11 de janeiro de 2025

Rua de bairro que quase ‘virou’ boliviano ganha acesso improvisado após cheia histórica em cidade do AC

Reconstrução completa pode demorar até oito meses. Local está sinalizado com várias placas alertando sobre desmoronamento. Rua que dá acesso ao bairro Leonardo Barbosa, em Brasiléia, e que quase ‘virou’ boliviano, tem acesso improvisado
Asscom/Prefeitura de Brasiléia
A rua que quase rompeu em meio à cheia do Rio Acre em Brasiléia, no interior do estado, e poderia ter impossibilitado o acesso ao bairro Leonardo Barbosa, deixando o bairro inteiro do lado boliviano, tem agora um acesso improvisado para que os moradores possam transitar pela cidade. A prefeitura do município explicou que a medida foi tomada até que haja providência definitiva.
A única rua que liga o bairro Leonardo Barbosa ao resto da cidade de Brasiléia quase foi levada de vez pelas águas do rio, deixando a região conectada à vizinha Bolívia e apartada do território brasileiro. Os moradores temiam que, dessa forma, a Bolívia reivindicasse a região.
👉 Contexto: O trecho do Rio Acre que corta o município de Brasiléia, no interior do Acre, alcançou 15, 66 metros, uma nova marca histórica, e deixou pelo menos 80% da cidade debaixo d’água neste ano. Agora, as águas já baixaram e o rio está em menos de 6 metros.
De acordo com a Defesa Civil do Município de Brasiléia, a cratera que se formou na rua do bairro Leonardo Barbosa tinha 40 metros de extensão, 15 metros de largura e 4 metros de profundidade.
Rua que dá acesso ao bairro Leonardo Barbosa no dia 1º de março, após baixa do Rio Acre; e tráfego no local após 19 dias
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O bairro fica na periferia da cidade e tem cerca de 1,1 mil moradores, segundo a Assistência Social do município. O total da área do bairro, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), é de 44 hectares, o equivalente a 66 campos de futebol.
A prefeitura esclarece que agora o local está sinalizado com várias placas, indicando risco de desmoronamento. O órgão ainda comunicou que o novo acesso ao bairro é provisório e a solução definitiva vira quando a prefeitura conseguir refazer a estrutura da rua.
“Não há previsão para a reconstrução definitiva do local, pois a cidade ainda está na fase de ação humanitária e restabelecimento, por conta do cenário de destruição que a cidade ficou após alagação. Pode levar até oito meses para finalizar essa primeira fase de restauração da cidade”, disse a assessoria da prefeitura do município.
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No dia 28 de fevereiro, o nível do Rio Acre chegou a 15,58 metros no município. Com isso, superou a marca registrada em 2015 em Brasiléia, de 15,55 metros, naquela que até então era a pior cheia da história da cidade, quando as águas do manancial cobriram 100% da área urbana
Em 29 de fevereiro, esse trecho do rio em Brasiléia, começou a apresentar os primeiros sinais de que estava secando. Houve uma diminuição do rio em 38 centímetros e a partir de então, escoou até abaixo da cota de alerta.
Bairro Leonardo Barbosa, na cidade fronteiriça de Brasileia
Arte/g1
Situação é antiga
O g1 fez um alerta sobre uma possível “separação” do bairro em 2013 após a cheia que atingiu o município no ano anterior. Naquela época, o geólogo do Instituto de Pesquisa da Amazônia (Ipam), Pavel Jezek, explicou que havia risco do território onde fica o bairro ser separado do restante do munícipio de Brasiléia, caso ocorresse uma grande enchente.
“A causa do processo de erosão no bairro Leonardo Barbosa é o rio, cuja vazão, quantidade de água por unidade de tempo, varia entre seca e cheia. Em situação de cheia aumenta a velocidade e a intensidade de erosão”, disse à época.
Em 2015, quando Brasiléia havia alcançado a então maior enchente de sua história, o risco gerou ainda mais preocupação aos moradores. Apesar de o país vizinho nunca ter demonstrado interesse nas terras, os moradores temem passar a viver do lado boliviano.
Em 2021, seis anos após a então maior cheia, o Instituto Nacional de Proteção da Amazônia (Inpa) disse que a situação estava estabilizada, mas que não era possível ver alguma obra efetiva para contornar o problema, caso ocorresse uma cheia como aconteceu em 2015.
Imagens mostram que bairro do AC que poderia virar território da Bolívia não apartou
VÍDEOS: g1

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