24 de setembro de 2024

Candidata e jornalista que sofreu atentado durante campanha já foi sequestrada; entenda

Em 2006, Thaís Margarido (União Brasil) ficou na mira de bandidos por horas quando não tinha um cargo político. No último domingo (22), o carro dela foi alvo de tiros em Guarujá. Thaís Margarido tinha sido sequestrada quando era apresentadora de um telejornal.
Reprodução
Thaís Margarido (União Brasil), a jornalista e candidata à Prefeitura de Guarujá (SP) que sofreu uma tentativa de homicídio após uma caminhada de agenda eleitoral, já tinha sido vítima da criminalidade há quase 20 anos, quando não tinha ligação com a administração pública. Ela foi sequestrada quando era apresentadora de um telejornal e estava chegando para trabalhar em São Vicente.
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A tentativa de homicídio contra a candidata ocorreu no bairro Santa Cruz dos Navegantes, por volta das 18h30 de domingo (22). Em nota, a assessoria da candidata afirmou que ela havia participado de uma caminhada eleitoral na cidade e o carro foi atingido por quatro tiros em uma área de mata na estrada.
A assessora, que conduzia o veículo, conseguiu acelerar e escapar. Além das duas, a filha de Thais, de 8 anos, e a filha de um candidato a vereador, de 10, também estavam no veículo. Ninguém ficou ferido. Não há informações sobre os suspeitos.
Após o caso, a candidata e a assessora dela prestaram depoimento na Delegacia Sede de Guarujá. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) informou que a Polícia Civil investiga a tentativa de homicídio. “O carro foi apreendido e passará por perícia”, disse a SSP-SP
Thaís Margarido sofreu tentativa de homicídio em Guarujá (SP)
Reprodução/Instagram e Marcela Damore/TV Tribuna
Sequestro
Conforme apurado pelo g1 nesta terça-feira (24), o atentado não foi o primeiro crime pelo qual Thaís foi vítima. Em julho de 2006, ela foi sequestrada por dois menores de idade armados.
Na época, Thaís trabalhava como apresentadora de um telejornal matinal da TVB, afiliada do SBT na Baixada Santista. Ela chegava para trabalhar na redação, por volta de 7h, quando foi abordada pelos criminosos.
Segundo a assessoria da candidata, Thaís permaneceu sob a custódia dos sequestradores por aproximadamente cinco horas. Durante o trajeto, o carro em que ela foi mantida refém passou por Cubatão para abastecer e seguiu em direção a São Paulo.
Após mobilização policial, Thaís foi liberada na Rodovia dos Imigrantes, já na capital paulista. Ainda segundo a assessoria da candidata, uma quadrilha liderada por menores e composta por apenas dois maiores foi detida na semana seguinte ao crime.
Investigação
A Polícia Civil trabalha com diferentes linhas de investigação sobre a tentativa de homicídio contra a candidata. Segundo o delegado Antônio Sucupira Neto, não está descartada a possibilidade de crime eleitoral.
De acordo com o delegado, a Polícia Civil analisa as possibilidades de um crime contra a candidatura de Thaís ou direcionado à mulher como “pessoa física”. A resposta será divulgada na conclusão das investigações, ainda segundo ele.
Thaís Margarido (à esq.) teve o carro baleado após cumprir agenda de campanha em Guarujá (SP)
Jorge Moura/TV Tribuna e Marcela Damore/TV Tribuna
Sucupira Neto também citou a chance de um “crime de oportunidade”, por conta da área onde ocorreu. “O veículo estava passando em um local com pouca movimentação. Então, poderia se tratar de uma tentativa de roubo”, disse ele, entrevista à TV Tribuna, emissora afiliada da Globo.
Por fim, o delegado afirmou que investigadores da Polícia Civil foram ao local, na segunda-feira (23), em busca de provas que poderão indicar tanto a autoria quanto a motivação do crime.
Candidata
Thaís Margarido rebateu as acusações de que teria forjado a tentativa de homicídio para ganhar destaque durante as eleições. Em entrevista à TV Tribuna, a candidata citou “falta de humanidade” por parte das pessoas que fizeram as críticas.
“Como vou colocar em risco a minha filha de oito anos, que nunca vai comigo para a campanha? Foi só naquele dia”, desabafou Thaís. “É inadmissível alguém pensar que eu teria forjado um atentado para ganhar notoriedade em plena campanha eleitoral”.
A candidata também disse que a filha mal conseguiu descansar durante a noite após o ocorrido. “Ela dormia e acordava assustada com os barulhos dos estampidos”.
Antes do crime
Candidata a prefeita alvo de atentado publicou vídeos momentos antes
Thaís publicou vídeos nas redes sociais momentos antes do atentado. Nas imagens, ela aparece fazendo uma oração com moradores e desfilando pelas ruas do bairro, onde mais tarde teve o carro baleado. Thaís também havia publicado um vídeo respondendo como enfrentaria a criminalidade (assista acima).
Antes de ter o carro atingido por criminosos, Thaís havia publicado um vídeo no Instagram respondendo a uma mensagem enviada na rede social sobre a candidatura dela: “Lugar de mulher não é na política, como você pode nos convencer que é competente para lidar com a criminalidade sendo mulher?”. Na resposta, Thaís disse que as mulheres devem ocupar o lugar onde queiram estar e se considera preparada para assumir o governo municipal.
Ainda antes do atentado, a candidata havia usado os stories para publicar imagens da agenda eleitoral no bairro Santa Cruz dos Navegantes, região onde ocorreu o ataque. Em um dos vídeos, ela aparece com o microfone na mão, liderando uma caminhada com apoiadores no bairro.
Em seguida, ela publicou um momento de oração dentro de uma casa com dois moradores, colocando a mão no ombro de uma mulher que estava sentada. “Não existe algo mais forte que uma oração com fé”, escreveu.
Thaís Margarido publicou vídeos momentos antes de atentado em Guarujá (SP)
Reprodução/Instagram
Candidatura
Por meio de nota, Thaís Margarido reafirmou o compromisso com a candidatura. No texto, a jornalista afirmou ter passado por um dia “muito especial” no bairro Santa Cruz antes do crime.
“As pessoas animadas, compartilhando ideias comigo. Nunca imaginei que poderia encerrar o domingo assim. Com a fé que tenho no meu Deus, eu não acredito que queriam me matar, mas me assustar”, afirmou Thaís.
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