25 de setembro de 2024

Embaixada começa a colher dados de brasileiros no Líbano para possível repatriação

Itamaraty criou formulário para brasileiros e parentes próximos que estão no Líbano e querem apoio consular. Israel intensificou ataques no sul do Líbano em ofensiva contra o Hezbollah. Israel ataca alvos no Líbano
Rabih Daher/AFP
O governo brasileiro começou a reunir nesta terça-feira (24) dados de brasileiros e parentes de primeiro grau que estão no Líbano, seja como turistas ou como residentes, e desejam receber “apoio do governo”.
A medida foi tomada após as forças militares de Israel intensificarem os bombardeios na região sul do Líbano, em uma ofensiva contra o grupo extremista Hezbollah.
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O formulário disponibilizado pela Embaixada do Brasil no Líbano não fala expressamente que haverá uma operação para repatriar os brasileiros – mas indica, em diversos momentos, que os dados podem ser usados nesse sentido.
O Itamaraty faz as seguintes perguntas aos brasileiros no Líbano:
Nome e sobrenome (igual ao passaporte)
Data de nascimento
Turista ou residente? (e se a situação migratória está regular)
Possui outra nacionalidade, além da brasileira?
Caso possua outra(s) nacionalidade(s), liste-a(s) abaixo
Tem passagem aérea em voo comercial de partida do Líbano?
Já fez uso de voo de repatriação anteriormente?
No fim de 2023, o governo brasileiro repatriou mais de 1,4 mil cidadãos que moravam em Israel e na Faixa de Gaza, após a escalada do conflito na região.
A guerra começou em 7 de outubro de 2023, quando o grupo islâmico extremista Hamas – que controla áreas na Faixa de Gaza – atacou alvos em Israel por ar e por terra, sequestrando e matando centenas de israelenses e deixando outros milhares feridos.
Desde então, a região passa por uma nova escalada de conflitos. O sul do Líbano faz fronteira com o norte de Israel, mas as tensões têm afetado voos e a rotina dos moradores inclusive na capital Beirute, na região central do Líbano. Voos foram cancelados nesta terça.
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Orientações aos brasileiros no Líbano
Ao g1, membros do Itamaraty informaram que a embaixada está em contato com a comunidade brasileira no país e que o ministério está preparado para diferentes cenários, inclusive para o agravamento da situação.
Desde o início de agosto, o portal consular está desencorajando viagens ao país – e recomenda que os cidadãos brasileiros residentes ou em trânsito no Líbano deixem o país.
Veja as orientações dadas pelo Itamaraty:
Se você não estiver no Líbano, não viaje para o país.
A Embaixada recomenda que os cidadãos brasileiros residentes ou em trânsito no Líbano deixem o país, por meios próprios, até que o país retorne à normalidade.
Para cidadãos brasileiros que decidirem permanecer no Líbano, não permaneçam no sul do país, em áreas de fronteira ou em outras áreas de risco reconhecidas.
Siga as recomendações de segurança das autoridades locais, com atenção às áreas consideradas de risco.
Reforçar as medidas de precaução, especialmente no sul do Líbano, nas áreas de fronteira ou em outras áreas de risco reconhecido.
Não participe de reuniões e protestos.
Verifique se o seu passaporte tem pelo menos seis (6) meses de validade.
Certifique-se de ter um documento de nacionalidade brasileira (como certidão de nascimento) e/ou uma carteira de identidade brasileira ou libanesa válida.
Brasil fez resgate no Líbano em 2006
O governo brasileiro, durante o primeiro mandato do presidente Lula, já realizou uma operação de resgate no Líbano em 2006. Na ocasião, o país também havia sofrido ataques de Israel. O Itamaraty, na época, organizou resgates de mais de 800 brasileiros, pelo Líbano e pela Síria.
O Itamaraty estuda a situação com o novo cenário de segurança na região, e avalia o cenário como complexo. “Caso seja necessário, saberemos adaptar a operação a essas circunstâncias mais difíceis de hoje em dia”, avaliou um diplomata envolvido nas conversas, ainda em estágio de preparo. “É cedo para dizer se precisaremos agir, mas temos de estar preparados”, completou.
No fim do ano passado, mais de 1.500 brasileiros foram repatriados da zona de conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, especialmente quem estava na Faixa de Gaza. Foram 11 voos coordenados pelo governo brasileiros.
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