Capa do álbum ‘Estopim’, de Chico Chico
Arte de Pedro Hansen
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: Estopim
Artista: Chico Chico
Cotação: ★ ★ ★
♪ Francisco Ribeiro Eller se confirma filho da mãe no álbum Estopim. Além do timbre vocal rascante, o cantor, compositor e instrumentista carioca herdou de Cássia Eller (1962 – 2001) o espírito indomado. Chico Chico sempre se mostrou desprendido, imune aos vírus e aos vícios do mercado do disco.
A gravadora Deck tem investido em Chico desde o ano passado, mas já deve ter percebido que ele não tá nem aí para os mandamentos da indústria pop.
O álbum Estopim é o retrato da independência artística de Chico Chico. Nem a produção musical de Rafael Ramos e Pedro Bernardes enquadra o som do artista na moldura pop vigente. Não há hits em potencial.
O disco totaliza 11 faixas que combinam elementos de rock (perceptível na pegada potente de Toada, parceria de Chico com João Mantuano), de folk – ponto de partida de Vai, canção de Chico com Sal Pessoa – e de um regionalismo vintage, mote de Altiva, outra música de Chico e Pessoa, gravada com Juliana Linhares, nome já recorrente em feats. de artistas que põem um pé na música nordestina.
Chico Chico se mantém fiel à própria turma no álbum Estopim. Os já mencionados João Mantuano e Sal Pessoa se repetem ao longo da ficha técnica. Julia Vargas, parceira de palco em outra era, também comparece, como convidada (apagada) de Urmininu, composição de Chico e Mantuano.
Enfim, Estopim é álbum fiel ao espírito da música de Chico Chico e, por isso mesmo, vai manter inalterado o status do artista. E isso significa que o cantor continuará sendo ouvido dentro no nicho em que se acomodou, sem ambição de subir de patamar no mercado à custa de fórmulas artificiais.
Da vinheta inicial Parte de mim à faixa final Parado no vento (ambas músicas de autoria de Tui Lana), o álbum Estopim detona com qualquer fórmula mercadológica.
Sim, Chico Chico é filho de Cássia Eller e o sangue fala mais alto neste disco feito com alma e honestidade.