Institutos seguem regras rigorosas para conseguir mostrar cenário antes das eleições. Detalhe da urna eletrônica
Reprodução/TV Globo
Durante as eleições, os eleitores utilizam um importante instrumento da democracia para se informar: as pesquisas eleitorais. Nesse ano, a Rede Gazeta vai apresentar pesquisas realizadas pelo instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec) e da Quaest para mostrar o clima da corrida eleitoral até o dia das eleições. A primeira já foi divulgada nesta sexta-feira (23).
As pesquisas serão apresentadas nos telejornais da TV Gazeta e também em reportagens no g1 Espírito Santo.
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Os institutos de pesquisa têm a função de medir as diferentes temperaturas durante uma disputa eleitoral e também observam as reações às campanhas e aos debates. As pesquisas eleitorais são importantes tanto para os candidatos quanto para os eleitores, pois revelam as tendências políticas no local pesquisado e a opinião pública sobre os concorrentes aos cargos públicos.
E como as pesquisas são feitas? Ouvindo o eleitor.
“O eleitor é colocado na situação de escolher (o candidato) no momento. Isso não quer dizer que essa opinião declarada vai permanecer a mesma até a data da votação. Entre esses dois períodos acontecem muitas coisas, inclusive nas campanhas dos candidatos”, explicou a CEO do instituto em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec), Márcia Cavallari.
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Para conseguir retratar o momento da eleição, a pesquisa usa um método científico a partir de estatísticas. Os entrevistados são definidos e eles representam o universo dos eleitores.
Alguns critérios são utilizados pelos institutos de pesquisa para poder escolher quem será entrevistado. Se trata da amostra, que precisa ter um perfil semelhante ao do município inteiro.
Saiba como são feitas as pesquisas eleitorais
Jornal Nacional/ Reprodução
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Com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), são escolhidas pessoas com as mesmas características em relação a sexo, idade, escolaridade e renda.
O professor Felipe Nunes, diretor da Quaest, destacou mais um critério usado na composição da amostra.
“Para garantir que todos os perfis que existem no eleitorado brasileiro estejam representados na amostra, a gente passou a incorporar informações de eleições anteriores, do comportamento das pessoas em outros pleitos, para também enriquecer o trabalho de desenho e planejamento dessas amostras. Essa é uma inovação que nos parece muito relevante, tem sido adotada em outros países que passaram por processos de polarização e processos de debate político como os que a gente tem vivido nos últimos anos”, afirma Felipe Nunes, diretor da Quaest.
Alguns métodos para as entrevistas variam de instituto para instituto. Os pesquisadores da Quaest, por exemplo, vão até a casa do eleitor.
Outra preocupação recente das pesquisas é com o alto índice de abstenção. Muitas vezes, a pessoa diz na pesquisa que vai votar em determinado candidato, mas depois nem aparece nas urnas. Por isso, os institutos incluíram perguntas no questionário para ter mais pistas se o entrevistado vai mesmo votar no dia da eleição.
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Eleitores contarão novamente com as pesquisas eleitorais para se informar
Cavallari ressaltou que o Ipec questiona o entrevistado sobre a solidez dessa decisão e pergunta para o eleitor se ele ainda pode mudar de ideia ou se já está decidido em relação a um nome. Se a resposta não for definitiva, pode indicar a volatilidade da eleição, sinalizando que os resultados podem ser diferentes.
“A gente passou, desde 2022, a incorporar um modelo estatístico que ajusta a pesquisa exatamente à probabilidade de os eleitores irem ou não votar no dia da eleição. Esses modelos foram trazidos de estudos feitos nos Estados Unidos, onde o voto não é obrigatório”, conta Felipe Nunes.
E não dá para se oferecer para ser entrevistado. Isso é contra as regras. A escolha dos entrevistados tem que ser aleatória, para garantir a representatividade da amostra.
Como toda pesquisa por amostragem, existe uma margem de erro, calculada com uma fórmula matemática.
“A margem de erro é a segurança que o eleitor tem de que aquela informação foi calculada de maneira técnica e científica”, diz Felipe Nunes.
São cálculos estatísticos que também definem o nível de confiança da pesquisa, que é de 95%. Em outras palavras, significa que se a pesquisa for repetida 100 vezes, em 95 delas o resultado vai estar dentro da margem de erro.
Márcia Cavallari, do Ipec, pontua que não só os atos de campanha influenciam a intenção do eleitorado, mas também o que ele vê na TV, lê nas redes sociais e até ouve falar. Por isso, segundo ela, “o eleitor define seu voto de maneira mais cristalizada, mais definitiva, na reta final da campanha.”
O que é intenção de voto?
De acordo com Rogério Espíndola, professor da COPPE/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), a intenção de voto é “a manifestação, naquele momento, dos eleitores de um determinado local a respeito daquela eleição.”
Isto é, os números têm a ver com a percepção do eleitor naquele dia em que a consulta foi realizada e podem mudar conforme os acontecimentos.
O professor do Departamento de Estatística do Centro de Ciências Exatas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Adelmo Inácio Bertolde expõe que a intenção de voto é o desejo de um eleitor de votar em alguém e, quando medido numa pesquisa, “é um valor estatístico que é a estimativa do percentual de votos que um candidato teria se a eleição fosse naquele momento em que a pesquisa foi feita.”
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