Aos 90 anos, a ativista não tem planos de parar: “nem tenho um emprego para pedir aposentadoria” Há cerca de dez dias, tive a oportunidade de participar de uma conversa com as feministas Gloria Steinem e Amy Richards, promovida por Chip Conley, criador da Modern Elder Academy. Já escrevi sobre Conley, que atua num nicho que não para de crescer: o dos novos velhos, que buscam projetos e causas para se engajar.
Desta vez, foi muito feliz em viabilizar o bate-papo com uma das ativistas mais icônicas do século XX. Aos 90 anos, completados em março, ela continua inspirando novas gerações de mulheres, mas não se restringe à questão de gênero – atualmente, as mudanças climáticas estão no topo das suas prioridades. Quem quiser conhecer sua trajetória pode assistir ao filme “As vidas de Gloria”, baseado em sua autobiografia (“Minha vida na estrada”), no qual é interpretada pelas atrizes Alicia Vikander, na juventude, e Julianne Moore, na maturidade. Seguem os principais tópicos abordados:
Gloria Steinem: “antes dos dez e depois dos 80 é quando temos mais chance de fazer o que queremos, sem ter que seguir o roteiro imposto pela sociedade”
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Envelhecimento
“Envelhecer é se dar conta de que não há mais tanto tempo pela frente, mas realmente não penso muito a respeito, porque estou sempre envolvida em projetos. Também é a fase na qual temos mais liberdade para sermos os indivíduos que sempre quisemos ser. Antes dos dez e depois dos 80 é quando temos mais chance de fazer o que queremos, sem seguir o roteiro imposto pela sociedade.”
Conselho para os jovens
“É importante ter consciência do valor do tempo e ser mais seletivo em relação a como e para quem estou doando esse tempo tão precioso. Na casa dos 20, eu pensava que estava vivendo uma fase de descobertas, mas que acabaria me casando, tendo filhos e levando uma vida convencional. Era como se tudo aquilo fosse algo temporário, mas era a minha vida! O que temos é o agora, que deve ser vivido intensamente.”
Ativismo
“Você não sabe com certeza se está no lado certo, mas vê as outras pessoas se aproximando, galvanizadas por uma ideia. Tenho muitos interesses, mas há duas causas que me são especialmente caras hoje em dia: a convivência entre gerações e o aquecimento global. As mudanças climáticas mostram claramente que não há fronteiras, estamos todos na nave Terra”.
Aposentadoria
“Nem tenho um emprego para pedir aposentadoria, sempre trabalhei como freelancer, escrevendo, dando palestras. E é o que continuo fazendo.”
O que fazer na sua 90ª. década
“Escrever é parte da minha identidade, é meu legado. Gosto dos ensaios, que permitem trabalhar em tópicos e teorizar. Ainda tenho diversos projetos inacabados e vou me dedicar a eles. E também me prometi me exercitar mais.”
Amy Richards: “viver de forma independente, de acordo com suas regras, é uma inspiração para outras mulheres”
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Seria injusto deixar Amy Richards, que citei no começo do texto, de fora nessa coluna. As duas trabalharam juntas em 1990 e a amizade segue firme há 34 anos. Em 2002, Amy criou a Soapbox, uma agência de palestrantes feministas. Em 2006, mais uma empreitada de peso: o Feminist Camp (algo como “acampamento feminista”), um programa para a formação de líderes que começou em Nova York e hoje tem sedes em diferentes cidades e até fora dos EUA. O que ela ensina: “Viver de forma independente, de acordo com suas regras, é uma inspiração para outras mulheres. Use seu próprio exemplo para encorajar outras”.
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