23 de setembro de 2024

MP denuncia 20 pessoas por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa após força-tarefa contra esquema entre traficantes e policiais civis

Polícia Federal, Ministério Público e Corregedoria da Polícia Civil realizaram a ‘Operação Face Off’ no dia 3 de setembro em São Paulo e Arujá; dois policiais foram presos após investigação apontar que cobraram dinheiro de criminosos. Operação da Polícia Federal mira policiais corruptos em São Paulo.
Divulgação/PF
O Ministério Público, através do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), denunciou à Justiça 20 investigados da operação “Face Off” por organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro. Quatro deles estão presos preventivamente.
A operação foi uma força-tarefa da Polícia Federal e do Ministério Público realizada no dia 3 de setembro em São Paulo e Região Metropolitana.
O objetivo foi reprimir um esquema envolvendo narcotraficantes internacionais e policiais civis após investigações apontarem que agentes cobraram R$ 800 mil de propina de traficantes de drogas para não os investigar em novembro de 2020 (saiba mais abaixo).
Em nota divulgada nesta segunda-feira (23), o MP afirmou que quer, após observadas as responsabilidades de cada um dos investigados no cometimento de cada tipo de delito, “que os denunciados sejam condenados pelos crimes de organização criminosa, corrupção ativa e passiva, usura e lavagem de capitais, bem como que suportem reparação do dano material e moral coletivo no montante mínimo de R$ 7,5 milhões”.
Ao todo, a Justiça decretou as prisões preventivas de quatro envolvidos no esquema criminoso. Dois investigadores da Polícia Civil foram presos pelas autoridades em São Paulo, na capital, e em Arujá, na região metropolitana no dia 3 de setembro.
Outras duas pessoas também tiveram mandados de prisões expedidos contra elas, mas já estavam presas em unidades prisionais por causa de outros crimes que cometeram.
Força-tarefa
Agente da PF durante busca e a apreensão em operação contra policiais civis investigados por corrupção e lavagem de dinheiro
Divulgação/PF
Participaram da “Operação Face Off” a Força Tarefa de Combate ao Crime Organizado (Ficco), o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, com o apoio da Corregedoria da Polícia Civil de São Paulo.
Além dos mandados de prisões, foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão no estado.
A Justiça também determinou o “sequestro de bens imóveis e veículos, assim como o bloqueio de valores em contas bancárias das pessoas físicas e jurídicas investigadas pelas práticas criminosas supracitadas.”
Como funcionava o esquema
Nas investigações, foi apurado que dois narcotraficantes, vinculados a uma organização criminosa responsável pelo envio de diversas cargas de cocaína ao exterior, principalmente à Europa, pagaram propina a investigadores da Polícia Civil no valor de R$ 800 mil, em novembro de 2020, para que eles interrompessem a investigação contra os criminosos.
De acordo com a operação, os policiais receberam ainda pagamentos mensais, de valores ainda não determinados, ao menos até o primeiro semestre de 2021.
O pagamento da propina, que foi intermediado por advogados dos narcotraficantes, resultou à época no arquivamento de uma investigação contra os traficantes que estava sendo feita no Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc). A delegacia apurava a atuação da organização criminosa no tráfico internacional de drogas.
No inquérito policial também é apurado o crime de lavagem de dinheiro cometido pelos narcotraficantes, pelos policiais civis investigados e pessoas ligadas a eles.
Policiais federais participam de operação para prender policiais civis investigados por corrupção e lavagem de dinheiro em São Paulo
Divulgação/PF
São investigados ainda os crimes de ocultação e a dissimulação de bens e valores de origem ilícita, bem como a prática de outros crimes antecedentes, além dos delitos de corrupção ativa e passiva, a exemplo do tráfico ilícito de drogas e de crime contra a economia popular.
A Justiça determinou o sequestro e bloqueio de valores em contas bancárias até o limite de R$ 15 milhões. Também serão apreendidos veículos de todos os investigados, avaliados em R$ 2,1 milhões, e imóveis, estimados em R$ 8 milhões.
A Ficco é composta atualmente pela Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria da Segurança Pública (SSP), Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) e Secretaria Nacional de Políticas Penais.
A denominação da operação remete a um filme norte americano, do ano de 1997, em que um policial e um criminoso “trocam de rosto”.

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