24 de setembro de 2024

Brasileiros estão usando menos os transportes coletivos, aponta levantamento

As queixas mais comuns de quem usa o transporte coletivo são a falta de conforto, de horários e rotas flexíveis e de viagens mais rápidas. Brasileiros estão usando menos os transportes coletivos, aponta pesquisa da CNT
Segundo a Confederação Nacional do Transporte, os brasileiros estão usando menos os transportes coletivos.
Se render ao cansaço parece ser o único caminho de quem perde horas saindo de um lugar para chegar em outro. Acordar antes do sol para passar o dia no outro lado da cidade é a realidade de muitos, como Maria do Carmo da Silva, líder de serviços gerais.
“Eu entro no meu trabalho 8h. Eu saio de casa 4h30, pego 5h para não pegar trânsito, para não chegar atrasada”, conta.
“É o ônibus cheio. Muito cheio mesmo. Aí demora mais um tempo até chegar em casa. O ônibus lotado, com gente empurrando para lá e para cá. Isso é o que mais pesa”, diz o ajudante de cozinha Thales Vinícius de Assis Araújo.
Faltam conforto, horários e rotas mais flexíveis, viagens mais rápidas. Essas são queixas recorrentes de quem usa o transporte coletivo. E, de fato, foram comprovadas por pesquisadores que decidiram ir a campo. O que eles notaram é que esse tipo de transporte vem perdendo espaço nos deslocamentos do dia a dia. É a forma de se locomover pelas cidades brasileiras indo em outra direção.
Sete anos atrás, quase metade de todas as viagens era feita por transporte coletivo. Hoje, 31%. Já os veículos individuais aceleraram de 5 para quase 7 de cada 10 viagens. Nesse tempo, mais gente comprou carro e moto, e a participação dos serviços por aplicativo cresceu onze vezes.
Pela secretária Fernanda Lima da Silva, o ônibus passa e não para mais. Ela conseguiu mudar para um emprego mais perto de casa e não fica mais cinco horas por dia no vai e vem. Ela usa carro por aplicativo.
“Se tivesse mais ônibus, ele demoraria menos tempo para passar. Então, eu usaria, sim, até para economizar”, diz.
A escolha pelo transporte individual tem um outro custo: o ambiental. A maior parte do gás carbônico emitido no trânsito vem dos carros.
“Por passageiro, o ônibus emite muito menos do que emitiria um carro, que também é um veículo pesado, transportando apenas uma ou duas pessoas”, afirma Felipe Barcellos, pesquisador do Instituto de Energia e Meio Ambiente.
Nas grandes cidades, a saída é aumentar oferta, qualidade e sustentabilidade do transporte público.
“Evitar as viagens motorizadas, fazendo com que as pessoas possam morar mais próximas das oportunidades de trabalho, de educação, lazer e outros. Mudar as viagens, fazendo com que as pessoas que hoje utilizam o transporte individual motorizado, o carro, possam usar mais o ônibus, o metrô, o trem. E, por fim, melhorar as viagens”, diz Felipe Barcellos.
“Parte da população que deixou de utilizar o ônibus nos últimos anos se dispõe a voltar a utilizar, desde que eles tenham um serviço mais pontual, um serviço mais confiável, sobretudo com aumento de linhas nas áreas mais periféricas”, afirma Bruno Batista, diretor-executivo da Confederação Nacional do Transporte.
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