O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou nesta terça-feira (19) que a delação premiada de Ronnie Lessa foi homologada. Mônica Benício, viúva de Marielle Franco
Gustavo Wanderley/g1
A viúva de Marielle Franco, Mônica Benício, comentou na noite desta terça-feira (19) o pronunciamento do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, dizendo que a delação premiada de Ronnie Lessa, o policial que está preso pelo assassinato de Marielle Franco, foi homologada.
Segundo Mônica, que atualmente também é vereadora do Rio, a homologação é “mais um passo importante na direção da conclusão do caso, pela qual lutamos e esperamos há 6 anos”. Ela acrescentou porém, que a família não aguenta “mais a falta de respostas sobre quem mandou matar Marielle e nem promessas vazias sobre especulações de prazos que não se sustentam, só servem pra aumentar a nossa dor e a nossa ansiedade”.
“Isso é desrespeitoso conosco, familiares e amigos que perdemos pessoas amadas e vivemos com a ausência de justiça”, afirmou.
Segundo Mônica, o “pronunciamento do Ministro em nada colabora com a esperança, apenas aumenta as especulações e uma disputa de protagonismo político que não honram as duas pessoas assassinadas”.
“Transformar os fatos deste caso num espetáculo já virou prática corriqueira de diversos veículos de imprensa, contra a qual tenho lutado duramente. O que me causou surpresa, realmente, foi ver um Ministro de Estado agir do mesmo modo, em especial, com o fechamento vazio de seu pronunciamento, ao dizer ‘brevemente pensamos que teremos resultados concretos”, disse Mônica.
“Queremos respostas concretas. Espero que a próxima coletiva convocada seja para fazer um pronunciamento de ordem concreta e realmente comprometida com a justiça”, finalizou.
Marielle e o motorista Anderson Gomes foram assassinados em 14 de março de 2018. Segundo as investigações, o autor dos disparos foi Lessa — preso desde 2019.
A delação de Ronnie foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Quando faz uma delação, o investigado se compromete com a Justiça e com o Ministério Público a contar o que sabe sobre um crime em troca de redução da pena.
A polícia investiga quem são os mandantes da morte de Marielle. Segundo Lewandowski, após a homologação da delação, a conclusão do caso será “breve”.
“Nós sabemos que esta colaboração premiada, que é um meio de obtenção de provas, traz elementos importantíssimos que nos levam a crer que em breve teremos a solução do assassinato da vereadora Marielle Franco”, afirmou o ministro da Justiça.
Outro acusado pelo crime, Élcio de Queiroz, que dirigiu o carro usado no crime, já tinha feito uma delação, também já homologada.
Irmã vê ‘esperança’
A irmã de Marielle, a ministra Anielle Franco (Igualdade Racial), comentou o anúncio de Lewandowski. Ela afirmou que tem expectativa de solução para o caso em breve.
“Minha mãe está comigo em Brasilia. Estávamos as duas assistindo. Mais um passo dado, e confiamos nesse trabalho que está sendo desenvolvido”, relatou a ministra.
“Esperança de mais um passo dado e algo concreto em breve”, completou.
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