O rio está abaixo de 2 metros, pior índice para agosto em 57 anos. Pesquisadores e hidrólogos dizem que a tendência é que o rio continue baixando e ultrapassando mínimas históricas, isso por conta da estiagem extrema que atinge Rondônia. Ribeirinhos são os mais afetados pela seca – sem água encanada, eles dependem de poços amazônicos, que secaram com a chegada da estiagem. Rio Madeira está no nível mais baixo para o mês de agosto em 57 anos
Na comunidade Maravilha, zona rural de Porto Velho (RO), onde vivem 400 famílias ribeirinhas, espécies conhecidas de peixes da Amazônia como o pirarucu e o surubim estão morrendo. Consequência da seca histórica no Rio Madeira, que banha diversos lagos e córregos.
O Rio Madeira abriga mais de 40% de todas as espécies da bacia amazônica. Só na região de Porto Velho, o maior afluente do Rio Amazonas atende mais de 50 comunidades ribeirinhas. Hoje, é difícil imaginar a preservação da vida em meio a este ambiente seco. A dura estiagem mudou a paisagem e a rotina dos moradores.
“Nós moramos aqui há muito tempo, mas nunca vimos uma seca desse jeito. Ver um igarapé seco e os peixes mortos é muita tristeza”, diz Maria da Conceição Gomes Santana, aposentada.
“Tá muito prejudicada a horta porque não tem água pra regar, só do Rio Madeira, e se a gente coloca bomba lá rouba”, relata Arnaldo Brito, agricultor.
Rio Madeira está abaixo de 2 metros – nível mais baixo em 57 anos
Reprodução/Jornal Nacional
Há mais de três meses não chove de forma significativa em Porto Velho, e o Rio Madeira não conseguiu se recuperar da seca do ano passado. Hoje, está abaixo de 2 metros: é o pior nível para o mês de agosto em 57 anos.
“As chuvas que de fato abastecem o Rio Madeira, elas vêm da região do Beni, na Bolívia e no Peru. E nessas regiões a gente tem notado pouquíssima precipitação”, diz Caê Moura, superintendente do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia.
E não há previsão de chuva forte para os próximos meses. Na casa da Francilene, o poço que captava água do rio secou. Ela está pegando água da casa do vizinho: “Eu venho aqui para pegar água pra beber, água pra cozinhar e água pra molhar minhas plantinhas”.
A Defesa Civil de Porto Velho informou que na próxima semana vai começar uma operação de distribuição de água potável para as comunidades ribeirinhas.
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