20 de setembro de 2024

Com mais de 1,5 mil focos de incêndio, ‘Operação Sem Fogo’ reforça medidas de combate às queimadas no Acre

Ações são coordenadas pela Casa Civil, Defesa Civil e pela Secretaria do Meio Ambiente. Lançamento ocorreu nesta quinta-feira (29) no Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer). Com mais de 1,5 mil focos de incêndio, ‘Operação Sem Fogo’ reforça medidas de combate
Com intuito de reduzir o número de queimadas, focos de incêndio e desmatamento no Acre, o governo lançou a Operação Sine Ignis (Sem Fogo) nesta quinta-feira (29). As ações são coordenadas pela Casa Civil, Defesa Civil e pela Secretaria do Meio Ambiente.
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O Acre teve piora drástica nos índices de queimadas no mês de agosto. Antes mesmo do fechamento do mês, o índice já supera todas as marcas dos meses anteriores, com 1.540 focos até a manhã desta quarta (28). O número já superou os dados do mesmo período do ano passado, 1.388 focos.
“Vamos fazer nesse momento é intensificar já o que vem sendo feito. Estamos agora mesmo em Cruzeiro do Sul capacitando mais policiais, policiais militares, policiais de refrão para operar com drones nessas áreas e vamos focar nas áreas mais críticas, temos policiais de Rio Branco, de
Cruzeiro do Sul, da inteligência. Acho que cabe ressaltar que temos informações do estado todo”, destacou o tenente-coronel da Polícia Militar Kleison Albuquerque.
O lançamento da operação ocorreu no Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer). Além da Casa Civil, a Defesa Civil e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), as ações são desenvolvidas também pelo Instituto do Meio Ambiente do Acre (Imac), o Grupo Especial de Fronteira (Gefron), o Cento Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Batalhão de Policiamento Ambiental (BPA).
Várias autoridades participaram do lançamento da operação
Neto Lucena/Secom
“Esse trabalho é contínuo, é importante a gente colocar que desde o começo do ano esse trabalho não para, é permanente, que hoje está sendo lançado essa operação para intensificar nesse período mais crítico. Os dados que o Sigma nos fornece para essas operações são dados mapeados, identificados e tem um histórico”, salientou a secretária adjunta de Meio Ambiente, Renata Souza.
O chefe da divisão técnica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Sebastião Santos, fez um alerta para a importância da responsabilização de quem faz queimadas e afirma que haverá consequências pra quem pratica esse tipo de crime.
“Existem os procedimentos legais que aplicam-se as penalidades para quem comete o desmatamento no ato da fiscalização e aqueles em que são identificados, que vêm cometendo rotineiramente os delitos. Eles são considerados reincidentes e a legislação estabelece penas maiores para essas pessoas que são reincidentes. Então, a pena não pode ser dobrada ou triplicada”, disse.
Corpo de bombeiros combate incêndio próximo a condomínio em Rio Branco
Arquivo pessoal
Pior mês do ano
Seca de rios e igarapés, baixa umidade do ar e muitos focos de incêndios. Esta é a realidade do Acre no período em que a estiagem se intensificou ainda mais. É neste cenário que o estado chegou ao seu pior mês do ano em relação aos registros de queimadas, segundo monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
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Antes mesmo do fechamento do mês, o índice já supera todas as marcas dos meses anteriores. O total de queimadas detectadas em 2024 também já representa pouco mais de 31% do ano passado, quando o número fechou em 6.562 focos.
Cenário nos municípios
Dos mais de 1,5 mil focos detectados pelo monitoramento do Inpe em agosto até esta quarta, a maior parte foi registrada no município de Feijó, com 383. Os outros que compõem a lista dos três maiores em queimadas são: Tarauacá (247) e Cruzeiro do Sul (196).
Já os municípios da região do Alto Acre são os que menos queimam: Assis Brasil (13), Epitaciolândia (5) e Brasiléia (25).
Entre 1º de janeiro e 27 de agosto deste ano, ainda segundo o monitoramento do Inpe, o Acre já teve 2.087 focos.
O crescimento foi exponencial entre julho e agosto. O número de queimadas registrados, segundo o Inpe, ficou em 603 no mês passado. A variação foi de 123% a mais na comparação com agosto.
A análise histórica dos dados também mostram que o alcance e a destruição provocadas por estes focos também preocupam. De acordo com um levantamento do projeto Acre Queimadas, que envolve diversos órgãos ambientais e pesquisadores, 2022 foi o segundo ano com maior área queimada mapeada desde 2005, quando foi registrado o ano mais crítico no estado.
“Em 2022, foram registrados 322.019 ha (3.220 km2) de queimadas em áreas antropizadas, cerca de 29% maior que no ano de 2021, ano com a segunda maior estimativa desde 2005. Aproximadamente 51% do fogo mapeado em 2022, ocorreu em áreas antropizadas consolidadas, desmatadas antes de 2021. Nestas áreas, o uso do fogo está possivelmente associado às práticas de manejo agropecuário (pastagens e agricultura anual ou perene). O restante das áreas afetadas pelo fogo, que contabilizam 49% do total da área queimada, foram detectadas em áreas desmatadas em 2021 e 2022, ou seja, o fogo foi utilizado para completar o processo do desmatamento”, destaca o relatório.
Colaborou a repórter Vitória Guimarães, da Rede Amazônica Acre.
VÍDEOS: g1

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