15 de novembro de 2024

‘Casamento por adesão’: tendência de convidados pagarem por festa ganha adeptos, e torna comemoração mais acessível

Modalidade gera controvérsias nas redes sociais, mas casais da região de Campinas contam que optaram por formato de festa participativo para economizar. Thaís e Lucas optaram por realizar uma cerimônia de casamento por adesão
Aylla Amitayus
Para não passar em branco, em vez de festas grandiosas e caras, noivos têm preferido formatos de celebrações mais acessíveis, como o perfil de “casamento por adesão”. Nesta opção, os convidados pagam um valor para participarem da festa, custeiam integralmente, ou parcialmente, pelo que comem e bebem no evento.
Nas redes sociais, a tendência gerou opiniões controversas. No entanto, ao g1, noivas da região de Campinas (SP) que aderiram ao formato acreditam que o casamento por adesão é uma alternativa para quem quer comemorar a união de forma mais barata, e elas relatam que convidados “apresentaram compreensão e nenhuma resistência por não comerem de graça”.
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Pague para entrar!
Para priorizar o alto investimento necessário em outras necessidades do casal, como mobiliar a casa e custear a lua de mel, Lisley Panfilo Santos e Danilo Panfilo decidiram estipular um preço fixo de R$ 49,90 para que seus convidados participassem da celebração de casamento.
Lisley Panfilo Santos optou por cobrar um valor fixo de R$ 49,90 para que seus convidados entrassem na festa
Daniella Silva Santos
“Nós confirmávamos a presença com o pagamento. Eu que organizei tudo. Montei a lista com todos que haviam confirmado e se caso alguém quisesse participar e não tivesse confirmado com antecedência, poderia fazer o pagamento no momento, com o pessoal do buffet, caso ainda houvesse vaga” , explica Lisley .
Apesar de nunca ter participado de um casamento por adesão, a noiva conta que ouviu conselhos que encorajaram o casal a seguir com o formato, e diz que os convidados não se opuseram com a ideia de ter que pagar para entrar na cerimônia realizada no salão de um restaurante.
Para o casal, a realização do casamento nesse formato foi uma ótima opção, já que possibilitou que eles economizassem o suficiente para seguir com as prioridades que julgavam mais relevantes.
Cada um paga o seu!
Thaís Tessare, de 20 anos, comemorou o casamento civil em uma churrascaria no distrito de Barão Geraldo, em Campinas, em setembro de 2023.
Ao perceberem que tinha chegado a hora de dizer “sim”, o casal sabia que fazer uma clássica e tradicional festa de casamento não era financeiramente viável. Tanto que, inicialmente, nem haveria uma celebração, e eles oficializariam a união no cartório.
“Eu e meu esposo resolvemos nos casar, porém, não esperávamos que seria dentro de três meses e que iríamos fazer uma festa, pois não estávamos com condições financeiras. Por isso, iríamos casar apenas no cartório. Mas, como meus pais iam casar a primeira filha, eles nos ajudaram [a custear a festa] para não passar batido”, explica Thaís.
Com isso, eles resolveram comemorar da forma mais simples, barata e especial possível. Os pais bancaram a decoração, o bolo, os doces, a cerimonialista, o seu vestido e parte das comidas disponíveis no bufê.
No entanto, qualquer bebida, desde os refrigerantes até as bebidas alcoólicas, foram pagas pelos convidados, conforme o seu próprio consumo.
Os convidados da festa de casamento de Thaís e Lucas custearam o próprio consumo de bebidas.
Aylla Amitayus
Quando a família de Thaís fez o orçamento do bufê, o pacote sem qualquer tipo de bebidas inclusas estava em R$ 69,90 por pessoa, enquanto o que incluia refrigerantes, sucos e bebidas alcoólicas custava R$ 115 por pessoa, uma diferença de R$ 46 por convidado.
Como o estabelecimento que escolheram comercializava drinks a refrigerantes, eles optaram por adquirir o pacote mais barato.
Segundo a noiva, os familiares e amigos do casal não reagiram mal por não “beberem de graça” em seu casamento, e que a sua contenção de custos “não interferiu na experiência e satisfação de quem participou da festa”.
“Foi bem tranquilo, pois deixei os convidados desde o primeiro momento avisados [que pagariam pelas bebidas]. Eles até elogiaram”, conta Thaís.
Convidados do casamento de Thaís não se incomodaram por custar as bebidas.
Aylla Amitayus
Matheus Loureiro, de 24 anos, foi um dos padrinhos do casamento e costuma consumir bebidas alcoólicas em festas e confraternizações. Mesmo com o hábito, ele garante que não teve estranhamento ou sentiu desconforto em ter que pagar o que iria beber.
“Não ligo de ter que pagar. Acho justo, até porque, eles já arcaram com boa parte da festa. Acho que, hoje em dia, casamentos assim vão ser cada vez mais comuns”, opinou o convidado.
Economia
Com o casório no civil marcado para dezembro, Bianca Morandi e Eduardo Barbosa, de 31 e 26 anos, decidiram celebrar a sua união em um restaurante em Campinas. Na festa, os convidados vão pagar o que vão comer e beber, conforme o seu próprio consumo.
Os convidados do casamento de Bianca e Eduardo vão pagar pela comanda do restaurante, onde será a festa.
Acervo Pessoal
Desde quando houve o pedido, em maio de 2024, o casal passou a avaliar o custo de cada formato de comemoração. Primeiro, claro, pensaram em uma tradicional e sonhada festa de casamento, ou em um almoço em uma chácara, mas logo viram que ela se encaixava na realidade financeira dos dois.
Além disso, Bianca e Eduardo desejavam começar o ano seguinte casados. Então, além da cerimônia, precisar ter um custo baixo, tinha que ser organizada em meses.
Segundo a noiva, caso optassem por organizar uma clássica festa de casamento, teriam que esperar três anos para subir ao altar.
“Pensamos também em fazer um almoço em uma chácara, mas também fugia da nossa realidade. E como a gente queria se casar esse ano, o que se encaixava na nossa realidade financeira, era nesse formato. Se a gente fosse fazer uma festa tradicional, fizemos as contas, e ia demorar no minímo três anos [para o casamento]”, conta Bianca.
Com o “casamento por adesão”, os futuros recém-casados vão poder celebrar o casamento no civil, mas de um jeito bem mais econômico. E o dinheiro poupado já tem um destino certo: as melhorias para o apartamento onde os dois têm e vivem.
“Todo o dinheiro que a gente ia gastar em uma festa, que em sete outo horas ia acabar, a gente vai investir na nossa casa”, e ao mesmo tempo, não vamos deixar nossa união “passar em branco”, diz Bianca.
‘Quem gosta da gente não vai se importar’
Com a data marcada e os convites enviados, Bianca e Eduardo garantem que não perceberam nenhum estranhamento ou críticas vindo dos seus amigos e familiares, mas, decidiram que mesmo se elas aparecessem, não iam se preocupar com os comentários negativos e reclamações de convidados frustrados por não comerem de graça.
“Quem realmente gosta da gente, vai estar nesse dia independente do formato que a gente for fazer”, declara Bianca Morandi.
Eduardo Barbosa
“Sempre vai ter alguém que vai falar mal. Então, a gente optou por não ligar para esse tipo de opinião. Nada chegou até nós, mas se tivesse chegado, não íamos nos importar com isso, porque, a gente acredita que quem realmente gosta da gente, vai estar nesse dia independente do formato que a gente for fazer”, reitera Bianca Morandi.
*Sob supervisão de Yasmin Castro e Fernando Evans
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