Segundo a Confederação Nacional do Comércio, foram vendidos mais de 695 mil aparelhos só em janeiro de 2024 – quase o dobro do que no mesmo período de 2023. Foi o maior volume de vendas em janeiro dos últimos 6 anos. Ondas de calor fizeram aumentar as vendas de ar-condicionado em todo o país
O calor acima do normal que os brasileiros têm enfrentado produziu um efeito positivo no comércio.
Aqui não dá para reclamar do calorão.
“Pior é que não dá mesmo. O calor, na verdade, é nosso amigo. Tem muita gente que reclama dele, a gente gosta”, diz o empresário e engenheiro elétrico Rafael Patta.
Há 12 anos, o Rafael abriu uma empresa que instala ar-condicionado e nunca trabalhou como agora. É tanta gente querendo refresco dentro de casa que o celular dele não para mais. São, em média, dez ligações por dia com pedidos orçamento de instalação, manutenção ou limpeza do equipamento. Perguntado quantos clientes costuma recusar por dia, Rafael responde:
“Olha, vou te falar que, pelo menos, se não adequa na agenda uns três, quatro. Geralmente, os nossos agendamentos estão indo para além de um mês mais ou menos”, conta.
Com tanto serviço, a ideia do Rafael é contratar seis funcionários nos próximos meses. O Gabriel Pereira Belmonte, instalador de ar-condicionado, trabalha com Rafael desde janeiro, e está feliz da vida.
“Estou ganhando bastante, porque a gente, além do nosso salário, a gente tem participação de lucro, comissão, a gente ganha bastante, graças a Deus”, comemora.
Mas tem um problema.
“Quando o ar fica fresquinho, aí que chega a parte triste, que a gente tem que ir embora”, diz Gabriel.
As vendas de ar-condicionado dispararam em todo o país, segundo a Confederação Nacional do Comércio. Foram vendidos mais de 695 mil aparelhos só em janeiro de 2024 – quase o dobro do que no mesmo período de 2023. Foi o maior volume de vendas em janeiro dos últimos seis anos.
Onda de calor: como se forma o fenômeno que é cada vez mais comum no Brasil
Em uma loja, as vendas cresceram 50% em uma semana. A gerente diz que os clientes já chegam decididos.
“Querem produtos com entrega imediata e querem de imediato, pegar e levar. É isso que eles falam. [a gente não consegue fazer isso], não de imediato. Preciso de pelo menos de quatro a seis dias úteis para entregar”, conta a gerente Aline Ferreira.
As buscas por ar-condicionado na internet também aumentaram, segundo um dos maiores sites de comércio eletrônico do país. A alta na semana passada foi de 57% na comparação com a semana anterior.
O professor universitário Jorge Luís Custódio Pereira pesquisou bastante antes de comprar um aparelho para a sala de casa. E já saiu da loja com a instalação marcada para daqui a dez dias.
“A gente já se imagina em um ambiente bem fresquinho”, diz rindo.
LEIA TAMBÉM
Alunos da PUC-SP fazem ‘biquinaço’ contra falta de ar-condicionado nas salas da faculdade
Motorista e passageiro de ônibus da EMTU trocam socos por causa de ar-condicionado quebrado em SP; VÍDEO