10 de janeiro de 2025

Estudantes apresentam projetos de sustentabilidade e responsabilidade social em feira na Universidade de São Paulo

O número de projetos inscritos na Febrace, feira brasileira de ciência e engenharia organizada há 22 anos pela USP, bateu recorde em 2024: 2,9 mil de todo o país. Alunos da educação básica e técnica participam de feira na USP
Alunos da educação básica e técnica apresentaram projetos de sustentabilidade e responsabilidade social em uma feira na Universidade de São Paulo.
É em um caderno de anotações simples que a estudante Anna Nicoly fala do projeto de um super larvicida para combater a dengue. O produto é feito de algas e folhas de mamona, matérias primas fáceis de encontrar em Tibau, no litoral do Rio Grande do Norte. Nos testes, foi mais eficiente do que o larvicida químico.
“No período de cinco horas, o larvicida natural eliminou as larvas do vetor aedes aegypti. Ou seja, mostrou eficiência tanto na eliminação quanto na rapidez da eliminação das larvas”, diz Anna.
A aluna da escola estadual Rui Barbosa é uma das 200 finalistas da Febrace, a feira brasileira de ciência e engenharia que é organizada há 22 anos pela USP. O número de projetos inscritos bateu recorde em 2024: 2,9 mil de todo o país.
“São os primeiros passos não só para carreiras em ciência, tecnologia e engenharia, mas para cidadãos mais conscientes, que sabem fazer escolhas, que são críticos”, afirma Roseli de Deus Lopes, coordenadora da feira.
Um ponto em comum nos projetos apresentados na Febrace é a sustentabilidade: como criar produtos sem provocar poluição ou até resolver o problema da poluição. Com essa ideia na cabeça, um grupo de alunos de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, transformou resíduos de tecido, que é um problema ambiental grave, em uma espécie de madeira, e madeira da boa. Dá para sentar sem medo.
A madeira de tecido, desenvolvida pelos alunos do Senai Plínio Gilberto Kroeff é feita de pano triturado, misturado a resina e prensado. No fim, a chapa é 95% tecido que não vai para o aterro sanitário – vira coisa melhor.
“Uma bancada, uma mesa de classe de uma escola. A gente não precisa criar sempre coisas e retirar da natureza e devolver lixo”, diz o estudante Henrique Mello.
Em um outro projeto, a cerâmica do piso e da pia é feita da concha de sururu, um mexilhão muito consumido no Nordeste e que sustenta 1,6 mil famílias de pescadores na Lagoa Mundaú, em Maceió. Mas se tornou um problema.
“Ele é jogado de forma irregular na beira da lagoa, o que acaba trazendo mau cheiro. Além de doenças e machucados, porque suas conchas viram pequenas lâminas, como facas”, conta o estudante Feliphe Oliveira.
As conchas são trituradas e misturadas a ingredientes, que os alunos da escola estadual Teotônio Vilella Brandão só vão revelar depois de registrarem a patente. Mas eles já contam o objetivo final do projeto: reduzir o descarte de 300 toneladas de conchas por mês na lagoa e ainda melhorar o piso das casas dos pescadores.
“É barro batido, não tem piso dentro. E eles jogam as cascas de sururu em frente à casa deles. Então, a gente está trazendo a matéria prima, fazer o piso e colocar na casa dele assim que todos os testes forem realizados”, diz a estudante Vitória Audálya.

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