Governador também criticou a falta de câmeras de segurança no complexo de delegacias. O governador Cláudio Castro (PL) disse nesta quinta-feira (21) ter feito “uma cobrança muito dura” ao secretário de Polícia Civil, Marcus Amim, sobre o furto da máquina de cigarros em plena Cidade da Polícia.
Nesta quarta-feira (20), o RJ2 mostrou com exclusividade que uma geringonça de 5 toneladas sumiu do complexo de delegacias especializadas, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O equipamento possivelmente foi furtado em fevereiro de 2023, mas a corporação só descobriu em junho, e a Corregedoria abriu inquérito apenas em novembro.
Máquina de produzir cigarro que foi furtada de dentro da Cidade da Polícia
Reprodução/TV Globo
‘Apuração severa’
“[O furto] já está sendo investigado pela Corregedoria [da Polícia Civil]. Inclusive, a Corregedoria Unificada [de Secretaria de Segurança Pública] já está trabalhando para a gente apurar tudo que aconteceu”, declarou Castro.
“Eu fiz uma cobrança muito dura ao secretário Amim quando eu soube. Determinei uma apuração severa, rigorosa, e que a gente puna quem fez esse malfeito.”
O governador Cláudio Castro
Reprodução/TV Globo
O governador também comentou a falta de câmeras na Cidade da Polícia e citou outro escândalo na instituição — os agentes que “escoltaram” uma carga de maconha pela Via Dutra até o Jacarezinho e acabaram presos.
“Essa é uma crítica que a gente vem fazendo desde a questão do caminhão. Aquilo motivou muito a recriação da Corregedoria Unificada. É uma cobrança que estou fazendo para a secretaria, que a gente melhore a infraestrutura da Cidade da Polícia para que situações como essa não aconteçam mais”, emendou Castro.
Relembre o caso
O equipamento, um MK8 PA7, havia sido apreendido em julho de 2022 numa operação do Departamento-Geral de Combate à Corrupção, ao Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro que libertou 23 paraguaios e 1 brasileiro em situação análoga à escravidão em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
O grupo ficava confinado com a máquina e não recebia salário. Ninguém podia deixar a “fábrica”.
A máquina mede 6 metros de comprimento por 2 metros de altura e pesa 5.000 kg. Consegue produzir 2,5 mil cigarros por minuto. Por determinação da 3ª Vara do Trabalho de Caxias, o trambolho — que estava no depósito de bens apreendidos da Delegacia de Cargas, nos fundos da Cidade da Polícia — foi posto à venda em um leilão, e parte do valor iria para projetos sociais.
O pregão aconteceu no dia 8 de fevereiro do ano passado. A empresa que venceu a disputa online, a Indústria Amazônica de Cigarros Ltda, arrematou o equipamento por R$ 550 mil.
No entanto, uma semana depois, na madrugada do dia 17 de fevereiro, uma quinta-feira véspera de carnaval, a máquina foi furtada.
O sumiço só foi descoberto em junho, quando um oficial de Justiça esteve na Cidade da Polícia, na companhia do representante da empresa vencedora para verificar as condições do bem comprado.
Investigações
Em novembro, 9 meses após o furto, a Corregedoria da Polícia Civil instaurou um inquérito.
A investigação interrogou quase 50 pessoas – todos os policiais que estavam de plantão na portaria da Cidade da Polícia durante o carnaval foram ouvidos. Ninguém viu qualquer movimentação que pudesse explicar a ação dos criminosos.
A investigação acredita que o autor do furto seja alguém com acesso ao depósito, porque o local fica trancado, e poucas pessoas têm as chaves.
Outra conclusão do inquérito é que os criminosos teriam usado um caminhão do tipo Munck, que além da carroceria tem um equipamento parecido com um guindaste para içar peças pesadas, como a máquina que foi furtada.
A conclusão é que o furto não foi uma operação simples, nem silenciosa, e que precisou de mais de uma pessoa envolvida na operação.
A TV Globo apurou que o depósito onde estava a máquina não tem câmera de segurança e, na época do furto, a portaria também estava sem monitoramento por imagem.