Candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSB foi a última a ser sabatinada pela GloboNews e afirmou que planeja criar em todas as 32 Subprefeituras da capital um Centro de Tecnologia e Controle – ao custo de R$ 1 milhão a unidade. Tabata afirma que não irá aumentar a tarifa de ônibus de SP e que vai manter tarifa zero aos domingos
A candidata a prefeita de São Paulo Tabata Amaral (PSB) se comprometeu, em entrevista à GloboNews na noite desta sexta-feira (30), a não aumentar o valor da tarifa de ônibus e a manter a tarifa zero aos domingos, caso vença a eleição em outubro.
“Eu vou manter a tarifa zero aos domingos e vou manter o preço da tarifa, mas a gente não tem a menor condição de expandir a tarifa zero para outros dias”, afirmou.
✅ Clique aqui para se inscrever no canal do g1 SP no WhatsApp
E completou: “A prefeitura coloca hoje R$ 10 bilhões no transporte público [em subsídio]. Para a gente ter a tarifa zero todos os dias, seria [necessário] pelo menos mais R$ 10 bilhões. De onde é que vamos tirar esse dinheiro, quando a gente tem muitos investimentos sérios e urgentes a serem feitos hoje no transporte público? A gente vai precisar de mais recurso para fazer a eletrificação da frota, fazer um planejamento bem-feito, para a gente expandir faixa exclusiva de ônibus, fazer um redesenho das linhas”.
A candidata prometeu também investir em tecnologia para reduzir roubos de celulares na capital, mapeando quem vende o produto fruto do crime. “Pegar o celular de volta [do criminoso] é muito importante. É devolver esse aparelho que a pessoa ainda está pagando. Mas o que a gente precisa fazer é começar a mapear quem é que vende celular roubado aqui em São Paulo. Qual é box, qual é a loja, qual é o shopping e ter coragem de fechar esses estabelecimentos.”
Segundo ela, o trabalho precisa ser feito em conjunto com o governo do estado. “A gente tem muita convicção que esse trabalho bem-feito, junto com o governo do estado, de articulação, pode trazer muita solução para a gente.”
Aliado a isso, disse que irá criar em todas as 32 Subprefeituras um Centro de Tecnologia e Controle. “Porque São Paulo é muito grande. Não dá para esperar que lá da Sé eu enxergo o problema de Marsilac. Qual a proposta? É o investimento de R$ 1 milhão por subprefeitura. É ter um Centro de Tecnologia em que Polícia Civil, Polícia Militar e GCM trabalhem conjuntamente e acessem as mesmas informações.”
Acusações
Na quinta colocação da disputa eleitoral, segundo a última rodada da pesquisa Quaest, divulgada nesta quarta-feira (28), a candidata do PSB distribuiu críticas a seus adversários, tendo Pablo Marçal (PRTB) como o alvo principal.
“Pablo Marçal colocou muito dinheiro para ele ser conhecido. Até aí ok, é o trabalho dele e ele coloca toneladas de dinheiro e se fez conhecido assim. Não tem mágica. Quem é honesto e faz um caminho diferente tem um pouco mais de dificuldade. Qual é questão do Pablo Marçal? É que chegou o período eleitoral, e ele não parou de fazer isso”, afirma a pessebista, ao se referir ao motivo pelo qual a Justiça Eleitoral suspendeu as redes sociais do candidato do PRTB.
“O Datena [PSDB] saiu da TV, mas o Pablo Marçal continuou fazendo uma coisa que é vedada pela lei: ele está pagando pessoas. Isso por si já é vedado, a única pessoa que pode impulsionar conteúdo é o perfil oficial da candidata. Então, têm perfis que não são os oficiais que estão impulsionando todos os dias conteúdo dele. Isso já é contra a lei.”
E finalizou: “Segunda coisa que é contra a lei: ninguém sabe quem são essas pessoas, ele não declara esse dinheiro, a gente não sabe quem financia, quem banca a candidatura dele. Não é justa a competição. Alguém que tem financiamento ilegal, tem um nome bem conhecido para isso: é caixa dois o que ele está fazendo. Alguém que se financia por financiamento ilegal, com dinheiro que a gente não sabe de onde vem, não sabe quanto é, consegue entrar em mais casas que eu. Não está sendo justo”.
Sobre os outros dois principais rivais, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), Tabata diz que não se pode ficar calada diante do “avanço do crime na política”, se referindo a denúncias de que membros do PRTB tenham ligações com a facção criminosa PCC. “Muito me espanta ver meus adversários calados. E venho ressaltando. O estranho para mim não é que eu tenha coragem de me posicionar, é que o Boulos e o Nunes não tenham nada a dizer sobre isso. Só depois de eu cutucar bastante que começaram a falar alguma coisa.”
“Eu tenho clareza que Boulos não fala que o Pablo Marçal tem todo indício de ser ligado ao crime porque ele quer ir para o segundo turno contra o Pablo. Ele sabe que ele tem chance de ganhar a eleição se ele for contra o Pablo. Se ele for contra mim ou se for contra o Nunes, ele não tem chance. A mesma coisa para o Nunes, que está fazendo de tudo para ter o apoio do [ex-presidente Jair] Bolsonaro para ter o apoio do Pablo no segundo turno. Mas até que ponto vai esse vale-tudo da eleição? Eu a princípio não disputo voto com o Pablo”, analisa.
Questionada se teve de aumentar sua segurança pessoal após o início da campanha, ela afirma que não é um tema que traria para a entrevista, mas admite estar “cuidando disso”.
“Tenho total consciência do impacto das minhas falas e dos interesses com os quais eu estou mexendo. Se eu não tiver coragem para fazer isso nessa eleição, então não estou pronta para ser prefeita de São Paulo. Isso aqui não é um docinho de coco. Para ser prefeita de São Paulo tem que enfrentar questões como essa que acontecem na Cracolândia. Não é um papel de perseguição, mas é de mostrar para as pessoas o que está acontecendo, é de tomar as providências quando são necessárias”, afirma.
A candidata Tabata Amaral (PSB) durante entrevista à GloboNews
Reprodução/GloboNews
Saúde
Questionada sobre propostas para reduzir as filas para exames e a demora no atendimento da rede municipal da Saúde, Tabata disse que pretende usar tecnologia para integrar os equipamentos de todas as regiões da cidade, para “enxergar o que acontece, gerir melhor essa fila, e o nosso objetivo é integrar a rede municipal ao Cross, que é rede estadual. O que a gente quer é terminar o mandato com a pessoa tendo um aplicativo, podendo fazer isso por WhatsApp”.
Outra promessa é ampliar a atuação do programa Saúde da Família. “São Paulo, hoje, quando a gente se compara com outras capitais da região Sudeste, tem o pior percentual de cobertura de Saúde da Família. Que é o quê? Médico, clínico-geral , enfermeira, técnico em enfermagem que estão ali para esse primeiro atendimento, e que conhecem aquela família. A gente tem o objetivo, uma meta ousada, que é ampliar para 75% de cobertura. Pq hj é menos de 60%. Tem muita gente que não tem convênio médico e fica descoberto, por isso que falta médico e por isso que as pessoas ficam tantas horas [aguardando atendimento]. É um investimento grande, a gente está falando de colocar R$ 1,5 bilhão a mais na Saúde.”
Alckmin e Eduardo Campos
Ao ser indagada sobre a falta de efetividade de seu padrinho em São Paulo, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), a candidata afirmou que ele “leva muito a sério o serviço público” e, por ser vice e ministro, “de segunda a sexta, tenho meu principal apoiador político trabalhando em Brasília, e o que eu posso contar com ele são os finais de semana”.
Depois, ao falar sobre dialogar com representantes de grupos diferentes dos dela para negociar espaço no governo, citou o sogro Eduardo Campos, líder do PSB que morreu em 2014. “Foi um grande político, conseguiu juntar pessoas que a gente jamais imaginaria que pudessem estar juntas e que tinha um governo absolutamente técnico, com muita entrega para a população. Foram tão ruim esses últimos anos no Brasil, porque parece que você sentar com alguém que pensa diferente de você, necessariamente, será na base da corrupção, e não foi assim. Vamos pensar o que foi o governo do Serra, vamos pensar o que foi o governo da Marta, Erundina. Governos que, outros mais e outros menos, mas que governaram para além dos seus partidos, e sem grandes escândalos de corrupção.”
Disse também ser a “única candidata” em São Paulo a ter interlocução com o presidente Lula (PT) e o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Tabata foi a última a participar da série de entrevistas da GloboNews com os candidatos a prefeito da capital paulista no “Central das Eleições”. As sabatinas foram conduzidas por Natuza Nery. Aconteceram ao vivo e tiveram 1h30 de duração.
Os comentaristas Gerson Camarotti, Julia Duailibi, Andréia Sadi, Daniela Lima e Mônica Waldvogel fizeram perguntas aos candidatos.
Candidatos à Prefeitura de São Paulo são entrevistados esta semana na GloboNews
Divulgação
GloboNews entrevista candidatos a prefeito do Rio e de São Paulo