, a professora Aline Ghilardi, o professor Tito Aureliano (URCA) e a pós-graduanda Rebecca Erickson, concluíram que se tratava de uma nova pista de pegadas.
Os pesquisadores afirmam que o conjunto contribui para os estudos sobre a evolução da forma, postura e locomoção dos pescoçudos, e ampliam o número de sítios com pegadas conhecidas na região do Vale dos Dinossauros.
Equipe de pesquisadores ao lado das pegadas
Divulgação
Além do conjunto de pegadas do dinossauro pescoçudo, os pesquisadores também encontraram outras cinco pistas de animais pré-históricos, incluindo pegadas de dinossauros carnívoros de médio a grande porte e outros animais indeterminados.
O município de São João do Rio do Peixe fica localizado a 38 quilômetros de Sousa, onde está localizado o Monumento Natural Vale dos Dinossauros, que abriga um dos maiores conjuntos de pegadas de dinossauros da América do Sul.
A homenagem ao Guardião do Vale dos Dinossauros
Robson Marques era conhecido como o Guardião do Vale dos Dinossauros, em Sousa, no Sertão paraibano
TV Paraíba/Reprodução
No estudo de pegadas fossilizadas, os conjuntos são nomeados de acordo com as suas características.
O novo conjunto de pegadas foi nomeado de Sousatitanosauripus robsoni. O nome faz referência a três características da descoberta: primeiro, à Sub-Bacia de Sousa, local onde as pegadas foram encontradas, em seguida, ao saurópode Titanosauriformes, enquanto o sufixo “pus”, significa pés.
Já o robsoni foi adicionado em homenagem à memória do “Guardião do Vale dos Dinossauros”, que se chamava Robson Araújo Marques.
Robson Araújo foi um dos primeiros a descobrir as pegadas de dinossauros no sítio que pertencia à sua família. Após a descoberta, se apaixonou ainda mais pelo Vale dos Dinossauros, e dedicou parte da sua vida a cuidar e divulgar o local.
O Guardião do Vale dos Dinossauros acompanhou em campo, por diversas vezes, os professores Aline Ghilardi e Tito Aureliano, além de outros paleontólogos e estudantes que visitaram a região.
Robson, o Guardião do Vale dos Dinossauros, com pesquisadores
Divulgação
Robson Araújo morreu aos 77 anos, vítima de uma parada cardíaca, no dia 12 de julho de 2021, em um Hospital do município de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
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