12 de janeiro de 2025

10 dias após morte de Clarinha, quatro famílias têm parentesco descartado; Confira cronologia do caso

Enquanto os testes digitais estiverem sendo feitos, a expectativa é que o corpo de Clarinha permaneça no Departamento Médico Legal de Vitória por, pelo menos, 40 dias, antes de ser enterrada. Entenda a história da paciente misteriosa Clarinha, que ficou em coma por 24 anos
Dez dias após a morte de Clarinha, paciente sem identificação que ficou por quase 24 anos internada em coma em um hospital de Vitória, a polícia segue fazendo testes de comparação de digitais por documentos, localizados a partir de informações repassadas por famílias que buscam uma possível compatibilidade. De acordo com a Polícia Civil do Espírito Santo, oficialmente, nove famílias procuraram e enviaram informações de pessoas desaparecidas nos últimos dias.
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Até o momento, todas as famílias tiveram suas demandas atendidas. Quatro já receberam os laudos negativos, outras aguardam parecer da perícia. Enquanto os testes estiverem sendo feitos, a expectativa é que o corpo de Clarinha permaneça no Departamento Médico Legal de Vitória por, pelo menos, 40 dias, até ser liberada para ser enterrada.
Paciente Clarinha, que ficou por 24 internada em coma em Vitória, Espírito Santo
Ricardo Medeiros/Rede Gazeta
Nesta reportagem você vai ver:
Como Clarinha ficou em coma
Internação sem documentação
Como surgiu o nome Clarinha
Clarinha teve pelo menos um filho antes de acidente
Mais de 100 famílias tentaram comprovar parentesco
Criança desaparecida em Guarapari foi caso com maior chance de identificação
Como Clarinha morreu
Quem cuidou de Clarinha durante esses anos
Digitais completas colhidas pela 1ª vez
Exames de DNA
Quando será o enterro
Clarinha consegue direito a registro
Até esta sexta-feira (22), nenhum caso apresentado pelas famílias exigiu a marcação de um exame de DNA, porque todas as desaparecidas apontadas pelas famílias possuíam Registro Geral (RG), ou seja, eram passíveis de comparação por digitais. Se forem necessários, os exames genéticos (DNA) serão agendados para a próxima semana.
A Polícia Civil informou que está recebendo as demandas pelo número de WhatsApp (27) 3225 8260.
Nome da Clarinha no quadro de pacientes da enfermaria do HPM, em Vitória. Ela ficava no apartamento 3, cama 1. Espírito Santo.
Ricardo Medeiros
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Detalhamento sobre as nove famílias que buscaram a polícia
Um caso de Brasília – laudo negativo.
Um caso da Bahia – laudo negativo.
Um caso do Espírito Santo – laudo negativo.
Um caso do Paraná – aguardando prontuário da Polícia Civil do Paraná.
Um caso de Minas Gerais – aguardando prontuário da Polícia Civil de Minas Gerais.
Três casos de São Paulo – sendo um laudo negativo e outro aguarda envio do prontuário pela Polícia Civil de São Paulo. O terceiro caso, inicialmente, era de Minas Gerais, e a família disse que a Clarinha não teria tirado RG em vida, por isso seria enviada direto para DNA. Mas, posteriormente, foi informado que a mãe poderia ter feito RG no estado de São Paulo. Agora, a polícia capixaba aguarda também o envio do prontuário pela PC de São Paulo.
Um caso em que a polícia capixaba aguarda a família dar informações de registro da desaparecida.
Cronologia do caso
Como Clarinha ficou em coma
Clarinha foi atropelada no Dia dos Namorados, em 12 de junho de 2000, nas proximidades da Avenida Governador Bley, uma das mais movimentadas do Centro de Vitória. Não existem confirmações sobre o local exato do atropelamento e o veículo envolvido. A estimativa é que, em 2024, Clarinha tivesse entre 40 e 50 anos.
Internação sem documentação e coma
A mulher foi socorrida por uma ambulância do Serviço Atendimento Médico de Urgência (Samu) e levada para o Hospital Estadual São Lucas, também em Vitória. Chegou já em coma, devido ao trauma, e sem documentos. Um ano depois, foi transferida para o Hospital da Polícia Militar (HPM), onde permaneceu por quase 24 anos.
Como surgiu o nome Clarinha
Profissionais de saúde de hospital cuidando de Clarinha, que ficou por 24 anos internada em coma em Vitória, Espírito Santo
Arquivo/TV Gazeta
Clarinha foi transferida para o HPM em 27 de junho de 2001, com o encaminhamento do primeiro hospital, que descrevia apenas as sequelas da paciente sem identificação. Logo no primeiro dia, ganhou o apelido da nova equipe médica, que entendeu que seria necessário humanizar a forma de atendimento à vitima.
Clarinha teve pelo menos um filho antes de acidente
Desde o primeiro momento, a equipe médica teve esperança de encontrar algum parente ou até filho de Clarinha, já que ela tinha uma cicatriz de cesariana, mas isso não aconteceu. A cicatriz indicava que ela tinha pelo menos um filho antes do acidente.
Mais de 100 famílias tentaram comprovar parentesco
Ao longo dos 24 anos, mais de 100 famílias fizeram contato buscando informações e interessados em testar a compatibilidade com a Clarinha. O pico de procura aconteceu depois que o caso foi exibido no Fantástico, em 2016, e ganhou repercussão nacional. Nunca houve compatibilidade comprovada.
Um fato curioso é que, algumas dessas famílias que foram atrás de informações de Clarinha, acabaram reencontrando os reais parentes que buscavam graças aos exames de DNA que caíam no Banco Nacional de Perfis Genéticos.
Criança desaparecida em Guarapari foi caso com maior chance de identificação
O caso com maior chance de compatibilidade foi a de uma família que sofreu com o desaparecimento de uma criança de 1 ano e 9 meses, em 1976, em Guarapari.
Em 2021, um perito da Força Nacional de Segurança, que na época trabalhava em Cariacica, na Grande Vitória, fez uma avaliação visando semelhanças e possibilidades de identificação. Ele chegou a 80% de possibilidade de compatibilidade, mas o parentesco foi descartado pelo exame de DNA. Até hoje essa família também não encontrou a criança.
Como Clarinha morreu
Clarinha morreu na noite de quinta-feira (14). Ela passou mal, teve uma broncoaspiração e não resistiu. A paciente era saudável e não teve nenhuma doença em todos esses anos de internação. Essa foi a primeira intercorrência sofrida e que a levou à morte súbita.
Quem cuidou de Clarinha durante esses anos
Conheça o médico que cuidou da paciente Clarinha por 24 anos
Clarinha dependia inteiramente da observação da equipe. O coronel Jorge Potratz capitaneou os cuidados em todos os anos de internação no HPM, junto à equipe médica. Potratz custou por anos algumas necessidades da paciente, comprando produtos de higiene pessoal, como sabonetes, cremes e fraldas.
Digitais completas colhidas pela 1ª vez
Pela primeira vez, foram colhidas digitais completas de Clarinha para realização de comparações. Espírito Santo.
Divulgação/PCIES
Durante os 24 anos em que esteve internada, nunca foi possível colher digitais da paciente misteriosa. Entretanto, essa situação mudou dois dias após o óbito, quando peritos capixabas realizaram um procedimento pós-morte chamado “excisão da falange”, que permitiu o levantamento de digitais completas dos dois polegares.
Agora, as digitais de Clarinhas estão sendo comparadas com documentos de Registro Geral (RG) de familiares que buscaram a polícia devido a um suposto parentesco.
Exames de DNA
A expectativa da Polícia Civil do Espírito Santo é realizar exames de DNA na próxima semana, se surgir algum caso em que a comparação de digital não seja possível. Por enquanto, não há nenhum agendamento feito pela Polícia Civil.
Quando será o enterro
Não há previsão também de data para o enterro de Clarinha. Enquanto isso, o corpo da paciente não identificada deve permanecer por, pelo menos, 40 dias no Departamento Médico Legal (DML) de Vitória.
A decisão foi tomada pela Polícia Civil devido ao surgimento de novos possíveis familiares depois que a paciente faleceu. A ideia é que, com este prazo maior, exista chance de a mulher ser enterrada com a sua real identificação.
Clarinha consegue direito a registro
Um dia antes da morte de Clarinha, a Justiça do Espírito Santo autorizou o registro civil da mulher. Para especialistas, a autorização exclui a possibilidade dela ser enterrada como indigente. Isso significa que, se não houver a identificação da paciente nos próximos dias, um registro de nascimento e óbito será feito com o nome “Clarinha”, e ela será liberada para que o enterro seja realizado, provavelmente, pela equipe médica que se responsabiliza pelos cuidados da paciente enquanto esteve internada.
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