25 de setembro de 2024

Setembro amarelo: após perder filho, mãe ressignifica dor e cria ONG para acolher pessoas com depressão na periferia

Organização completou dois anos em 2024 e soma 250 atendidos. Nádia, criadora da ONG, com seu filho Gabriel
Arquivo Pessoal
Nádia Kelly Nunes da Silva, de 43 anos, conhece a dor de perder um filho. Em setembro de 2021, ela viu Gabriel perder a vida para a depressão aos 21 anos. Porém, apesar da tristeza, a mãe decidiu transformar a dor em missão.
Um ano depois da partida do jovem, Nádia fundou a Organização Não Governamental (ONG) Gabriel em setembro de 2022, em Campinas (SP), sob a motivação de “lutar para que essa doença possa ser olhada de uma forma mais empática”.
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Mãe de quatro filhos, Nádia hoje trabalha na tentativa de alcançar comunidades periféricas, para que todos, independentemente da classe social, possam receber ajuda. “Não posso aceitar que outras mães, outras avós, irmãos, namoradas, passem por essa dor”, diz.
O mês de setembro, conhecido como Setembro Amarelo, é utilizado por entidades brasileiras para a conscientização sobre o tema. Em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) instituiu o dia 10 de setembro para ser o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio.
Ação e prevenção 🤍
Mesmo com poucos recursos, Nádia acredita que o maior legado da organização é o acolhimento. Segundo ela, a ONG atua com o objetivo de falar sobre a depressão abertamente e, com isso, ajudar quem a enfrenta.
“Nossa missão é acolher. Acolher quem está sofrendo, quem perdeu alguém. Falar sobre essa doença de forma que ajude e faça a diferença. E, acima de tudo, lutar para que ela seja vista com mais seriedade”, explica.
A entidade completou três anos no dia 3 de setembro e soma 250 pacientes atendidos. Há também 42 voluntários em nove setores diferentes. De lá para cá, os profissionais voluntários também já realizaram 575 sessões de psicoterapia.
Atividades
Nádia criou a ONG Gabriel em setembro de 2022
Tamires Tarallo Pisciotta
Nádia conta que a ONG realiza eventos, como palestras, e conta atualmente com uma equipe diversificada, com psicólogo, assistente social e profissionais de marketing, que se uniram com o compromisso de oferecer suporte emocional e educacional à comunidade.
Com a equipe, os trabalhos da ONG vão além do apoio psicoterapêutico. O grupo também atua como uma ponte com outras formas de assistência, com atividades diversas, além de uma frente educativa que leva esclarecimento à comunidade.
Vale destacar que o projeto não faz atendimentos emergenciais, nem presenciais. O trabalho tem como foco a prevenção. Por isso, para alguns casos, os atendidos são orientados a procurar o Centro de Valorização da Vida (CVV).
ONG de Campinas realiza ações em prevenção ao suicídio
Júnior Eventos
O assistente social Danilo Santos explica que o local conta com programas educacionais que promovem uma compreensão mais ampla sobre saúde mental e prevenção ao suicídio na comunidade.
Há workshops escolares, capacitação de professores, palestras comunitárias, material educativo online, grupos de discussões e campanhas de sensibilização.
Como ser atendido?
As pessoas que se interessam em se tornar uma “semente”, apelido carinhoso dado a quem participa do projeto, precisam passar pelo assistente social. São realizadas algumas etapas para entender o perfil de cada um.
“Temos como grande desafio atender a populações vulneráveis, que enfrentam desigualdades socioeconômicas. Por isso, buscamos orientar a população referente a seus direitos no que compele os benefícios socioassistenciais aos quais ela pode ter direito”, conta Danilo, assistente social da ONG Gabriel.
As dúvidas são esclarecidas por ele, que fornece as principais informações sobre os serviços que são oferecidos. Além disso, também são feitas entrevistas e avaliações da situação socioeconômica dos interessados.
Sementes plantadas 🌻
A ONG Gabriel vem desempenhando promoção da saúde mental e prevenção ao suicídio e depressão, oferecendo suporte emocional, educacional e comunitário para aqueles que mais precisam.
A abordagem da organização é, segundo os responsáveis, centrada na pessoa e inclusiva, para construir uma comunidade mais saudável e consciente, onde o bem-estar mental possa ser valorizado.
Kauane Gabrielle, de 20 anos, é uma das atendidas pela organização. Ela conheceu o projeto por meio de uma amiga da família e conta como teve a vida transformada pelo apoio recebido.
“Eu não teria condições de bancar uma sessão de terapia”, conta a jovem. “Para mim, foi algo que transformou não só a minha vida, mas das pessoas que convivem comigo”.
ONG Gabriel realiza palestras para prevenção do suicídio
Júnior Eventos
*Sob a supervisão de Yasmin Castro.
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