26 de dezembro de 2024

Riso é coisa de mulher: mostra destaca a cena do humor protagonizada por mulheres, em Belém

Mostra Grotesca Gruta lança os holofotes para o humor feito por mulheres, sob uma perspectiva contemporânea e decolonial. A programação traz oficinas, bate-papo e espetáculos ao espaço Casa SESC. Antônia Vilarinho, Ana Marceliano e Andréa Flores: mulheres pretas e afroamazônidas que dedicam a vida à arte do humor
Divulgação
Rir é o melhor remédio. O dito popular é levado a sério pelas artistas e pesquisadoras Ana Marceliano, Andréa Flores e Antônia Vilarinho, mulheres pretas e afroamazônidas que dedicam a vida à arte do humor. Misturando ancestralidade cabocla, cultura de terreiro e causos do cotidiano feminino, o trio promove a Mostra Grotesca Gruta, e lança os holofotes para o humor feito por mulheres, sob uma perspectiva contemporânea e decolonial. A programação traz três oficinas inéditas, bate-papo e três espetáculos ao espaço Casa SESC, na Boulevard Castilhos França, em Belém.
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Neste encontro a comicidade feminina tem como foco a mulher enquanto desvio social, abarcando o que foge a um padrão de normalidade e normatização do feminino na sociedade, a doença, a velhice, a loucura, o corpo fora dos padrões, as cicatrizes, as secreções, a reprodução e a não-reprodução, as máscaras-corpo, maquiagem e próteses, são assuntos que emergem do debate que envolve a comicidade feminina visceral que a mostra propõe.
Pesquisadoras
Mulher preta, doutora e mestra pela Universidade Estadual de Santa Catarina, Antônia Vilarinho se debruça sobre a pesquisa “Palhaçaria de Terreiro – Um Caminho de Corporeidades Afro centradas para Processos Criativos des Palhaces”. Artista há mais de 30 anos, Vilarinho é diretora-residente no Centro Coreográfico do Estado do Rio de Janeiro, orientando a pesquisa cruzando com a dança a Palhaçaria de Terreiro e Corpo Mandinga com direção de espetáculo.
Antônia tem formação em Palhaçaria para hospitais no Institut Le Rire Médecin, Paris, França. Estudou na Escola de Circo Picolino, em Salvador. Faz curadoria para festivais de palhaçaria, além de já ter atuado como assessora na área de circo da Fundação Nacional de Artes – Funarte, em Brasília. Desde 2001, ministra oficinas de Iniciação em Palhaçaria, formação para o contexto hospitalar, treinamento técnico para atores, palhaces e direção de números, espetáculos, entre outros, dialogando com a Capoeira Angola, os saberes ancestrais e a Cultura Popular e os festejos tradicionais brasileiros para os estudos de palhaçaria.
Ana Marceliano é artista, pesquisadora, professora de teatro, arteterapeuta, produtora cultural, desenvolve de forma permanente projetos culturais, espetáculos, shows e formações artísticas, como atriz, palhaça, bufa, performer, cantora, compositora, pesquisadora, professora, produtora, dramaturga e diretora. É formada pelo curso técnico em Ator da ETDUFPA (2009) e pela Licenciatura em Teatro da UFPA (2013); especialista em Arteterapia pela CENSUPEG /RJ (2019) e mestranda em Artes pelo Programa de pós graduação em Artes da UFPA (2023).
Ao longo de 25 anos de trajetória artística ministrou mais de 40 cursos/oficinas e produziu mais de 90 trabalhos artísticos entre o teatro, a música, a performance e o audiovisual. Como artista pesquisadora atua em projetos transdisciplinares envolvendo principalmente os campos da saúde, educação e artes (teatro, música, artes visuais, performance, audiovisual).
Andréa Flores é diretora, atriz, palhaça, dramaturga, professora e pesquisadora de Teatro. É doutora em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG e professora efetiva da Escola de Teatro e Dança da Universidade Federal do Pará (ETDUFPA). Flores é fundadora do Coletivas Xoxós, grupo teatral de Belém, atuante há dez anos na cidade; e também integra o coletivo Filhos de Iracema, formado por artistas de terreiro. Flores é coordenadora do Laboratório Criaturas, projeto voltado à pesquisa artística de comicidades e decolonialidades na Amazônia.
Programação
A programação começa com a série de oficinas: “Corpo-mandinga”, com Antônia Vilarinho; “Tá rindo de quê? Dramaturgias decoloniais do corpo cômico”, com Andrea Flores; e “Isso não é um bufão”, com Ana Marceliano.
Em seguida, as artistas apresentam trabalhos solo ao público. Em “Meu poema imundo”, Andréa Flores aparece no corpo de uma mulher gorda, que habita um espaço subterrâneo e marginal, enquanto produz vida à revelia dos padrões esperados na sociedade. “Um corpo-obra poética, uma máquina-de-fazer-poesia, tufão! Meu poema convida os espectadores a presenciarem, ao alcance do tato, uma bufa amazônida entre histórias atravessadas por risos ácidos, de uma existência insistente, pesada, descomunal e potente. O espetáculo celebra a poesia, o riso e o risco de ser desproporcional”, diz.
Antônia Vilarinho apresenta “A mulher festa”, espetáculo que une a capoeiragem e a palhaçaria, inspirado nas macumbarias do riso e o teatro-baile para criar a palhaçaria-festa surge do impulso de pesquisa e de vida da artista pesquisadora da palhaçaria de Terreiro Antônia Vilarinho. A obra é um desdobramento da sua caminhada acadêmica no doutorado em Artes da Cena (UDESC), trazendo à tona questões referentes à Palhaçaria Preta e suas reverberações no campo da cena contemporânea. O espetáculo apresenta um diálogo muito pertinente sobre o reinventar-se enquanto mulher negra de origem nordestina e seus floresceres, vistos de forma invisível e outsider. Antônia é uma precursora dessa discussão afrocentrada existente na palhaçaria e seus estudos remontam percepções e pesquisas que agora se transformarão num espetáculo.
Ana Marcelino apresenta a obra “Quem procura cura”. No espetáculo, a bufa Darcy atende em seu “Consultório de psicologia popular de rua”. São consultas duvidosas, de ordem espiritual, psíquica, material e motivacional. É de forma cômica que este ser bufão se revela ao público com a promessa de cura para todos os males. Quando o atendimento é mais complicado e a cura exige magia mais poderosa, Darcy recorre ao auxílio de sua mãe, e se ainda assim o caso não for solucionado, Darcy recorre ao auxílio de sua avó, uma cobra coral, chamada Honorata, criatura que um dia já fora humana, mas hoje é encantada em forma de cobra e traz consigo mistérios e saberes mais antigos e poderosos.
Serviço:
Mostra Grotesca Gruta, de 2 a 6 de setembro, promove 3 espetáculos, 3 oficinas e um bate papo: “Grotesca Gruta – Comicidade feminina visceral”, no espaço Casa SESC localizada na Boulevard Castilhos França, 277 – Campina; em frente à Estação das Docas. Realização SESC e Circo Matutagem.
A inscrição nas oficinas pode ser feita diretamente na Casa Sesc ou Sesc Ver-o-Peso e por meio do site: https://sesc-pa.com.br/
ESPETÁCULOS:
mEU pOEMA iMUNDO – com Andréa Flores
Data: 4 de setembro de 2024
Horário: 19:30h

A mulher Festa – com Antônia Vilarinho
Data: 5 de setembro de 2024
Horário: 19:30h

Quem Procura Cura – com Ana Marceliano
Data: 06 de setembro de 2024 (sexta)
Horário: 17h
ENCERRAMENTO
Roda de Conversa “GROTESCA GRUTA : Comicidade Feminina Visceral”
Data: 06 de setembro de 2024 (sexta)
Horário: 19h

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