Adauto Pereira Siqueira estava de bicicleta quando foi atropelado por Júlio Mateus de Oliveira Martins. Culpado confessou à polícia que tinha ingerido bebida alcoólica, mas responde ao processo em liberdade. Há quatro anos, a família do catador de recicláveis Adauto Pereira Siqueira espera por justiça. Ele morreu após ser atropelado por um carro quando voltava para casa depois de um dia de trabalho.
Era Carnaval e o catador, à época com 47 anos, passava de bicicleta pela Avenida Oswaldo Henrique Mattos, no bairro Nova Cravinhos, em Cravinhos (SP).
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O acidente aconteceu por volta das 23h. O motorista acusado de provocar a morte de Adauto é Júlio Mateus de Oliveira Martins, filho do ex-vereador Julio Cesar Netto Martins, vice-presidente da Câmara dos Vereadores à época dos fatos. Ele vai a júri popular nesta segunda-feira (26), no Fórum de Cravinhos.
Segundo a Polícia Militar, Júlio admitiu, no dia do acidente, que havia consumido bebida alcóolica, mas se recusou a fazer o teste do bafômetro. Ele chegou a ser preso, mas foi solto quase quatro meses depois e, desde então, responde ao processo em liberdade.
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Advogado de defesa do réu, Hugo Amorim Cortes informou ao g1 que espera um julgamento justo.
“Lamentamos a perda da vida envolvida, porém precisamos apontar que fatalidades acontecem, posto que ninguém assume a direção de um veículo pensando em ceifar a vida do próximo. Há vários fatores externos alheios à conduta do condutor que contribuíram para o acidente. Enfim, uma somatória de situações que levaram a uma perda que até hoje assombra a tranquilidade e a paz de todos envolvidos. Esperamos, realmente, justiça. Não a busca a todo custo de um culpado em nome da vingança ou punição desmedida”.
Filha de Adauto, Laila Delgado quer o culpado pague pelo que fez. A família vai acompanhar o júri, mas não foi intimada a depor.
“O que sempre nos revoltou é que ele ficou alguns meses preso e tem provas que ele estava embriagado e ainda não respeitou o sinal de parada da Polícia Militar. Ele devia ter parado, teria evitado tudo isso. Não só a nossa dor , como o constrangimento que ele causou pra família dele”.
Adauto chegou a ser socorrido pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado à Santa Casa de Cravinhos, mas não resistiu aos ferimentos.
Adauto Pereira Siqueira, de 47 anos, morreu atropelado em Cravinhos, SP
Arquivo pessoal/Divulgação
‘Ainda acho que é mentira’
Laila conta que ficou sabendo da morte do pai no hospital.
“Na hora que fiquei sabendo não conseguia acreditar que aquilo era realmente verdade. Na verdade, até hoje, mesmo depois de quatro anos, tem horas que ainda acho que é mentira”.
Viver sem o pai, ela diz, mudou muita coisa na vida da família.
“Como nós sempre falamos, hoje em dia nós vivemos por viver, porque temos filhos e eles precisam de nós. De 2020 pra cá tem sido tudo muito difícil, é uma dor que não desejo pra ninguém. Viver sem pai não é fácil”.
Atropelamento e morte
O acidente aconteceu no dia 23 de março de 2020, próximo ao Parque Ecológico, onde ocorria uma festa de Carnaval. Segundo Laila, o pai tinha ido de bicicleta pegar latinhas na região.
De acordo com a PM, por volta das 23h, Adauto passava pela Avenida Oswaldo Henrique de Mattos quando foi atingido pelo carro, que era dirigido por Júlio.
Com o impacto, a vítima foi lançada a cerca de 30 metros de distância. Fotos tiradas após o acidente mostram que o carro ficou com a parte da frente destruída.
Carro que atropelou homem de 47 anos em Cravinhos, SP, ficou com a frente destruída
Reprodução/EPTV
Adauto foi socorrido, mas morreu horas depois. Júlio foi preso em flagrante por homicídio culposo na direção de veículo, quando não há intenção de matar. Ele foi liberado xx meses depois.
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