10 de janeiro de 2025

Santarém está entre as três piores cidades brasileiras no ranking de saneamento básico

Nas primeiras posições de melhores do Ranking, aparecem cidades do Sudeste e Sul do país. Coleta de água em residência de Santarém para controle de qualidade é realizada pela Companhia de Saneamento do Pará
Ascom Cosanpa / Divulgação
Santarém, no oeste do Pará, com 331.942 habitantes segue ocupando a 98ª posição entre as 100 cidades com mais populosas do Brasil, com as piores notas no ranking de saneamento básico, ficando na frente apenas de Macapá (AP) e Porto Velho (RO). A colocação é obtida a partir de estudo do Instituto Trata Brasil, que analisa dados do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). O estudo lista as 20 melhores e as 20 piores no Ranking do Saneamento Básico.
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O ranking é de 2024, mas os dados analisados são referentes ao ano de 2022. Nas primeiras posições de melhores do Ranking, aparecem cidades do Sudeste e Sul do país. Maringá (PR) leva a primeira classificação, seguida de São José do Rio Preto (SP) e Campinas (SP).
De acordo com o ranking, quando o assunto é indicador de atendimento total de água, apenas 48,08% da população de Santarém têm acesso à agua tratada.
Em se tratando do Indicador de Coleta Total de Esgoto, Santarém aparece com apenas 3,81% da população atendida com coleta de esgoto, ocupando a última posição na lista de 100 cidades. E no indicador de Tratamento de Esgoto, ocupa a 96ª posição, com apenas 9,13% do volume de esgoto tratado em relação a água consumida.
Santarém ocupa a 97ª posição no indicador de Investimentos Totais por Habitante. Enquanto o investimento médio dos municípios equivale a R$ 138,68 por habitante no ano de 2022, Santarém teve investimentos totais por habitantes de apenas R$ 34,30, figurando entre os 42 municípios que investiram menos de R$ 100 por habitante. Esse indicador, considera não apenas os investimentos realizados pelos prestadores, mas também pelo poder público, incluindo estados e municípios.
Estação de Tratamento de Esgoto Mapiri, em Santarém-PA
Reprodução/TV Tapajós
De acordo com o Instituto Trata Brasil, nos últimos oito anos do Ranking, 30 municípios distintos chegaram a ocupar as 20 piores posições . Desses, 16 estiveram nas últimas colocações em pelo menos sete edições; 14 dentre os 20 melhores seguem nesse conjunto pelo segundo ano consecutivo, algo que também é visto entre os piores, no qual, 18 dentre os 20 piores seguem nessa lista por duas edições seguidas.
Santarém (PA), Porto Velho (RO), Ananindeua (PA) e Macapá (AP), por exemplo, estiveram sempre nas 10 últimas colocações dentre as 100 maiores cidades do país.
Em Santarém, investimentos em esgotamento sanitário foram realizados nas últimas duas décadas com a construção de duas estações de tratamento de esgoto sanitário (ETE Mapiri e ETE Uruará) com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), além da construção de rede coletora para receber esgoto de 75 mil pessoas, mas ainda estão muito longe do ideal.
Nos bairros periféricos, nas ruas não pavimentadas os moradores convivem com esgoto a céu aberto. E por toda a cidade, são rotineiros os problemas com abastecimento de água. Tubulações antigas, rompimento de adutoras e queima de bombas deixam moradores de áreas populosas por dias sem água nas torneiras.
Esgotamento sanitário em Santarém com obras no centro comercial em 2020
Ascom PMS/Divulgação
Velhos problemas
De acordo com a Presidente-Executiva do Instituto Trata Brasil, Luana Siewert Pretto, a 16ª edição do Ranking do Saneamento divulgada nesta quarta-feira (20), mostra que o tratamento de esgotos é o indicador que está mais distante da universalização nas cidades.
“Esta edição do Ranking destaca que além da necessidade de os municípios alcançarem o acesso pleno do acesso à água potável e atendimento de coleta de esgoto, o tratamento dos esgotos é o indicador que está mais distante da universalização nas cidades, mostrando-se o principal gargalo a ser superado. Temos menos de 10 anos para cumprir o compromisso de universalização do saneamento que o país assumiu para com os seus cidadãos. Ainda assim, cinco capitais da região Norte e três da região Nordeste não tratam sequer 25% do esgoto gerado”, destacou.
Ainda de acordo com Luana Siewert Pretto, neste ano, de eleições municipais, “é preciso trazer o saneamento para o centro das discussões”.
O critério de universalização é o estabelecido pelo Novo Marco do Saneamento: ao menos 99% da população tenha acesso à água potável, e 90%, ao tratamento e à coleta de esgoto.
O Ranking do Saneamento 2024 liga um alerta, tanto para as capitais brasileiras, como também para os municípios nas últimas posições, como é o caso de Santarém, para que possam atuar pela melhoria dos serviços e priorizar o básico, que representa mais qualidade de vida e saúde para a população.
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