19 de setembro de 2024

Filho de tripulante que morreu em naufrágio no litoral de PE diz que pai pediu para família orar por ele: ‘Está muito pesado o navio’

Marcos Antônio Viana Coragem, de 58 anos, era assistente de máquinas da embarcação Concórdia, que afundou no domingo (15). Quatro pessoas morreram, uma está desaparecida e quatro sobreviveram. Filho de tripulante morto em naufrágio de navio diz que pai pediu para família orar por ele
O assistente de máquinas Marcos Antônio Viana Coragem, de 58 anos, foi um dos quatro tripulantes que morreram no naufrágio do navio Concórdia. Antes de viajar, Marcos pediu para a família orar por ele porque estava preocupado com a pesagem da carga na embarcação, afirmou o filho da vítima, Airton Coragem, em entrevista para a TV Globo (veja vídeo acima).
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O cargueiro tinha capacidade para transportar até 180 toneladas. No entanto, a empresa AGS Fretes Marítimos, dona da embarcação, negou que houvesse excesso de peso e disse que a carga do navio pesava cerca de 120 toneladas no momento do acidente (saiba mais abaixo).
“Ele [Marcos Antônio] falou com a minha mãe, que é cristã, feito a nossa família. Ele sempre pedia oração. Mas, dessa vez, estava preocupado. Ele disse: ‘Ora por mim, porque está feia a situação, está muito pesado o navio, está com excesso de carga. E ora por mim porque a gente está preocupado, está com medo'”, contou Airton.
O naufrágio aconteceu na noite do domingo (15), a cerca de 15 quilômetros da praia de Ponta de Pedras, em Goiana, no Litoral Norte de Pernambuco. Das nove pessoas que estavam no cargueiro, quatro morreram e outras quatro foram resgatadas com vida. Um tripulante segue desaparecido.
Na terça-feira (17), parentes das vítimas estiveram no Instituto de Medicina de Legal (IML), no bairro de Santo Amaro, no Centro do Recife, para reconhecer os corpos. De acordo com a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS), todos os corpos já foram reconhecidos e liberados.
Segundo Airton, Marcos Antônio trabalhou por mais de 30 anos com transporte marítimo de cargas e já tinha enfrentado outros dois naufrágios, sendo um deles em Fernando de Noronha. Até o momento, de acordo com Airton, a empresa não entrou em contato com a família.
“Eu que vou buscar saber deles. Eu que vou atrás. […] Antes vou ter que reconhecer o corpo do meu pai. Minha mãe está ali, meus irmãos… A gente está sem condição nenhuma… Triste, um absurdo”, declarou Airton.
Outra vítima identificada foi Marcos Antônio Ribeiro, de 67 anos. Ele era o chefe de máquinas do navio e morava na Paraíba, mas ia para Pernambuco nos dias de trabalho.
Empresa nega excesso de carga
Navio que naufragou em Pernambuco estava com carga menor que a capacidade, diz advogado
À TV Globo, o advogado Jadson Borges, que representa a empresa AGS Fretes Marítimos, dona da embarcação, negou que o Concórdia estivesse com excesso de carga (veja vídeo acima). Ele também disse que, segundo informações preliminares, o barco afundou devido a um defeito no leme. As causas do acidente são investigadas pela Marinha.
Bruna da Silva, esposa do comandante do Concórdia, Edriano Gomes de Miranda, afirmou que o marido mandou mensagens para ela falando sobre os problemas da embarcação enquanto o navio inclinava. Segundo ela, o leme do barco quebrou há um mês, o que deixou os tripulantes com medo.
Ainda de acordo com Bruna, o comandante acreditava estar sem condições de viajar por causa da quantidade de carga. Ao g1, o proprietário do Concórdia, Antônio Gonçalves, disse, na segunda-feira (16), que o navio “estava cheio”.
Problemas durante a viagem
Imagens mostram navio Concórdia pouco antes de afundar no litoral pernambucano
O navio Concórdia partiu do Recife no sábado (14) e seguia em direção a Fernando de Noronha, carregando alimentos e materiais de construção (veja vídeo acima).
Mozart Fonseca, um dos sobreviventes, contou que a equipe notou algo errado ainda durante a tarde, antes do naufrágio, que aconteceu no domingo (15). Ele contou que a embarcação começou a perder o controle nas imediações da Reserva de Acaú, em Goiana.
Depois que a carga afundou no mar, a tripulação decidiu voltar para a capital pernambucana. Foi nesse trajeto de retorno que a embarcação naufragou.
Os corpos de três tripulantes que morreram após o naufrágio foram encontrados a cerca de quatro quilômetros da costa, no início da tarde de segunda-feira (16). O corpo de um quarto tripulante também foi encontrado, mas não há informações sobre o local. Os nomes dos mortos não foram divulgados pela Marinha.
Sobreviventes
Os sobreviventes, que foram resgatados logo após o naufrágio pelo navio rebocador “Cormoran”, foram:
Edvaldo Baracho da Silva;
Marcelo Cláudio da Conceição Freitas;
Mozart Gomes da Fonseca;
Valcei Gomes da Costa.
Segundo a Marinha, eles foram atendidos por uma equipe médica em Goiana e, depois, encaminhados para o Recife. As idades deles não foram divulgadas.
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