10 de janeiro de 2025

Internada em estado grave, sobrevivente de queda de avião no Acre precisa de doações de sangue

Doações podem ser feitas no Hemoacre no nome de Suanne Camelo, de 30 anos, que está internada na UTI do Pronto-Socorro de Rio Branco. Jovem sofreu queimaduras em 80% do corpo durante queda de avião em Manoel Urbano. Suanne Camelo está internada na UTI do pronto-socorro
Arquivo pessoal
Internada na Unidade de Terapia Intensiva do Pronto-Socorro de Rio Branco, Suanne Camelo, de 30 anos, sobrevivente da queda de um avião em Manoel Urbano, interior do Acre, na última segunda-feira (18), precisa de doações de sangue para continuar o tratamento.
A comerciante de Santa Rosa do Purus teve 80% do corpo queimado no acidente e segue entubada no hospital. A jovem foi a primeira transferida do hospital de Manoel Urbano para a capital acreana no dia do acidente. A transferência foi feita com equipes do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência e Emergência (Samu) e do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).
👉 Contexto: Sete pessoas estavam a bordo da aeronave, incluindo o piloto, sendo quatro homens e três mulheres, que estavam seguindo para a cidade de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município de onde decolaram. Sidney Estuardo Hoyle Vega, comerciante de nacionalidade peruana, morreu no acidente, no final da manhã de segunda, e outras seis pessoas ficaram feridas, sendo que duas estão entubadas.
O avião Cessna Skylane 182 tinha capacidade para transportar, no máximo, quatro pessoas. Entretanto, seis passageiros e o piloto estavam dentro da aeronave no momento da queda. Além disso, a aeronave não tinha autorização para atuar como táxi aéreo. Veja detalhes abaixo.
Ao g1 nesta quinta (21), a prima de Suanne, Rhenata Chaves, explicou que são aceitas doações de todos os tipos sanguíneos para a parente. As doações devem ser feitas no Centro de Hematologia e Hemoterapia do Acre (Hemoacre), na capital.
“Estão pedindo qualquer tipo sanguíneo. É só ir lá e dar o nome dela. A única informação que eu posso passar no momento é que o estado dela é gravíssimo. Ela continua na UTI, entubada, em coma e respirando por aparelhos. Eu que estou pegando o boletim médico dela”, confirmou.
Sobre a possibilidade de transferência da comerciante, a prima disse que o quadro clínico de Suanne ainda não permite que ela seja levada para outro estado. “Os médicos estavam querendo transferir, mas no estado clínico que ela se encontra não pode ser transferida”, resumiu.
O noive de Suanne, Mateus Jeferson Fonte, 26 anos, também estava na aeronave e se recupera dos ferimentos no pronto socorro.
Estado dos sobreviventes
Amélia Cristina, Bruno Fernando, Roney Mendes, Suani Camelo e Mateus Jeferson são cinco dos seis sobreviventes da queda de avião em Manoel Urbano, no Acre
Arquivo pessoal
Os sobreviventes da queda do avião podem ser encaminhados para fora do Acre para tratamento das queimaduras em um hospital com unidade de grandes queimados. Três deles têm, pelo menos, 40% do corpo queimado.
“Estamos todos de prontidão, inclusive a UTI [Unidade de Terapia Intensiva]. E eles estão fluindo e espero que saiam desse quadro. [Quero] Deixar bem claro aqui, o secretário Pedro Pasqual informa que se esses pacientes estabilizarem, como são grandes queimados, o secretário está vendo para tentar transferir eles para uma unidade de grandes queimados fora do estado, caso eles tenham condições de ser transferidos”, afirmou diretor do Pronto-Socorro de Rio Branco, Lourenço Vasconcelos.
Os pacientes que estão no Pronto-Socorro de Rio Branco são:
Amélia Cristina, 28 anos, biomédica [está entubada, na UTI e teve 70% do corpo queimado];
Bruno Fernando dos Santos, 36 anos, dentista [estável, ele se encontra na enfermaria, com queimaduras leves e ferimento na cabeça];
Roney de Souza Mendes, 59 anos, piloto [está na UTI, entubado e teve 40% do corpo queimado];
Suanne Camelo, 30 anos, comerciante [está na UTI e teve 80% do corpo queimado, ela veio entubada de Manoel Urbano e permanece neste estado];
Mateus Jeferson Fonte, 26 anos [estável, ele teve queimaduras leves e foi para o centro cirúrgico fazer a limpeza dos ferimentos];
As vítimas começaram a ser transferidas para Rio Branco no último dia 18 de março. A primeira a chegar na capital foi Suanne Camelo, transferida de helicóptero para o pronto-socorro da capital em estado grave e entubada.
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Algumas vítimas vieram de helicóptero para Rio Branco nesta segunda-feira (18)
Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre
Logo depois, outra aeronave trouxe outros três sobreviventes: o casal Amélia Cristina e Bruno Fernando e o piloto Roney Mendes. Mateus Jeferson foi trazido para a capital de ambulância e Deonicilia Kaxinawá ficou em Manoel Urbano.
Conforme a direção do PS, os três pacientes considerados mais graves: Suanne Camelo, Valdir Roney de Souza Mendes, 59 anos [piloto do avião]; e Amélia Cristina Rocha, 28 anos; passaram por cirurgias de desbridamento, ou seja, remoção de tecido não-viável, e estão na UTI.
As vítimas estão sendo atendidas por uma equipe multidisciplinar do pronto-socorro. Segundo o diretor, assim que a unidade soube do acidente, montou-se uma equipe com médicos, cirurgiões, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas para atender os feridos.
A adolescente Deonicilia Salomão Kalisto Kaxinawá, de 15 anos, se encontra estável e em recuperação no hospital de Manoel Urbano, onde ocorreu o acidente. Ela é uma das passageiras que se feriu com menos gravidade.
A jovem teve queimaduras de 2º grau em um dos braços e machucou o pé. O g1 conversou com a tia da adolescente, Maria do Carmo Kalisto, que está acompanhando a sobrinha no hospital. A menina narrou para ela que o avião estava lotado e tentou desistir, mas foi convencida a voar. A mala dela chegou a ser retirada do avião e ela embarcou apenas com uma bolsa.
Avião caiu em Manoel Urbano
Arte g1
Sem permissão para táxi aéreo
O avião Cessna Skylane 182 que caiu após decolar de Manoel Urbano tinha capacidade para transportar no máximo quatro pessoas. Entretanto, seis passageiros e o piloto estavam dentro da aeronave no momento da queda. Além disso, o veículo, que seguia rumo a Santa Rosa do Purus, não tinha autorização para atuar como táxi aéreo.
O Registro Aeronáutico Brasileiro (RAB) da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aponta que o avião registrado como ‘PTJUN’ tinha registro para serviço aéreo privado, mas não poderia ser utilizado como táxi aéreo já que estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade (CVA) vencido desde o dia 1º de junho de 2019.
Avião de pequeno porte caiu em Manoel Urbano
O serviço de táxi aéreo consiste em transportar passageiros a curta distância, como é o caso destas viagens intermunicipais. Na ocasião, cada passageiro paga uma quantia pela passagem e, quando alcançar a quantidade máxima de pessoas na lotação, o voo sai rumo ao destino final. Como Santa Rosa do Purus é um dos municípios isolados do estado, os meios de acesso são apenas por barco ou avião.
O g1 questionou o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) se irão investigar as causas do acidente. Em nota, o órgão disse que os investigadores do Sétimo Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa VII), órgão regional do Cenipa, foram acionados para realizar a ‘Ação Inicial da ocorrência’ envolvendo a aeronave.
“Na Ação Inicial, são utilizadas técnicas específicas, conduzidas por pessoal qualificado e credenciado que realiza a coleta e a confirmação de dados, a preservação dos elementos da investigação, a verificação inicial de danos causados à aeronave, ou pela aeronave, e o levantamento de outras informações necessárias à investigação. A conclusão da investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”, complementou a nota.
De acordo com o governo do Acre, o avião caiu logo após a decolagem, a 1 quilômetro da cabeceira da pista de Manoel Urbano, e estava a caminho de Santa Rosa do Purus, distante 150 km do município onde ocorreu o acidente.
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