27 de dezembro de 2024

Yanomamis sentem falta de atendimento médico quase dois anos depois da decretação de crise humanitária

O Ministério da Saúde anunciou a construção do primeiro hospital do país em terras indígenas. O Centro de Referência promete atender 60 comunidades da região, onde vivem 10 mil indígenas do território Yanomami. Comunidades Yanomamis sofrem com a falta de cuidados médicos em Roraima
Na composição da população brasileira, os indígenas yanomamis representam 0,02%. Talvez seja por isso que eles ainda sofram com a falta de atenção e de cuidados médicos depois de quase dois anos da decretação de crise humanitária em Roraima.
Mulheres, homens e crianças são vítimas da malária e da subnutrição, as doenças que mais afetam as comunidades.
“A malária é o maior vetor que está afetando a Terra Yanomami. Então, continua a situação ruim na Terra Yanomami”, diz Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami.
Yanomamis sentem falta de atendimento médico quase dois anos depois da decretação de crise humanitária
Reprodução/TV Globo
O posto de Surucucu é o principal ponto de saúde do território. A pequena estrutura faz atendimento de baixa complexidade, e os casos mais graves são transferidos para os hospitais de Boa Vista.
De acordo com lideranças locais, muitas comunidades estão sem atendimento médico por causa da presença de garimpeiros. Os invasores ameaçam médicos e enfermeiros, enquanto criam estratégias para despistar as autoridades e permanecer na terra Yanomami. Eles atuam apenas no escuro da noite, em áreas escondidas na mata fechada. Segundo o governo federal, ainda há presença de garimpo em 26% do território Yanomami.
“Garimpo continua na Terra Yanomami, entrando de barco, de aviões, de helicópteros. Esses garimpeiros continuam entrando na Terra Yanomami”, afirma Dário Kopenawa, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami.
Yanomamis sentem falta de atendimento médico quase dois anos depois da decretação de crise humanitária
Reprodução/TV Globo
Segundo o governo federal, as ações para expulsar os garimpeiros estão mobilizando 800 militares.
“Há um pedido do STF – Supremo Tribunal Federal e uma decisão do governo que, quanto mais rápido a gente terminar o garimpo, mais espaço para outras políticas do governo federal a ser implementadas”, diz Nilton Tubino, diretor Casa de Governo.
Yanomamis sentem falta de atendimento médico quase dois anos depois da decretação de crise humanitária
Reprodução/TV Globo
Esta semana, o Ministério da Saúde anunciou a construção do primeiro hospital do país em terras indígenas. A obra será executada em parceria com a Central Única das Favelas e a Frente Nacional Antirracista. O Centro de Referência promete atender 60 comunidades da região, onde vivem 10 mil indígenas do território Yanomami.
“Para que a gente evite a saída da população indígena do território deles para ser atendida na cidade. Então, a gente consegue manter essa população aqui, reduzir custos e melhorar a atenção à saúde”, diz Bruno Cantarella, diretor do Deamb/Sesai.
Yanomamis sentem falta de atendimento médico quase dois anos depois da decretação de crise humanitária
Reprodução/TV Globo
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, esteve em Roraima e sobrevoou o lugar onde o hospital vai ser construído.
“Estamos aqui sobrevoando a área de Surucucu para simbolicamente marcar o início da construção do Centro de Referência em Saúde. Vai ser um trabalho fundamental para ter condições de atender com mais procedimentos, alguns exames, a estabilização de pacientes, para que não precisem se deslocar para Boa Vista”, diz a ministra da Saúde, Nísia Trindade.
Ministra da Saúde, Nísia Trindade, esteve em Roraima e sobrevoou o lugar onde o hospital vai ser construído
Reprodução/TV Globo
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