Uma frente de combate a incêndios econômicos é a da dívida pública, e houve anúncio nesta sexta-feira (30) de que esse perigo aumentou. Dólar comercial e Ibovespa oscilam com dados e incertezas sobre Brasil e EUA
No mercado financeiro, a cotação do dólar e os negócios na Bolsa estão oscilando ao sabor de dados e de preocupações sobre a economia do Brasil e dos Estados Unidos.
Controlar bem os fundamentos e expectativas da economia é tão necessário quanto evitar incêndios. E o que o Banco Central fez nesta sexta-feira (30) foi apagar uma fogueira – considerada pequena – para evitar riscos maiores de alastramento. Vendeu em dois leilões dólares – uma oferta de US$ 1,5 bilhão no total. Segundo analistas – e o próprio presidente do Banco Central – foi para controlar uma alta pontual de uma saída de dólares do país prevista pelo mercado.
“O câmbio ser flutuante tem uma função porque ele absorve os choques. O Banco Central tem um volume enorme de reservas. Eu acho que todos já discutiram sobre isso. Imagino que todos que estejam aqui, que sejam do mercado, já saibam disso. Cabe ao Banco Central mapear qual é o tamanho desse desbalanceamento, quanto precisa para suprir esse fluxo que é atípico”, diz Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central do Brasil.
Avanço do dólar comercial durante a semana
Jornal Nacional/ Reprodução
As atuações do Banco Central não conseguiram impedir o avanço do dólar comercial. A moeda americana, que passou a semana toda em alta, fechou nesta sexta-feira (30) a R$ 5,63. O dólar valorizado é um risco por alimentar elevação de preços e perigo a mais de inflação. As incertezas em relação à economia americana têm pressionado o câmbio no mundo todo.
“Essa desaceleração do Estados Unidos tem um questionamento muito importante: o que que significa isso em termos de juros para os Estados Unidos e de juros para o resto do mundo? A gente tem um dado ainda de alguns dados ainda importantes até a decisão é do FED e pela precificação e pelo que o mercado espera, o new ciclo pode se iniciar em setembro com uma queda de 25 ou né até uma queda maior “, diz oberto Campos Neto.
Outra frente de combate a incêndios econômicos é a da dívida pública, e houve anúncio nesta sexta-feira (30) de que esse perigo aumentou. As contas do governos federal, estaduais, municipais e das empresas estatais registraram um déficit, um rombo, maior que o esperado: chegou a R$ 21,3 bilhões.
A dívida pública bruta do Brasil como proporção do PIB – o conjunto de bens e serviços produzidos no país em um determinado período – passou de 77,8% para 78,5%. Além da redução no desemprego, a Bolsa de Valores brasileira tem oferecido um certo respiro em meio a nuvens de fumaça. Essa semana, bateu um novo recorde de pontos. Nesta sexta-feira (30), fechou praticamente estável, acima dos 136 mil pontos. Em agosto, subiu mais de 6,5%.
“A economia brasileira está bem. Ela vem crescendo. O setor exportador vai bem, o Brasil fez reformas. O nosso calcanhar aqui é a questão da dívida pública. Existe uma desconfiança de que o governo não vai ter condições políticas para realmente controlar essa trajetória que a gente vê hoje, e isso acaba impondo uma pressão no câmbio, pressionando o custo das empresas e, no final do dia, exigindo mais taxa de juros, portanto, menos crescimento”, afirma Roberto Padovani, economista do Banco BV.
O presidente Lula disse nesta sexta-feira (30) em uma rádio na Paraíba que está na expectativa de que Gabriel Galípolo, indicado por ele como futuro presidente do Banco Central, faça o que chamou de “coisas corretas” depois que passar pela aprovação do Senado.
“Se tiver que baixar juro, baixa. Se tiver que aumentar, aumenta. Mas tem que ter uma explicação, porque o papel do Banco Central não é só medir juros não. Ele tem que ter meta de crescimento também”, diz.
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