20 de setembro de 2024

Estudo expõe a perigosa carga emocional que pesa sobre cônjuges de pacientes com câncer

Risco de suicídio aumenta entre cuidadores familiares próximos, mostrando que eles necessitam de mais apoio O sofrimento que representa receber um diagnóstico de câncer é algo esperado por parte dos médicos, mas tal provação não se restringe ao doente e envolve todo o núcleo familiar. Ansiedade, estresse e a exaustão que resulta de uma rotina de cuidados para aliviar o dia a dia de uma pessoa que luta contra uma doença grave cobram um preço. Embora existam protocolos para avaliar e lidar com a angústia dos pacientes, o mesmo não se aplica aos familiares mais próximos – especialmente os cônjuges que se tornam cuidadores. Essa dor fica oculta e pode ter consequências devastadoras, segundo a epidemiologista Weiva Sieh, do MD Anderson Cancer Center, situado no Texas (EUA).
Câncer: cônjuges de pessoas diagnosticadas com a doença têm um risco maior de tentativa de suicídio e morte
PCPics para Pixabay
Estudo publicado há duas semanas na revista científica “JAMA Oncology” afirma que cônjuges de pessoas com câncer têm um risco maior de tentativa de suicídio e morte, principalmente no primeiro ano após o diagnóstico. “O sofrimento psicológico dos pacientes é largamente conhecido e antecipado, mas o dos cônjuges não é reconhecido na mesma medida. O importante é detectar logo o problema, porque questões envolvendo a saúde mental podem ser tratadas”, explicou Sieh, que escreveu o editorial da publicação.
Os pesquisadores usaram o banco nacional de dados da Dinamarca, o que possibilitou mapear não somente os registros médicos de indivíduos diagnosticados com câncer, mas também os de seus parceiros – incluindo seu histórico mental. Com base na análise das informações, as chances de tentativa de suicídio aumentavam 1.28 entre os cônjuges de doentes, em comparação com aqueles casados com pessoas saudáveis. Já o risco de morte resultante de suicídio crescia 1.47.
De acordo com Fang Fang, professora de epidemiologia no Karolinska Institute, na Suécia, e autora sênior do estudo, casos agressivos de câncer estavam associados a um quadro de maior carga mental para os parceiros, que se tornava ainda mais agudo se o esposo ou esposa morria. Os dados abrangeram quase 410 mil dinamarqueses e o trabalho cobriu o período entre 1986 e 2016.

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