24 de setembro de 2024

Pesquisa inédita de hospital de Porto Alegre pode ajudar a salvar vidas de jogadores de futebol com problemas no coração

O Hospital de Clínicas de Porto Alegre e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul analisaram a saúde do coração de atletas de 82 clubes das principais divisões do país. Pesquisa inédita de hospital de Porto Alegre pode ajudar a salvar vidas de jogadores de futebol com problemas no coração
Reprodução/TV Globo
Um hospital de Porto Alegre realizou uma pesquisa inédita no mundo que pode ajudar a salvar vidas de jogadores de futebol com problemas no coração.
Allan Vieira foi jogador profissional de futebol por onze anos. Chegou a jogar a Série A pelo Santa Cruz em 2016, mas precisou interromper a carreira aos 31 anos, quando exames detectaram uma alteração no ventrículo esquerdo do coração dele.
“Foi um baque. Foi um baque muito… Foi muito doloroso assim para mim”, conta.
Allan Vieira foi jogador profissional de futebol por onze anos
Reprodução/TV Globo
O Allan foi um dos mais de 6 mil atletas que participaram de uma pesquisa inédita no Brasil. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul analisaram a saúde do coração de atletas de 82 clubes das principais divisões do país: 3% dos jogadores apresentaram batimentos cardíacos anormais ao serem submetidos a um exame de rotina chamado eletrocardiograma. O próximo passo, nesses casos, seria realizar um outro exame, o ecocardiograma.
“Essa alteração em especial, todos os atletas fizeram o eletrocardiograma. E, para a nossa surpresa, alguns deles que fizeram o eletrocardiograma e que tinham o eletro com essa anormalidade, tinham o ecocardiograma normal”, diz Ricardo Stein, médico cardiologista do Hospital de Clínicas.
Foi o caso do Allan. Depois de passar por um eletrocardiograma com um resultado anormal, ele fez um ecocardiograma, que apresentou uma resposta satisfatória. Só o exame de ressonância mostrou um problema no coração.
“Nós vimos que o ecocardiograma era feito de rotina, mas que, em alguns casos, o ecocardiograma sendo normal, se parava por aí. E nós identificamos que a ressonância deve ser feita quando dessas alterações identificadas, e esse é um grande achado desse estudo”, conta Ricardo Stein.
“Ter esse cuidado maior depende muito das estruturas dos clubes. Eu já poderia ter descoberto esse problema bem antes”, diz Allan Vieira.
Pesquisa inédita de hospital de Porto Alegre pode ajudar a salvar vidas de jogadores de futebol com problemas no coração
Reprodução/TV Globo
“A ressonância é um belíssimo exame, mas é um exame mais sofisticado, que não deve ser feito para todo mundo e, sim, em casos específicos como esse que a gente está conversando a respeito”, afirma o cardiologista Ricardo Stein.
Exame de ressonância
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Os pesquisadores ressaltam que situações como a do zagueiro Izquierdo, do Nacional do Uruguai, que morreu cinco dias depois de ter um mal súbito durante a partida contra o São Paulo, pela Libertadores, são extremamente raras e que a atividade física é recomendada para todos.
“O exercício, o esporte é salvador de vida. O ruim é ficar sedentário”, afirma Ricardo Stein.
Hoje, com 34 anos, o Allan é professor de futebol. Passa para frente os conhecimentos e a experiência dos tempos de atleta profissional e continua jogando de forma recreativa – com os exames em dia e aval médico.
“Jogo futsal, jogo campo, jogo fut sete… Viajo bastante também. É onde eu vou conseguindo tirar uma renda para casa e, graças a Deus, continuo fazendo o que mais amo, que é jogar futebol”, diz Allan Vieira.
Eletrocardiograma
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