20 de setembro de 2024

Casal que pulou com bebê de prédio em chamas morreu por politraumatismo, diz polícia

Polícia Científica comprovou que as vítimas morreram em decorrência da queda. Incêndio atingiu o sétimo andar do prédio onde Luiz Evaldo Lima, Graciane Rosa de Oliveira e o bebê de 23 dias moravam. Perito criminal fala sobre possíveis causas de incêndio em prédio de Valparaíso de Goiás
O casal que pulou com o filho bebê de um prédio em chamas morreu por politraumatismo, segundo informações da Polícia Científica. O incêndio atingiu o sétimo andar do edifício onde Luiz Evaldo Lima, Graciane Rosa de Oliveira e o bebê, Leo Oliveira de Lima, de 23 dias, moravam. A família morreu na última terça-feira (27), em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal.
“Temos comprovada a questão do politraumatismo e já foi completamente afastada a questão do incêndio”, explicou Ricardo Matos, perito criminal e superintendente da Polícia Científica de Goiás.
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A análise da polícia indicou que o casal e o bebê morreram em decorrência da queda do prédio. À TV Anhanguera, Ricardo Matos esclareceu que não havia fuligem nas vias respiratórias das vítimas, o que indica que elas não inalaram fumaça do incêndio.
“[Essa conclusão] bate com as informações repassadas pelas testemunhas, em que houve um desespero da família. Infelizmente, nessa tragédia, eles tentaram se salvar ou fugir do incêndio e acabaram perdendo suas vidas”, pontuou Ricardo Matos.
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Graciane Rosa, Luiz Evaldo e o filho bebê morreram após incêndio em apartamento, em Valparaíso de Goiás
Reprodução/ Redes Socais e Reprodução/TV Anhanguera
Como é feita essa análise?
Ricardo Matos explicou que, em casos como este, onde o incêndio é o cenário de uma morte, é necessário determinar se a vítima morreu em decorrência do fogo ou se já estava morta quando o incêndio se espalhou. “A medicina legal verifica a presença de fuligem nas vias respiratórias, que é o resíduo de fumaça composto por partículas que indicam se as vítimas estavam respirando durante o incêndio”, explicou o superintendente.
Em alguns casos, também são necessários exames laboratoriais, segundo Ricardo Matos. “Quando as vítimas inalam a fumaça de um incêndio, normalmente os níveis de monóxido de carbono, um gás tóxico resultante do fogo, se acumulam no corpo. No entanto, neste caso específico, não foi necessário realizar o exame de monóxido de carbono devido às lesões observadas e à ausência de fuligem nas vias respiratórias”, finalizou.
O incêndio
O incêndio que causou a morte do casal aconteceu no sétimo andar do Bloco E do residencial Parque das Árvores. Além do casal e do bebê, outras duas pessoas estavam no apartamento que pegou fogo. Ambas foram resgatadas com vida.
O vídeo que mostra as pessoas na sacada foi gravado por moradores de outros blocos, que ficam abalados ao ver os vizinhos pedindo ajuda. Segundo o Corpo de Bombeiros, ao todo, o incêndio deixou 12 feridos. O g1 não conseguiu o estado de saúde atualizado dessas pessoas até a última atualização da reportagem. Após o incêndio, o Bloco E do prédio foi totalmente evacuado.
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Moradores em sacada de apartamento pedem ajuda durante incêndio em prédio, em Valparaíso de Goiás
Reprodução/TV Anhanguera
Fogo
De acordo com Anderson Oliveira, síndico do condomínio, ma das pessoas resgatadas do apartamento que pegou fogo era a mãe de Graciane Rosa. O síndico informou que acredita que a segunda pessoa seja um profissional de impermeabilização de sofá, que entrou condomínio dizendo que ia ao apartamento da família.
Um dos vizinhos das vítimas, Felipe Ferreira, descreveu o momento em que a situação começou e o desespero dos moradores. Segundo ele, por volta das 10h30, sentiu o prédio tremer. Nesse momento, começou a ouvir diversos gritos de pessoas que estavam no local. “Começou uma gritaria na parte de fora do condomínio, solicitando que todo mundo saísse”, disse.
À TV Anhanguera, Felipe Ferreira, que mora no bloco ao lado, afirmou que, ao descer para o pátio do condomínio, viu quando o casal pulou da janela com o bebê. Outra testemunha disse à TV Anhanguera que estava passando perto do prédio quando ouviu um barulho. “Eu ouvi um estrondo muito forte, pareceu que era uma batida de carro, um contêiner caindo”, relatou ele à TV Anhanguera.
“As pessoas começaram a gritar, as pessoas que moram aqui no condomínio. Eu vim para cá correndo, com o objetivo de ajudar alguém, de dar algum apoio, aí comecei a ver as chamas se alastrando de forma muito rápida, com muita violência”, completou.
Um vídeo mostra quando uma moradora foi resgatada junto com o cachorro de estimação durante o incêndio. As imagens mostram quando a moradora, que está abraçada com o animal, é socorrida pelos bombeiros em uma maca (assista abaixo).
Moradora e cachorro são resgatados de prédio em chamas, em Valparaíso de Goiás
Investigação
Segundo o major Maurílio Correa Cesar, a possibilidade de risco estrutural deve ser investigada. A corporação afirmou que não há previsão para o retorno dos moradores. A Secretaria Municipal de Assistência Social de Valparaíso de Goiás informou, em nota, que “o Bloco E do edifício passará por vistoria com o objetivo de garantir a segurança dos residentes.” A nota também mencionou que “peritos trabalharão nos próximos dias para determinar se a estrutura do local foi comprometida pelo fogo.”
Devido à gravidade da ocorrência, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal auxiliou nas operações de combate ao incêndio e resgate das vítimas. A corporação alertou que a causa do incêndio só poderá ser confirmada após uma perícia técnica.
As vítimas
De acordo com as informações são do Major Maurílio Correa Cesar, do Corpo de Bombeiros, o casal que morreu após pular do prédio foi identificado como Luiz Evaldo Lima e Graciane Rosa de Oliveira. O filho do casal, um bebê de 23 dias, também morreu e foi identificado como Leo Oliveira de Lima.
Nas redes sociais, o casal anunciou a gravidez em janeiro deste ano. “Estamos ansiosos te aguardando, com o coração cheio de amor”, diz a postagem. Léo foi o segundo filho de Graciane, que já era mãe de uma menina.
Graciane tinha 34 anos e trabalhava com alongamento de cílios. Em seu perfil profissional na internet, ela se orgulhava de se identificar como empreendedora e se descrevia como uma apaixonada pela vida. “Sou rica de tudo aquilo que o dinheiro não pode comprar”, afirmava nas redes.
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