15 de novembro de 2024

Justiça mantém júri popular de Wendel Silva, acusado de matar duas ex-companheiras no MA

No último caso, Joanilde Rodrigues Paulino Guajajara, de 33 anos, foi morta a golpes de faca dentro de casa, na frente de duas crianças. Wendel é considerado pela polícia uma pessoa de “extrema periculosidade”.
Arquivo pessoal
Em uma nova análise de processo que determinou uma prisão preventiva, a Justiça também manteve, na última sexta-feira (23), a pronúncia a júri popular de Wendel Silva Machado, de 33 anos, acusado de ser o autor de ao menos dois feminicídios no Maranhão, sendo ambas ex-companheiras.
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A pronúncia a júri popular é referente ao caso do assassinato de Carla Tayra Sousa de Oliveira, de 19 anos, em 2021, na cidade de Imperatriz. Ela foi morta a facadas e Wendel ficou preso apenas seis meses, mas ganhou liberdade condicional.
Wendel e Carla se conheceram pela internet e, em um mês, passaram a morar juntos.
Reprodução/TV Mirante
Em junho deste ano, no entanto, a juíza Ana Lucrécia Bezerra Sodré, que respondia pela 2ª Vara Criminal de Imperatriz, aceitou a denúncia do Ministério Público que acusou Wendel de ter matado Carla porque ela teria terminado o relacionamento com ele.
Na decisão, foi determinado que Wendel vai responder em júri popular por feminicídio qualificado, por motivo cruel e fútil. A data do julgamento, no entanto, ainda não foi marcada e Wendel ainda poderia aguardar em liberdade.
2º feminicídio
Joanilde Paulino Guajajara foi assassinada com um golpe de faca
Reprodução
Segundo as investigações, na época do crime contra Carla, Wendel já namorava Joanilde Paulino Guajajara, que tinha 33 anos e trabalhava como técnica de enfermagem no Centro de Parto Normal da Secretaria de Saúde de Amarante do Maranhão.
Porém, recentemente foram registrados diversos casos de agressão. O irmão de Joanilde, José Guajajara, que é o cacique da Aldeia Guaruru, afirma que a vítima estava usando cabelo curto nos últimos dias, pois Wendel cortou os cabelos dela com uma faca.
“Ele cortou o cabelo dela, bateu nela, então a gente pediu muito pra que ela se afastasse dele, que largasse ele de vez, era isso que a gente queria”, afirmou o cacique .
Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, lamenta feminicídio de indígena no MA: ‘morta no lugar que deveria ser um espaço seguro’
Divulgação
Apesar dos avisos, na noite da última quarta-feira (21), em Amarante do Maranhão, Wendel teria assassinado Joanilde a golpes de faca, dentro de casa, na frente dos dois filhos dela, no bairro Industrial.
Veja também: Joanilde fugiu do marido e foi para a casa dos pais na aldeia, uma semana antes do feminicídio
O corpo de Joanilde foi encontrado pelo pai dela, com as mãos amarradas para trás com fita adesiva e várias marcas de facada. Após o crime, Wendel fugiu e teria roubado uma moto para escapar, mas foi localizado e preso no Povoado Piripiri, entre as cidades de Amarante e Grajaú.
No momento da prisão, a polícia afirma que Wendel resistiu à prisão e acabou baleado. Ele foi internado no Hospital Municipal de Imperatriz e depois deve ser levado para a Audiência de Custódia.
“Ele estava pilotando uma moto roubada e portando uma faca. Durante a abordagem, ele não obedeceu à ordem de parada e avançou contra os policiais, que realizaram disparos de advertência. O suspeito continuou seu avanço e foi alvejado no calcanhar esquerdo, resultando em sua rendição imediata”, declarou o delegado Emerson Felipe, titular da Delegacia de Amarante, que conduz as investigações.
No momento da prisão, Wendel Machado reagiu a abordagem policial e acabou sendo baleado no calcanhar.
Divulgação
Segundo o delegado Alex Coelho, da Delegacia Regional de Imperatriz, o suspeito foi capturado enquanto tentava fugir da região e é considerado de “extrema periculosidade”.
“Ele estava em fuga, ainda, ele estava se escondendo. Inclusive, nessa madrugada, ele realizou o roubo de uma moto, para continuar a fuga dele. A equipe da Delegacia de Amarante, juntamente com a Polícia Militar, conseguiram localizá-lo e prendê-lo”, informou o Alex Coelho.
Com a prisão de Wendel Machado, a Delegacia de Amarante do Maranhão, que investiga o caso, tem 10 dias para concluir a investigação e enviar o inquérito policial ao poder judiciário e ao Ministério Público.
Ministra dos Povos Indígenas lamentou o feminicídio
A ministra dos Povos Indígenas, a maranhense Sônia Guajajara, se manifestou na tarde dessa quinta-feira (22), sobre o feminicídio de Joanilde Guajajara.
Por meio das redes sociais, a ministra destacou ter recebido com “profunda tristeza e revolta” a notícia da morte da técnica de enfermagem, que era do Território Indígena Arariboia, e foi morta pelo próprio marido.
“Quando falamos que mulheres não estão seguras sequer em sua própria casa, é sobre isso. Joanilda (sic) foi morta em sua residência, lugar que deveria ser um espaço seguro para ela e para todas as mulheres”.
Ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.
Ascom/MPI
Sônia Guajajara destacou que a vítima era indígena e técnica de enfermagem e que é mais uma vítima de feminicídio no Brasil.
“Joenilda (sic), jovem mulher indígena, mãe, técnica de enfermagem é mais uma vítima do feminicídio em nosso país. Não podemos aceitar que situações como essa continuem acontecendo, que mulheres percam suas vidas dia após dia em uma cultura machista que viola nossos corpos e nos violenta diariamente”.

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