21 de setembro de 2024

Dia da Árvore: Piracicaba tem 210 espécies nativas, mas só 9% da mata natural segue preservada

Membro de grupo de pesquisas da USP aponta relação entre mudanças climáticas, queimadas e árvores: ‘são aliadas no momento que vivemos’. Imagem aérea de Piracicaba
Vagner Santos
O Brasil comemora, neste sábado (21), o Dia da Árvore. A data, criada como forma de conscientização quanto à importância do bem natural, ganha ainda mais relevância frente ao clima seco, à estiagem severa e às sucessivas ondas de calor enfrentadas no interior paulista – e com os eventos extremos cada vez mais comuns em todo o planeta.
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Piracicaba reúne quase 600 espécies vegetais, das quais 210 são árvores nativas, segundo Girlei Cunha, engenheiro florestal e membro do Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental (Nace-Pteca), grupo de pesquisa com sede no campus da Universidade de São Paulo (SP) em Piracicaba.
Apesar da diversidade, um levantamento do grupo indica que apenas 9% da mata nativa de Piracicaba ainda está de pé (veja mais detalhes aqui).
“As árvores e a vegetação são aliadas nesse momento de mudanças climáticas que vivemos”, afirma Cunha.
Mudanças climáticas
O especialista aponta que o clima seco e quente, que tem como uma das consequências a intensificação das queimadas, é resultado das mudanças climáticas enfrentadas pelo planeta.
Cunha afirma que as queimadas são uma questão complexa e que, uma das formas de mitigar os resultados das mudanças climáticas e do aquecimento global, é realizar ações de reflorestamento.
“A questão da arborização urbana e do plantio de florestas visa, entre outras coisas, diminuir o nível de CO² na atmosfera e também reduzir o aquecimento global, que é um dos causadores dessas ondas de calor que nós estamos enfrentando”, diz.
Engenheiro florestal Girlei Cunha, membro do Núcleo de Apoio à Cultura e Extensão Universitária em Educação e Conservação Ambiental
Rafael Bitencourt
600 vegetais e 210 espécies de árvores
O membro do grupo de pesquisas da USP aponta que existem atualmente, em Piracicaba, quase 600 espécies nativas de vegetais, das quais 210 são espécies de árvores, tanto da Mata Atlântica como do Cerrado.
“Estamos em uma região de transição entre dois biomas, a Mata Atlântica e o Cerrado, e contamos com quase 600 espécies de vegetais, sendo que 210 espécies são árvores, e árvores nativas da nossa região, que merecem ser cultivadas, porque, cada uma delas desempenha um serviço ambiental”, diz.
De acordo com o especialista, as árvores mantêm vínculos com insetos, microrganismos, pássaros e mamíferos, que utilizam as suas sombras, frutos, folhas, flores e até mesmo suas raízes.
“Essa vegetação é uma aliada indispensável e estratégica para pensarmos como sociedade, em como nos adaptarmos a situação que vivemos e como melhorar pensando no longo prazo, não apenas em anos, mas décadas ou mesmo séculos”, defende.
Espécies comuns
O especialista aponta cinco espécies de árvores muito comuns em Piracicaba e região, que são nativas da Mata Atlântica.
Jequitibá-branco
Guarantã
Jatobá
Jerivá
Guabiroba
Equipe do Corredor Caipira na vegetação
Jessica Lane
9% de mata nativa em Piracicaba
Um dos projetos realizados pelo Nace-Pteca, o “Corredor Caipira”, fez um levantamento de quanto resta de mata nativa na região onde atua. Em Piracicaba, foi registrado o menor índice, de 9% (12 mil hectares).
Em outros municípios, os índices foram um pouco maior, mais ainda considerados preocupantes por especialistas:
São Pedro e Águas de São Pedro – 16,5% (10,5 mil hectares)
Santa Maria da Serra – 15% (4 mil hectares)
Anhembi – 18,5% (13,5 mil hectares)
Indispensável para a sociedade
Para Girlei Cunha, para diminuir os índices, além de realizar ações de reflorestamento e de educação ambiental, é preciso pensar a longo prazo e considerar que as ações que a sociedade realiza no presente terão repercussões no futuro.
“Essa repercussão pode ser positiva e negativa. E quando a gente fala em vegetação, conservação de natureza, plantio de árvores, plantio de florestas, restauração florestal, a gente está jogando para o futuro algo positivo, algo que é indispensável para a nossa sociedade atual e, mais ainda, para as gerações futuras”, completa o engenheiro florestal.
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