20 de setembro de 2024

OMS anuncia acordo com Israel e Hamas para pausa nos conflitos em Gaza para permitir vacinação contra a poliomelite

Medida ocorre após um bebê contrair a doença, no primeiro caso confirmado em 25 anos no território palestino. A pausa humanitária não representa um cessar-fogo na guerra em Gaza, buscado por mediadores do conflito entre israelenses e o grupo terrorista. Crianças em campo de refugiados de Gaza
Omar AL-QATTAA / AFP
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quinta-feira (29) ter chegado a um acordo com Israel e o grupo terrorista Hamas para uma pausa humanitária nos conflitos na Faixa de Gaza para permitir a vacinação de centenas de milhares de crianças contra a poliomelite.
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A medida ocorre após a OMS ter confirmado em 23 de agosto a presença da doença em um bebê, no primeiro caso de poliomelite em 25 anos no território palestino. (Leia mais abaixo)
Descrita como “pausa humanitária”, a campanha de vacinação em Gaza terá três dias de pausa nos combates em três zonas diferentes do território, conforme acordado entre Israel e Hamas, segundo Rik Peeperkorn, representante da OMS nos territórios palestinos.
A vacinação começará no domingo (1º) no centro de Gaza. Segundo Peeperkorn, o acordo prevê que as pausas nos combates ocorram entre 6h e 15h, no horário local (de 12h a 21h, no horário de Brasília). Depois, haverá outra pausa de três dias no sul de Gaza e, em seguida, outra no norte de Gaza.
Peeperkorn afirma que o objetivo é vacinar 640.000 crianças menores de 10 anos e que a campanha foi coordenada com as autoridades israelenses. O representante da OMS acredita que podem ser necessários dias adicionais para completar as vacinas.
“Não vou dizer que este é o caminho ideal. Mas este é um caminho viável”, disse Peeperkorn sobre as pausas humanitárias. Mais tarde, ele acrescentou: “Isso vai acontecer e deve acontecer porque temos um acordo.”
Essas pausas humanitárias não são um cessar-fogo na guerra em Gaza travada entre Israel e Hamas desde outubro de 2023, que os mediadores dos EUA, Egito e Catar têm buscado há muito tempo, inclusive nas negociações em andamento nesta semana.
A unidade humanitária do exército israelense (COGAT) disse na quarta-feira que a campanha de vacinação seria realizada em coordenação com o exército israelense “como parte das pausas humanitárias de rotina que permitirão à população chegar aos centros médicos onde as vacinas serão administradas.”
Já um oficial do Hamas disse à Reuters que “estamos prontos para cooperar com organizações internacionais para garantir esta campanha, servindo e protegendo mais de 650.000 crianças palestinas na Faixa de Gaza.”
A OMS afirmou que os trabalhadores de saúde precisam vacinar pelo menos 90% das crianças em Gaza para interromper a transmissão da poliomelite.
Poliomelite em Gaza
Menino palestino Abdul Rahman Abu Al-Jidyan, primeira pessoa a contrair poliomelite em Gaza em 25 anos, é abanado pela irmã em sua tenda, em Deir Al-Balah, na Faixa de Gaza Central, em 28 de agosto de 2024.
REUTERS/Ramadan Abed
A OMS confirmou em 23 de agosto que pelo menos um bebê foi paralisado pelo vírus da pólio tipo 2, o primeiro caso desse tipo no território em 25 anos. O Conselho de Segurança da ONU se reunirá mais tarde nesta quinta (29) sobre a situação humanitária em Gaza.
A campanha ocorre após Abdel-Rahman Abu El-Jedian, de 10 meses, ter ficado parcialmente paralisado por uma cepa mutada do vírus que pessoas vacinadas eliminam em seus resíduos.
O bebê não foi vacinado porque nasceu pouco antes de 7 de outubro, quando os militantes do Hamas atacaram Israel e Israel lançou uma ofensiva retaliatória em Gaza. Ele é um dos centenas de milhares de crianças que perderam vacinas devido ao combate entre Israel e Hamas.

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