Evento realizado na Ilha do Marajó chama atenção pela coreografias e preocupação com a natureza. Concurso ‘Rainha das Matas’ 2024
Reprodução/Redes Sociais
Um concurso de beleza e fantasia queer, realizado no interior da Amazônia, e que usa elementos da floresta e materiais reciclados na confecção de estandartes, figurinos e arranjos. A originalidade surpreende quem se depara com o “Rainha das Matas”, evento que combina diversidade, criatividade e sustentabilidade na cidade de Soure, Arquipélogo do Marajó, no Pará. A 3° edição do evento foi realizada em março, mês de celebração do Dia Internacional das Florestas, nesta quinta-feira (21).
A competição ainda está dando os primeiros passos e nesta edição trouxe sete candidatas que competiram pelo prêmio em dinheiro no valor de R$ 700, junto a coroação e faixa de Rainha. Além disso, foram ofertados às três finalistas um troféu sustentável feito em madeira e cerâmica – que é um símbolo milenar da cultura marajoara.
Trófeu sustentável oferecido as finalistas do concurso ‘Rainha das Matas’
Reprodução/Redes Sociais
Sobre o concurso
A ideia que inicialmente foi criada como uma paródia ao concurso “Rainha das Rainhas”, também paraense, tem como princípio dar visibilidade às candidatas LGBTQIA+ que não tinham recursos financeiros e oportunidades de participar de um concurso tradicional.
A proposta que surgiu como uma brincadeira, agora vem ganhado grande visibilidade e já se tornou um parâmetro de beleza e inventividade na região.
Público do ‘Rainha das Matas’ no Pará
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Segundo o organizador da festa, neste ano cerca de 5 mil pessoas participaram do evento que é totalmente aberto ao público.
“Qual gay não quer viver todo aquele glamour? Foi pensando nisso, como uma brincadeira dentro das matas, que o evento nasceu. Porém, não queríamos só um concurso, também tivemos a ideia de levar a mensagem importante que é a preservação da natureza”, declarou Edenil Gonçalves, idealizador do evento.
Competição
O tema da programação deste ano foi “Sustentabilidade: novos rumos para um planeta em transformação”, para julgar as candidatas os avaliadores fizeram uma análise da beleza estética, figurino, coreografia e criatividade.
Para participar as candidatas precisam se conter a um regulamento bastante descritivo sobre o que podia ou não fazer no evento. Veja abaixo os quesitos avaliados pelos jurados:
Coreografia: contendo diversidade das coreografias, graça, leveza e elegância;
Figurino: contendo harmonia e equilíbrio no tema, valorizando a criatividade com o material utilizado da natureza;
Criatividade: apresentando a beleza da fantasia e interpretação da personagem durante o desfile;
Beleza Estética: é avaliada quanto a adequação ao enredo, a riqueza poética, beleza, bom gosto e também na adaptação a melodia.
A grande vencedora desta edição foi Johanna Aguiar com o tema: Boitatá – A Grande Serpente de Fogo Protetora da Floresta. A referência é de uma história folclórica que fala de uma cobra de fogo com muitos olhos que protege os campos, sobretudo daqueles que tentam incendiar as florestas.
Para a apresentação Johanna deu um show de carisma, chegando a subir na própria fantasia e conseguiu jorrar água pela boca, fazendo o público ir a loucura no momento da apresentação.
Veja abaixo um trecho da apresentação da modelo:
Vencedora do Rainhas das Matas 2024
Além da paraense, as candidatas Adria Savick e Lohanny Sthefany foram coroadas princesas do evento. O segundo lugar foi premiado com R$400 e o terceiro com a metade. As outras participantes receberam um brinde simbólico.
Fantasias e a natureza
Um dos detalhes que chamam atenção nas alegorias são as dimensões que chegam a aparecer com mais de 2 metros de largura, além do peso que são um ponto bastante crucial no momento da apresentação, pois define como a candidata vai se apresentar diante do grau de dificuldade.
Concurso ‘Rainha das Matas’ 2024
Reprodução/Redes Sociais
Johanna, a vencedora deste ano deu alguns detalhes sobre o material utilizado para a peça que apresentou no desfile.
“Usamos vários materiais, como folhas de anajazeiro para fazer as araras, garrafas pets para as borboletas e saco de rafia. A ideia é que fosse reutilizável pra depois servir de decoração”, declarou.
Ainda preocupados com a natureza, a organização do evento declarou no regulamento que nenhuma das candidatas pode utilizar matéria prima industrial, exceto: maquiagem e na armação dos esplendores durante as edições do desfile.
E por medidas de segurança, também é proibido a utilização de fogos de artifício, sinalizadores, objetos cortantes, ou qualquer produto que poderia colocar em risco a natureza, segurança do público e as candidatas.
Outro ponto bastante frisado é o destino sustentável para as fantasias, sendo proibido deixar o material exposto no local do evento. No fim de todas as edições também é realizados o plantio de mudas de ipês com nomes das participantes, promovendo mais áreas verdes para a região.
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