Joemil Miranda da Cunha foi liberado do batalhão da PM em Araguaína, onde estava preso. Armas revendidas ilegalmente eram registradas como CAC, segundo investigação. Sargento da PM, Joemil Miranda da Cunha
Reprodução/Redes Sociais
O sargento da Polícia Militar (PM) Joemil Miranda da Cunha, preso por suspeita de envolvimento em um esquema de venda ilegal de armas de fogo, teve a prisão preventiva revogada após quatro meses de reclusão. Ele foi liberado do 2º Batalhão da PM de Araguaína, onde estava preso, na noite desta segunda-feira (26).
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A decisão pela revogação é da 2ª Vara Criminal da Justiça de Araguaína, atendendo ao pedido formulado pela defesa do militar. O sargento foi preso no início de abril durante a operação Clandestinos.
A Polícia Militar informou que o policial militar está respondendo a procedimentos administrativos internos, conforme regulamento militar. Ele permanece recebendo salário normalmente, uma vez que os trâmites processuais ainda não foram finalizados (veja íntegra da nota abaixo).
O sargento foi denunciado por posse ilegal de arma de fogo de uso permitido, posse ilegal de munições de uso restrito, comércio ilegal de munições de calibre restrito cometido por integrante de órgão de segurança pública.
Conforme a decisão de liberdade, o juiz Antônio Dantas de Oliveira Junior entendeu não haver notícia de que o acusado tenha tentado fugir do município e não há indicativos de que interfira na produção de provas do processo, enquanto estiver em liberdade.
O advogado do militar, Jorge Palma de Almeida Fernandes, disse em nota que “foi necessária uma intensa batalha judicial para afastar suposições infundadas e superar obstáculos injustamente criados pelo Ministério Público, mas a verdade e a justiça acabaram por prevalecer e a liberdade foi restabelecida”.
O Ministério Público Estadual (MPE) foi procurado pelo g1, mas não se manifestou até a última atualização desta reportagem.
Operação investiga venda ilegal de armas
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PC/Divulgação
De acordo com a Polícia Civil, o esquema de venda ilegal de armas com registro CAC (sigla para Colecionador, Atirador e Caçador) funcionava através do registro de boletins de ocorrência falsos que simulavam o furto ou roubo dos artefatos. Depois de desviadas, essas armas supostamente eram vendidas no mercado paralelo.
As investigações começaram em outubro de 2023, após um dos investigados registrar boletim de ocorrência pela internet sobre o furto de duas armas e munições. A Polícia Civil descobriu que não houve roubo e que a pessoa registrou o caso de forma falsa. Na realidade, as armas teriam sido vendidas no comércio ilegal.
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A Polícia Civil conduziu para a delegacia 14 pessoas. Entre os investigados estão o sargento da Polícia Militar (PM) Joemil Miranda da Cunha, que foi preso suspeito de estar envolvido no suposto esquema. As armas seriam de pessoas com registro de CAC.
Agentes da Delegacia de Repressão a Roubos (DRR – Araguaína) apreenderam pelo menos 14 armas de fogo de diversos calibres. Havia armamento pesado, pistolas, espingardas e centenas de caixas de munições.
Munições também eram vendidas de forma ilegal, segundo a PM
TV Anhanguera/Reprodução
A operação também apreendeu celulares e quebrou o sigilo bancário dos investigados. Os extratos bancários e documentos serão analisados em nova etapa da investigação.
O sargento da PM Joemil Miranda da Cunha foi um dos presos. Ele é concursado desde 2006 e recebe R$ 10.667,73. Nas redes sociais, ele diz que é diretor de 18 clubes de tiros.
Nas investigações sobre o registro de boletins de ocorrências falsos, a polícia teve acesso a áudios em que investigados falavam como faziam o esquema. Uns demonstravam temer que tudo fosse descoberto e outros acreditavam que nada aconteceria.
Trecho dos áudios investigados pela polícia
Divulgação
O que diz a PM
A Polícia Militar do Tocantins informa que na tarde de segunda-feira, 26, recebeu uma equipe da Polícia Penal do Tocantins na sede do 2º Batalhão da PM, em Araguaína, que notificou o sargento Joemil Miranda da Cunha acerca da decisão de Alvará de Soltura expedido pela 2ª Vara Criminal de Araguaína.
O ato foi acompanhado pelo Corregedor do 2º BPM, que providenciou o encaminhamento do militar ao Instituto Médico Legal de Araguaína, onde foi submetido a exame de Corpo de delito e liberado.
Quanto aos questionamentos levantados, informamos que o policial militar encontra-se na graduação de 2º sargento, e atualmente está respondendo a procedimentos administrativos internos, conforme regulamento militar. Permanece recebendo salário normalmente, uma vez que os trâmites processuais ainda não foram finalizados.
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