Os números voltaram a subir e, em julho, alcançaram uma marca histórica. A Santa Casa de Porto Alegre fez 40 transplantes de rim em um único mês. Um resultado que anima os médicos e aumenta a esperança dos pacientes. Rio Grande do Sul supera queda de transplantes de órgãos registrada depois das enchentes deste ano
Um dos maiores orgulhos do Rio Grande do Sul voltou ao nível de excelência que ostentava antes das enchentes de maio: os transplantes de órgãos.
Com menos de 20% da capacidade pulmonar, Vitória Barbosa passa 24 horas por dia ligada a um tubo de oxigênio. A jovem de 19 anos espera há quase dois anos por um transplante no Rio Grande do Sul.
“Muitas consultas cultura totalmente diferente, que eu sou de Minas, né? Longe da família. Mas estamos aqui esperançosos para quando chegar. Tem que ter confiança e ficar persistente, não perder a fé”, diz a estudante Vitória Barbosa.
Doze hospitais gaúchos fazem transplantes de órgãos. Em 2024, já foram mais de 450. Mas, durante as enchentes de maio, a dificuldade de transporte aéreo e terrestre reduziu os transplantes pela metade.
“O período da enchente foi terrível porque, às vezes, nós até tínhamos doadores, mas não tínhamos como ir buscar esses órgãos. Então, houve uma redução muito semelhante ao começo da pandemia, lá quando nós tivemos uma diminuição dramática nos doadores”, conta Antonio Kalil, diretor médico da Santa Casa de Porto Alegre.
Os números voltaram a subir e, em julho, alcançaram uma marca histórica. A Santa Casa de Porto Alegre fez 40 transplantes de rim em um único mês. Um resultado que anima os médicos e aumenta a esperança dos pacientes.
Mais de 40 mil pessoas esperam por um rim no Brasil, e quase 4 mil receberam o órgão em 2024. A professora aposentada Rosinele Araújo Moreira, que veio do Acre para o Rio Grande do Sul, ainda depende da hemodiálise.
“Nesses quatro anos que eu estou aqui, eu nunca tinha recebido nem uma ligação, eu estava meio para baixo. Mas daí, há umas três semanas atrás, me ligaram, dizendo que tinha um rim que ia servir para mim. Meu Deus do céu, eu nem dormi à noite. Mas, infelizmente, não foi compatível. Mas já me deu mais esperança porque eu já estava pensando em voltar. Quatro anos, né? Mas agora estou mais otimista. Tenho certeza que uma hora esse rim vai sair”, diz.
Do primeiro exame até o dia do transplante de fígado de José Luís Petry, também foram quatro anos. Hoje, a contagem regressiva é para receber alta do hospital e voltar para casa.
“A gente tem que lutar sempre e ter esperança sempre. Até que um dia a gente sabe que vai chegar a hora de nascer de novo”, diz José Luís Petry, vendedor autônomo.
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