PMs tinham sido afastados das funções na época do ocorrido. Batalhão de Piracicaba informou que concluiu apuração e enviou para decisão do Tribunal de Justiça Militar. Policiais militares que agrediram cadeirante durante abordagem a jovem em Piracicaba são afastados
Cinco meses depois de três policiais serem flagrados agredindo um jovem e seu pai, que é cadeirante, dentro da casa dos dois, em Piracicaba (SP), o caso ainda aguarda decisão do Tribunal de Justiça Militar e os investigados retomaram suas funções na corporação.
As informações foram fornecidas pela Polícia Militar ao g1 por meio da Lei de Acesso à Informação.
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Após o ocorrido, foi instaurado um inquérito policial militar para apuração dos fatos e os policiais foram afastados.
“O comandante do 10º BPM/I (Piracicaba), autoridade originária para apurar o ocorrido, relatou e remeteu os autos para apreciação e conclusão do Tribunal de Justiça Militar […] O Inquérito Policial Militar aguarda a conclusão do Tribunal de Justiça Militar e os policiais retornaram ao exercício das suas funções”, respondeu a corporação.
O g1 questionou qual foi a conclusão do 10º BPM/I enviada ao Tribunal, mas não houve resposta a esse questioamento.
O caso aconteceu no bairro Cantagalo e envolveu policiais da Ronda Ostensiva com Apoio de Motocicletas (Rocam). O filho do cadeirante, que tem 21 anos, foi atingido com um cassetete e também houve uso de taser (arma de choque) contra ele.
Outro vídeo mostra um policial chutando o pai do jovem, um cadeirante, e empurrando um armário contra ele (assista acima). Veja abaixo o que já se sabe sobre o caso:
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Como começou a confusão?
Segundo o boletim de ocorrência, o jovem de 21 anos estava com amigos em frente à casa em que mora, quando viu um conhecido ser abordado por policiais. Ele teria se aproximado para ver o que aconteceu, quando começou a confusão.
De acordo com o relato do rapaz, os policiais pediram para que saísse do local, mas ele questionou a ordem, pois era um local público. À Polícia Civil, ele informou que preferia não se manifestar mais por medo de represálias.
Os vídeos gravados por moradores mostram a confusão acontecendo já em frente à casa das vítimas.
Vídeos mostram policiais agredindo cadeirante durante abordagem a jovem em Piracicaba
Reprodução/EPTV
Quem foi agredido?
Os vídeos gravados por moradores mostram o jovem de 21 anos levando golpes de cassetete e choques de taser. Ele entra em casa na sequência e os policiais vão atrás.
Dentro do imóvel, o pai do homem, que é cadeirante, grita para que os policiais parem as agressões e questiona o motivo da abordagem. A confusão aumenta até que o cadeirante dá um empurrão em um dos policiais, que reage com um chute e empurra um armário em cima dele.
Alguém se feriu?
Após a ocorrência, os policiais militares levaram o jovem até uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para passar por um médico e depois para a delegacia. No boletim de ocorrência, contudo, não há detalhes sobre eventuais ferimentos sofridos pelas vítimas.
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Alguém foi preso?
Ninguém foi preso. Após o ocorrido, foi registrado um boletim de ocorrência de desacato e resistência e todos os envolvidos foram liberados.
O que disse a Secretaria de Segurança Pública?
Ao informar o afastamento dos policiais e instauração do inquérito da PM, a Secretararia de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) comentou a intervenção dos militares:
“A Secretaria da Segurança Pública ressalta que a conduta dos policiais envolvidos na ação de Piracicaba não condiz com os protocolos operacionais da PM, razão pela qual foram afastados das atividades operacionais.”
O que diz a PM?
A Polícia Militar informou que o homem foi agressivo e xingou os policiais enquanto eles abordavam uma motocicleta suspeita no bairro. Os agentes tentaram contê-lo, mas o homem teria resistido e tentado fugir.
Ainda conforme a corporação, durante a tentativa de algemamento, familiares interferiram na ação, hostilizaram a equipe e tentaram impedir a prisão.
“Foi necessário o uso de força física para garantir a segurança da equipe e efetuar a prisão do indivíduo”, acrescentou
O g1 questionou a PM sobre a violência durante a abordagem e a corporação informou que ao ter acesso às imagens instaurou uma o inquérito.
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